Thunder Bay

24. Luna.

Christopher tinha saído para trabalhar logo após o almoço, e só chegou depois do anoitecer, junto com Zabdiel, que aparentemente tinha ido buscar ele, e Jaime.

A primeira coisa que os três, fizeram foi correrem para o chuveiro, tremendo de frio. Eles sem dúvidas não estavam acostumados com o frio.

Eu estava na sala, lendo um livro. Os meninos ainda estavam enfiados em alguma sala ou quarto jogando, e Barbara estava planejando a ida ao chalé com Kim.

— Então... — disse Emi, vindo até mim. — Acho que perdi muitas coisas nos últimos dois meses, não é?

Coloquei o marcador na página que estava e fechei o livro, me sentando no sofá.

— Algumas coisas. Está pensando em algo em particular?

— Você.

Sorri e me deitei contra as almofadas, puxando a coberta branca para me cobrir.

— Eu?!

— Sim, você. Dá última vez que nos falamos você estava namorando meu irmão. Agora ele é gay e você está com um cara oito anos mais velho.

Soltei um suspiro, pensando em tudo que tinha acontecido em Byron Bay e mudado nossas vidas completamente. Emi não estava lá para saber dessas mudanças.

— Você já sabia que ele era gay — falei, a olhando. Seus cabelos eram castanhas e extremamente lisos, diferente do loiro escuro de Zac.

— Bem, sim, e você também. — Ela deu de ombros. Sim, eu sabia que Zac era gay e mesmo assim nós continuamos namorando. — Você superou ele bem rápido...

— Emi — suspirei, me inclinando para a frente, dando mais atenção a conversa — Zac me magoou muito no final de tudo. Ele dizia não gostar de garotas e dias após terminamos estava com duas nos braços.

— Não é novidade que meu irmão é um idiota.

Dei de ombros, querendo não comentar disso. Zac se fingia de idiota, é diferente. Ele criava uma imagem destrutiva de si.

— Zabdiel era algo proibido, e eu o quis desde o começo — confessei, querendo explicar o porque eu tinha deixado meus sentimentos para Zac para trás tão rápido. Na realidade não havia maior amor entre nós quando terminamos, a paixão tendo morridos muito antes.

— Ele era seu segurança.

— Sim. Mas ele cuidava de mim muito além disso. Eu me acostumei a não estar mais sozinha, a ter ele sempre ao meu lado.

Ela concordou com a cabeça.

— Quando vocês começaram a ficar?

— Em Byron Bay. — Abaixei os olhos, me lembrando que ele tinha me levado para meu primeiro encontro e me beijado lá.

— Seu pai não surtou? Eu lembro que ele odiava o seu namoro com o Zac.

Ri disso, lembrando como Jeremy Butterworth achava que eu iria engravidar só de beijar o Zac. Ele não permitia que ele dormisse lá em casa sozinho, e nem eu na casa dele. As portas tinham que estar sempre abertas, e os empregados estavam a todo instante de olho.

— Não, nem um pouquinho. — Neguei com a cabeça. — Meu pai adora o Zabdiel.

Eu ainda não podia acreditar que ele tinha aceitado nosso namoro tão tranquilamente. Era inacreditável. Mas Zabdiel passava uma confiança e responsabilidade tão grande, sempre formal e educado, que é difícil esperar algo ruim dele. Minha mãe o adorava quando ele era um mero empregado, e agora que tinha se desvinculado de nós, ela falava dele como se fosse um filho.