13. Piorando tudo.

424 46 3
                                        

Eu queria muito começar a bater palmas. Ou então a chorar.

Talvez fizesse as duas coisas, apesar da primeira parecer bem grosseira.

O silêncio caiu como uma manta de neve na sala, paralisando todo mundo. Barbara tinha dado as costas para Natálie e afundado o rosto no peito de Joel, que passava os braços ao redor dela, como se para protege-la do que acontecia do lado de fora.

Zabdiel procurou ajuda em mim, os olhos encontrando os meus, enquanto a mão dele tremia ao lado do corpo. Ninguém parecia notar o ato de nervosismo que ele deixava transparecer, talvez nem mesmo ele estivesse notando.

De repente, minha vontade era cruzar a sala e segurar o rosto de Zabdiel entre as mãos e o beijar, como se pudesse curar qualquer coisa que o estivesse machucando.

Mas não fiz isso. Permaneci parada no lugar, apenas meus olhos se movendo. Kim capturou meu olhar, e uma comunicação silenciosa acontecia. Ela pegou a mão de Erick, a apertando enquanto olhava para ele e para a porta. Ele entendeu o que ela queria dizer, e soltou a mão dela, indo para a saída. O acompanhei com o olhar, sendo a vez dos meus olhos encontrarem o de Chris. Erick o puxou pela manga da camisa para fora.

Emi nos olhou como se estivesse rodeada por estranhos, e se afastou com um suspiro.

Joel pareceu resistir ao ver todos saindo, demorando para abaixar o rosto e sussurrar algo para Barbara. Ela se soltou dele, e com um puxão de Chris, ele saiu da sala.

Zabdiel permaneceu onde estava, encarando um ponto vazio na parede.

— Zabdiel... — falei, indo até ele.

— Não vou sair.

— Por favor — pedi, parando na frente dele. — A gente precisa conversar com ela.

— Conversar?! Barbara simplesmente começou a gritar.

— Zabdiel — repeti, virando o rosto dele para mim. — Isso vai muito além de você. Por favor.

Ele demorou a ceder, o corpo ainda tenso quando soltou minha mão e saiu. Zac foi atrás dele, fechando as portas duplas de correr.

— Não vou pedir desculpas, se é isso o que quer — disse Barbara, se encostando na parede, com o rosto virado contra nós, tentando esconder as lagrimas que todos sabiam que estavam ali pelo tom de sua voz.

— Pois deveria — foi Zac quem disse, olhando feio para a prima. — Foi ridícula a cena que você fez.

Ele se virou para Natálie, que havia desabado no sofá e encarava a porta, a mente parecendo a quilômetros de distância da sala.

— Nat? — Zac foi até ela, se sentando ao seu lado.

— Você não entende, não é? — Natálie levantou o rosto e encarou Barbara. — Nem sequer tenta. Você não tem ideia do que é isso. De ter dezenove anos e estar gravida.

Barbara jogou a cabeça para trás e gargalhou alto, batendo palmas, como se Natálie tivesse contado a piada do século.

— Porra, Natálie, você é realmente uma cobra. Deveria agradecer por eu não ter te batido antes, porque eu quero muito fazer isso agora.

Entrei na frente de Barbara, antes que ela pensasse em avançar.

— Zabdiel fodeu seu cérebro também? — disse com nojo para ela, se afastando de mim. — Você poderia ter dito isso para qualquer pessoa nessa sala, menos para mim.

Algo clareou no rosto de Natálie. Compreensão. Ela abriu a boca e fechou diversas vezes, sem conseguir dizer nada. Porque Natálie havia lembrado que, há dois anos, quando Barbara tinha dezenove anos, ela engravidou. E que ela havia feito um aborto.

Thunder BayOnde histórias criam vida. Descubra agora