Sem Saída

Como disse?

Como disse?

Meredith

Estava de plantão no hospital laudando alguns exames, mas a minha cabeça estava um pouco longe. A manhã de ontem não havia sido muito legal com a visita da Sra. Montgomery, mas Addison fez questão de tornar o dia mais leve, ainda mais por causa da despedida de Cristina. É engraçado como ela fez tudo em tão pouco tempo. Já não vejo a minha vida em ela e o Henry, os dois me completam. Fui tirada dos meus pensamentos por Callie.

- Então conheceu a verdadeira Satã Montgomery né? - ela perguntou parando ao meu lado e se apoiando no balcão.

- Conheci e não foi nada agradável se quer saber! - suspirei.

- Addie me contou, ela está morrendo de vergonha pela mãe, mesmo não deixando transparecer.

- A culpa não foi dela, eu nunca a culparia por isso!

- Eu sei, ela sabe, mas é a mãe dela né. Fez vergonha perante a ti!

- Tinha que ver como a mulher falava, pqp meu sangue fervia a cada palavra dela!

- Imagino amiga!

Fomos bipadas para a emergência e nos dirigimos para lá rapidamente. Ocorreu um engavetamento em uma das vias principais e eu comecei a ajudar onde era necessário. Vítimas não paravam de chegar e estávamos todos enrolados tentando prestar atendimento a todos. Horas depois a situação se normalizou e quando finalmente achei que poderia respirar fui chamada na recepção. Caminhei até lá apressadamente e quando cheguei a recepcionista informou que aquela senhora queria falar comigo. Olhei para a direção que a mesma indicava e fiquei sem entender porque Bizzy estaria ali.

Me aproximei dela e a cumprimentei.

- Sra. Montgomery!

- Por favor me chame de Bizzy... – disse ela se levantando. - Eu gostaria de falar com você uns minutinhos. Sei que é bastante ocupada e eu não quero tomar o seu tempo.

- Pois não? - estava curiosa.

- Primeiramente eu gostaria de me desculpar pelo mal entendido de ontem. Eu não deveria ter lhe tratado daquela forma. Eu prezo muito pela educação, mas tive um choque saber que a Addison estava namorando uma mulher. Ela nunca deu indícios de tais coisas.

- Tudo bem, eu entendo. Confesso que não esperava aquela atitude, ainda mais da mãe da minha namorada, mas eu entendo a sua reação. Eu passei alguns dias em negação até descobrir o que realmente eu sentia pela sua filha. Eu sempre me relacionei com homens e quando descobri o que eu sentia pela Addison foi uma confusão imensa em minha cabeça. - eu disse.

- Srta Grey...

- Meredith, por favor! - eu dei um sorrisinho.

- Ok...Meredith... Então, eu conheço a minha filha e sei que ela faz coisas para chamar a atenção ou coisa do tipo. Você acha mesmo que a Addison te ama e que isso vai durar?

- Bizzy, eu já sofri muito em relacionamentos e aprendi a distinguir palavras das ações. A sua filha demonstra que me ama e eu também. Temos uma cumplicidade única que seria difícil explicar para a senhora. - eu a encarei.

- Quanto quer? - ela perguntou.

- Como disse? - perguntei sem entender.

- Quanto quer para se afastar da minha filha? Addison só está brincando com você e eu quero evitar escândalos maiores envolvendo a Fundação Forbes. - disse ela mexendo em sua bolsa e sacando um talão de cheques.

Eu estava atônita, não estava acreditando que aquela mulher em minha frente estava proferindo tais palavras. Oferecendo o afastamento da filha dela como moeda de troca, como se fosse um produto a ser negociado.

- Sra. Montgomery, eu não vou me afastar da sua filha, nem em troca de todo o dinheiro do mundo. O que eu sinto pela sua filha é real. - revirei os olhos.

