7°- CAPÍTULO

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— Serena, acorda!

A voz alta em meu ouvido, faz meu corpo sobressaltar, enquanto abro os olhos de uma vez.

— O quê?! — Olho assustada para os lados até que eu entenda o que estava acontecendo.

— Estou aqui pra te soltar. — Jungkook, parado do meu lado esquerdo com a mão apoiada no mastro, explica.

Pela boca solto ar com força, fechando os olhos por um segundo.

— Já estava na hora. — Digo, enquanto sinto o sol da manhã me atingir e aquecer o meu corpo.

Algumas gaivotas sobrevoavam perto, fazendo barulho e acabando com a calmaria do novo dia.

— Fique quieta aí, vou arrebentar as cordas. — Jungkook puxa uma faca de dentro da sua bota, e se agacha, começando a passar a lâmina nas tiras de linho até que se arrebentem.

— Por que aquele maldito fez isso comigo? Só por conta de uma droga de nome? O que tem de tão especial nisso? — Pergunto, e Jungkook me encara sobre os amontoados castanhos de seus cabelos. — Eu passei a noite inteira amarrada nisso aqui. O meu corpo está doendo e eu estou morrendo de fome. Você sabia que os pássaros podem te confundir com insetos quando tudo está escuro? — Encaro o pirata de forma incrédula, completamente irritada pela situação.

— Não é só por conta de um nome. O Taehyung tem uma posição dentro desse navio e por aonde navega, é a reputação dele e ela precisa ser respeitada. Todos têm que se lembrar que ele é o Capitão. Então, se passam a chamá-lo pelo primeiro nome, com o tempo, também perdem o respeito e começam a tratá-lo como se fosse alguém qualquer da tripulação. E é por isso que você não deve chamar ele de Taehyung, e sim, de Capitão Hanna.

— Mas você acabou de chamá-lo de Taehyung, e na Taverna em que estivemos, me lembro de o Namjoon gritar o nome dele bem alto e claro. Tenho certeza que todos escutaram. — Rebato sua explicação, assim que ele liberta as minhas pernas.

— O nome dele não é um segredo, as pessoas sabem que o Capitão se chama Taehyung. Esse não é o problema, Serena. Você por acaso prestou atenção no que eu acabei de dizer? — Jungkook se levanta e me encara, antes de começar a cortar as cordas ao redor do meu tronco. — Você precisa respeitá-lo. Apenas aqueles que são muito íntimos podem chamá-lo de Taehyung e, mesmo assim, ainda precisa haver respeito. Namjoon e eu o chamamos pelo primeiro nome porque conhecemos Taehyung desde que ele era pequeno, nós três crescemos juntos nesse navio. Essa é diferente entre nós e você, entendeu?

Ele finalmente termina de me soltar, fazendo os pedaços cortados de corda caírem no chão do pequeno abrigo.

— Isso é uma besteira. Nunca escutei tamanha idiotice antes. — Bufo, ainda irritada, enquanto esfrego minhas mãos pelas partes do meu corpo que estavam doloridas pelo aperto das cordas.

— Você não entende porque não é uma pirata. Nossas leis são diferentes no mar. — Jungkook guarda a faca de volta na bota.

— E não estou nenhum pouco interessada em entender. Só quero sair daqui de cima. — Resmungo e me aproximo da borda do abrigo, olhando para baixo e vendo o convés vazio. — Como vamos descer? — Encaro Jungkook sobre os ombros.

Em um instante, ele pula para a borda do abrigo, agarrando uma das cordas das velas.

— Do jeito mais divertido. — Jungkook estende uma mão para mim, me fazendo recuar até bater as costas de volta no mastro.

Estou nesse navio por volta de um mês, mas já foi tempo suficiente para aprender o quanto Jungkook gosta de fazer coisas perigosas enquanto se pendura em uma corda.

SIRENA DEL ATLANTIS || KTHOnde histórias criam vida. Descubra agora