31. Zaddy.

364 44 10
                                    

Barbara não me respondeu, apenas tirou os casacos e foi para a cozinha. Os meninos mal me olharam.

Eu sentia que uma grande nuvem de tempestade acabava de entrar na mansão.

Segui Barbara, vendo-a debruçada sobre um bolo de chocolate. Quando foi a última vez que eu a vi comendo algo tão... calórico?

— O quão ruim foi? — perguntei baixinho, me apoiando na bancada ao lado dela. Assim como eu, Barbara tinha cortado o cabelo, e era estranho passar a mão por ele sem descer até a base da coluna.

— Nós terminamos — respondeu com um suspiro. — Os três. Acabou.

Apesar de estar me coçando para perguntar o que aconteceu na consulta, eu fiquei em silêncio. Não era o momento para curiosidade. Eu ia perguntar como ela estava, mas Kim chegou a cozinha.

— QUE ROUPA EU LEVO?

— A Kim é a nova Barbie... — resmungou Emi atrás dela, se juntando a nós.

Barbara sorriu, balançando a cabeça e erguendo os ombros, como se afastando um pensamento. Em um segundo foi como se ela não tivesse passado horas em uma consulta médica para resolver seu relacionamento a três.

— Bom, uma roupa que te deixe bem gata — respondeu, olhando Kim atentamente. — Você tem alguma lingerie boa na mala?

— Lingerie...?

— O objetivo não é esse, Barbara — alertou Emi, pegando a colher da prima e comendo o bolo.

— Eu sei que não. — Barbie revirou os olhos. Ela foi até Kim e segurou em seus ombros, examinando seu corpo. — Mas para parecer corajosa, você precisa se sentir corajosa. E nada melhor do que a roupa certa para isso, começando com um lindo conjunto de calcinha e sutiã.

As olhei, notando como eram baixas. Eu realmente parecia uma girafa perto das três, que não tinham mais de um e sessenta.

— Concordo com a Barbie — me vi obrigada a falar.

— Então vamos, antes que o Zabdiel chegue e a gente tenha que ir. — Barbara pegou a mão de Kim e a arrastou para fora da cozinha.

— Opa, pera aí — chamou Emi, correndo atrás de nós com o bolo.

Fomos ao quarto de Kim, encontrando Erick deitado na cama, mexendo no celular.

— Vaza — disse Barbara, o empurrando para fora.

O coitado mal teve tempo de dizer algo antes da porta fechar em sua cara.

— Nossa...

— To farta de homens — respondeu brava, seguindo até o guarda roupa.

— A gente deveria perguntar o porquê? — Emi sussurrou para mim. Neguei com a cabeça. Barbara fala na hora certa o que está incomodando-a.

— Vamos, Kim, mostre o que tem de melhor.

Kim parou no meio do caminho e olhou para nós três, franzindo a testa. Colocou a mão na cintura e fez uma careta.

— Que tipo de lingerie vocês trouxeram?

Sorri maliciosa, passando a língua no canino e olhei minhas unhas grandes.

— Acho melhor você nem saber — respondeu Barbara. — Furos demais para você entender.

Mordi a boca para não rir. É, tendo dois namorados ela iria precisar de uns dois furos em cada calcinha mesmo...

As minhas eram sem duvidas bem mais simples. O que Barbara disse na cozinha era verdade: para parecer corajosa, você precisa se sentir corajosa; e nada melhor do que a roupa certa para isso. Uma das coisas que me ajudou a ter uma boa autoestima foi usar as roupas certas, principalmente roupa intima. Eu sempre usei calcinhas e sutiãs que faziam eu me sentir gostosa. Eu me olhava no espelho e gostava do que via. Aprendi a antes de tudo me arrumar para mim, e não para homens.

Thunder BayOnde histórias criam vida. Descubra agora