- Por favor ao menos pense na proposta, eu tenho ótimos contatos em hospitais de todo o mundo, é só me dizer para onde deseja ir. Além do dinheiro que posso oferecer, você e seus filhos terão uma casa enorme, eles estudarão em ótimos colégios sem pesar muito no seu bolso. Você terá um ótimo carro e um cargo alto no melhor hospital do país que escolher. A minha oferta é bastante generosa. - ela disse.

- Eu não tenho que pensar nada, pois o sentimento que tenho pela Addison não é negociável. Por que não consegue ficar feliz por ela ao menos uma vez em sua vida? Por que sempre prefere o irmão dela e não consegue ver a mulher maravilhosa que ela se tornou? Ela é uma ótima mãe, é uma ótima namorada, uma cirurgiã brilhante e maravilhosa, mas a senhora não consegue enxergar isso. Addison sempre buscou a sua aprovação e quando ela se deu conta da mulher maravilhosa que ela é, ela parou de correr atrás de migalhas e buscou o mundo, pois é o que ela realmente merecia, o mundo! E se a senhora saísse da sua bolha mesquinha e percebesse isso, não estaria aqui me oferecendo dinheiro para me afastar dela para não atrapalhar a sua imagem. Todos aqui no hospital sabem que somos namoradas e nada afetou em nosso trabalho, ainda somos respeitadas, requisitadas e Addison ainda é a melhor chefe de Obstetrícia e Neonatal que esse hospital já teve. - suspirei – Se a senhora veio aqui somente para isso, desculpe, mas perdeu o seu tempo! Não irei me afastar dela! Passar bem!

Deixei ela ali, me virei e fui andando à passos largos, queria sair da vista daquela mulher o mais rápido possível. Esbarrei em Arizona sem querer, pedi desculpas e continuei andando. Eu tinha um tempo livre, mas não estava afim de ir para a sala de descanso então fui para os fundos do hospital. Quando saí e sentei no banco pude respirar o ar gélido do dia. Olhei para o céu e tinham poucas nuvens, estava frio, mas o clima estava bastante agradável. As palavras de Beatrice rondavam a minha cabeça fazendo-a doer. Como ela pôde? Como ela foi capaz de tal ato? Pra ela me oferecer dinheiro com certeza a imagem dela e da Fundação eram mais importantes que a própria filha.

Fui tirada dos meus pensamentos, quando senti um perfume conhecido. Olhei para o lado e Addison estava se aproximando com dois cafés na mãos. 

- Oi minha Deusa! - disse ela se sentando e me estendendo o copo de café.

- Oi amor! - peguei o copo e sorvi um pouco do líquido. - Como me encontrou?

- Arizona disse que você esbarrou nela igual um furacão e seguiu nessa direção. - disse ela bebendo café.

- Ah sim, eu passei por ela tão rápido que quase a derrubei tadinha. – eu dei um sorrisinho amarelo.

- O que houve? Você parece um pouco triste e preocupada. Aconteceu alguma coisa? - ela me olhou um pouco aflita.

Olhei Addison como se eu quisesse despejar tudo o que eu estava sentindo de uma vez só. Mas se eu contasse o que isso poderia desencadear? Eu não queria perdê-la, ela poderia muito bem se afastar de mim ou coisa do tipo. Também não queria que ela entrasse em conflito com a sua mãe por minha causa. Eu não sabia qual seria a reação dela. O que eu faço? O que eu faço? Contar ou não contar? As duas opções me faziam pensar em coisas absurdas. Eu estava em um labirinto sem saída, sem opções boas para escolher.

- Meredith? - ela me chamou tocando em meu ombro e ainda mantinha os olhos firmes em mim.

Respirei fundo e olhei para baixo, depois olhei para o céu na esperança de surgir alguma luz, alguma solução. Mas eu não tinha opção, eu não tinha saída e nem se quer sabia qual seria a reação dela.

Escondi o rosto em minhas mãos e comecei a chorar compulsivamente, pois só me restava uma única escolha.