O homem pálido e cabelos tão claros quanto sua pele, caminha pela pequena ponte de madeira que passava sobre um pequeno pântano esverdeado e borbulhante. O céu do amanhecer parecia mais escuro nessa parte do oceano.
As unhas tingidas por um tom escuro e, consideravelmente, longas, se mexiam junto com os dedos, batendo contra as laterais de suas pernas, acompanhando o som do baixo assovio que entoava de seus lábios cheios.
Calmamente, após atravessar a pequena ponte, ele caminha até à velha cabana de madeira com uma mata alta na parte detrás e dos lados. Sua mão vai até à porta, a empurrando para dentro, sem antes bater ou esperar ser convidado.
— Darcy! Estou entrando. — Ele anuncia, já dentro da cabana.
O lugar conseguia ser ainda mais escuro que do lado de fora, com poucas velas iluminando algumas partes. O cheiro forte de fumaça misturado a incensos naturais, rodeava cada canto da cabana que rangia toda vez que alguém caminhava dentro dela. Frascos com os mais variados tipos de líquidos coloridos, estavam espalhados por todos os lados, assim, como, insetos e pequenos bichos mortos; mas, alguns ainda estavam vivos, visto que, sapos saltitavam e coaxavam em um canto onde havia um pequeno buraco no chão, cheio com a água que ficava debaixo da cabana.
— Feiticeiro do mar, o que faz aqui? — A mulher parada atrás de uma bola de vidro, pergunta.
O vestido encardido e sujo como sua pele, deixava a amostra todas as escritas em tinta preta que cobriam seus braços, mas, escondiam as que estavam nas pernas e no seu torço. Os cabelos avermelhados e soltos, estavam completamente emaranhados em bolos de enroscos. E seus pulsos e tornozelos, estavam completamente adornados por quinquilharias que faziam barulho quando ela se mexia.
— Só passei para visitar uma velha amiga. — O feiticeiro sorri, enquanto apoia os braços sobre o balcão de madeira que os separava.
Por trás da venda que tapava sua visão, as sobrancelhas de Darcy se franzem, enquanto um sorriso manchado e sujo, surgia em seus lábios tingidos de vermelho.
— Não minta para mim, feiticeiro. Você já se esqueceu quem eu sou? — Darcy apoia seu cotovelo no balcão e o rosto no punho fechado, ficando de frente para o feiticeiro, como se estivesse o encarando.
O feiticeiro de cabelos loiros, levemente acinzentados, toca a venda sobre os olhos de Darcy, enganchando seu dedo indicador no pano, para depois, o puxar um pouco para frente.
— Eu me pergunto por que você nunca tira isso. Mesmo com uma venda, você sempre sabe quando sou eu atravessando aquela porta.
Darcy afasta a mão do feiticeiro, o impedindo de arrancar sua venda.
— Eu sinto o seu cheiro. — Ainda segurando a mão do feiticeiro, ela o aperta entre suas unhas longas e pontiagudas, fazendo leves cortes na pele dele. — O cheiro podre do mal dos mares.
O feiticeiro sorri, e Darcy o solta. O feiticeiro encara sua própria mão, e basta que ele passa a outra por cima desta, para que os pequenos cortes comecem a sumir.
— Eu pensei que gostasse de mim.
Darcy faz um barulho de desprezo que sai por seu nariz, enquanto se vira de forma brusca, fazendo os cabelos emaranhados balançarem.
— Eu não gosto de ninguém.
O feiticeiro inclina minimamente sua cabeça para o lado.
— Mas fiquei sabendo que você pode ser amigável com alguns piratas.
O rosto de Darcy se contorce, enquanto os sapos no canto da cabana, continuam saltando e coaxando.
O feiticeiro mete a mão dentro do longo casaco escuro que usava, e puxa de lá, um saco marrom que, ao jogar sobre o balcão de madeira, faz com que algumas moedas de ouro saltem para fora, como os sapos.
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SIRENA DEL ATLANTIS || KTH
Fanfiction❝Nos tempos antigos, uma lenda sussurrava na brisa da manhã: vagabundos do mar que atormentam os oceanos. Eles cavalgavam as ondas como corcéis em seu poderoso navio, com suas lâminas sempre prontas para arrancarem os ossos dos músculos. De porto em...