10. Mudança.

502 44 11
                                        

28 DE JULHO

— Isso é... Nojento — comentei, fazendo uma careta, observando Christopher devorar um lanche. 

— Eu to morrendo de fome — respondeu de boca cheia.

— É, notei. — Empurrei o copo de refrigerante para ele por cima da bancada.

Era cinco da tarde, e após horas trancado na biblioteca de casa, Christopher finalmente saiu de lá. E isso só foi possível após eu pedir três combos de lanches e o convencer de que precisava comer algo.

Meus pais tinham ido visitar meus avós, e por alguma razão Chris ficou aqui em casa trabalhando. Ele disse que precisava de documentos que meu pai não tinha na empresa e nem disponíveis online. Durante a parte da manhã eu o ajudei a digitalizar diversas coisas, enquanto ele lia páginas e páginas de acordos.

— O que está acontecendo na empresa, para você ficar tão sobrecarregado?

— Seu pai não te contou? — Neguei com a cabeça. Ele limpou a boca antes de falar. — Ele comprou uma empresa nova, fora dos Estados Unidos. A documentação para isso é enorme, e foi pedido uma investigação da empresa dele aqui, e da que se tornará dele lá fora.

— Hm... Entendi. — Batuquei as unhas na bancada. — Não me envolvo muito nisso.

— Não está perdendo nada.

Era estranho ver o Chris tão concentrado e frenético. Aquele ar de adolescente que ele tinha em Byron Bay foi completamente embora. Ele agora usava roupas sociais — calça e camiseta branca — que estavam amarrotadas após horas de serviço. As mangas tinham sido dobradas para comer, e a gravata solta.

Fiquei me perguntando se Barbara já tinha visto esse lado profissional do Chris, e o que achava dele.

— Como você e a Barbara estão?

Ele deu de ombros, pegando a caixa de batatas.

— Bem, eu acho — respondeu de boca cheia outra vez. — Ela fica no Joel quando eu to trabalhando, e vai lá pra casa a noite. Ou eu vou pra casa dele... Depende.

— Posso fazer uma pergunta?

— Aham.

— Você e o Joel se beijam?

Ele parou de mastigar e levantou o rosto, me olhando. Ficou congelado nessa posição por uns bons segundos, com os olhos levemente arregalados.

— Prefiro não comentar.

Mordi a boca para não rir.

— Meu Deus... É muito estranho beijar um homem? — Apoiei os cotovelos na mesa e o rosto nas mãos. — Ai meu Deus, ele tem barba. Deve ser muito estranho. É estranho? Nunca beijei homem com barba.

Levando em conta que eu só tinha beijado duas pessoas, não era de se esperar outra coisa.

— E nunca vai beijar. Zabdiel sonha em ter uma barba. Coitado.

— Você não respondeu minha pergunta... — cantarolei.

— Não vou responder isso.

Dei pulinhos no chão e apertei as mãos, me controlando para não rir. Eu estava morrendo de curiosidade.

— Foque na sua festinha... — Ele apontou para o tablet ao meu lado, desdenhando com a mão.

Mostrei a língua para ele, que me mostrou de volta e enfiou uma batata na boca.

Zabdiel iria voltar hoje a noite, e para comemorar que a irmã de Zac também chegaria na cidade hoje, nós resolvemos fazer uma pequena reunião. Seria na piscina de casa, durante a noite.

Thunder BayOnde histórias criam vida. Descubra agora