Mundo invertido

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Meredith

Os dias se passaram sem que eu e DeLucca trocássemos uma palavra desde o fatídico dia do surto, eu estava triste e magoada pelas palavras dele, ainda o amava, mas aprendi a não correr atrás de ninguém, pois tudo o que é seu um dia vai aparecer e chegar até você e se não for temos que deixar seguir o seu curso natural.

Eu tinha acabado de sair de uma cirurgia, era uma Laparotomia Exploratória, havia realizado com sucesso e me senti bem comigo mesma. Sempre me sentia mais viva quando estava na sala de cirurgia, e me sentia melhor ainda depois, quando elas eram bem sucedidas.

Estava caminhando para o refeitório quando vi Andrew e Carina saírem da sala da Bailey. Andrew andou de pressa e Carina continuou parada na porta dela e ficou quieta por alguns segundos. Me aproximei lentamente para escutar a conversa e parei em frente ao quadro clínico e fingi estar concentrada olhando para o mesmo.

- Muito obrigada por tudo doutora Bailey, as experiências que tive aqui foram únicas e pude aprender muito com vocês – Disse Carina um pouco chorosa

- Eu sinto muito que você tenha que sair, mas logo logo encontrará um emprego no lugar que vocês irão!

- Obrigada!

Ambas se abraçaram e Carina seguiu o mesmo caminho de Andrew. Esperei ela se afastar o suficiente e me aproximei de Bailey.

- Bailey você os despediu? - perguntei triste e com um ar curioso.

- E desde quando é da sua conta Grey? Ora faça-me o favor!

- Mesmo você sendo minha chefe, ainda sou a sua chefe – eu disse rindo.

- Mas que petulância! - me deu um tapinha rindo e voltou a falar- Andrew está com os mesmos sintomas da doença do pai, já era esperado né. E tenho certeza que você já desconfiava, mas ele não queria admitir. Carina o convenceu a fazer alguns exames, eles vão voltar para a Itália, ela acha que deve dar apoio ao irmão e por isso tomou a decisão de ir junto com ele. Andrew já iria ser transferido para o programa de outro hospital, então acharam melhor seguir por esse caminho.

Ele havia decidido ir embora e pelo visto não iria nem se despedir. Abaixei a cabeça e por alguns segundos pensei em tudo o que eu e DeLucca vivemos. Bailey me olhou como se soubesse o que estava pensando, passou a mão em minhas costas e saiu sem dizer nada. Comecei a andar e fui direto para o vestiário dos internos na esperança de encontrá-lo lá e por sorte ou azar eu o encontrei.

- Então você vai embora? - perguntei me aproximando dele

- Eu acho que não é da sua conta! - disse ele ríspido.

- Andrew por que está me tratando assim? O que eu fiz?

Ele passa a mão nos cabelos e abaixa a cabeça pensativo.

- Olha Mer, me desculpe, eu não estou nos meus melhores dias. Você não fez nada, eu só sou muito babaca de te tratar assim. Mas enfim, é isso, eu estou indo embora hoje, na verdade agora para ser mais exato e eu não iria me despedir de você por ser doloroso, mas eu acho que é melhor assim, tanto para você quanto pra mim.

- Não diga o que é melhor pra mim, você não sabe poxa!

-Mer, eu já tomei a minha decisão, vai ser melhor. Eu vou fazer alguns exames e ficar perto da minha família.

Abaixei a cabeça e permiti que as lágrimas descessem. Ele me abraçou forte e ficamos ali em pé. Pude sentir as lágrimas dele molhando minha roupa, mas sentir isso foi pior. Eu já estava acostumada com perdas, se tornou rotineiro em minha vida. Tive mais perdas do que ganhos, mas sempre me reerguia e continuava seguindo em frente. Só que suportar duas perdas em um curto espaço de tempo era horrível. 

Sem SaídaOnde histórias criam vida. Descubra agora