10°- CAPÍTULO

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— Então — Cruzo os braços, observando os baldes cheios de água, os escovões, os panos e o sabão em pedra, postos no começo do corredor feminino. — o que vamos limpar hoje?

— Os quartos. — A pirata parada de frente para Jack e eu, responde.

— Os quartos? Todos? — Jack pergunta, com os olhos levemente arregalados.

— Sim.

Uma risada nasalada me escapa.

— É sério? Deve ter mais de dez quartos nesse corredor. É muita coisa. — Digo.

— Só estou seguindo ordens. — Inez responde e se vira, saindo sem nos dar tempo de retrucar.

Fecho os olhos e respiro fundo, tentando me acalmar, o que parecia impossível.

— Aquele maldito canalha de uma figa. — As palavras me saem entre os dentes, enquanto sinto minha paciência ir para o espaço.

— Serena, se acalme. Apenas vamos fazer isso logo, ou ficaremos aqui o dia todo. — Jack suspira, se agachando para juntar alguns panos e escovões.

Me acalmar? Me acalmar uma ova. Eu estou possessa e só queria poder jogar aquele maldito da prancha, direto para todos aqueles tubarões. Ele nem faz questão de esconder que tudo isso não passa de uma retaliação por conta do motim.

Como um literal balde de água fria para acalmar os meus nervos, vários esguichos de água me saltam o rosto e as roupas, de forma completamente desprevenida.

Com surpresa, encaro Jack, que ainda estava agachada e também estava molhada, parecendo tão espantada quanto eu.

— O que foi isso? — Pergunto.

— Não sei. A água simplesmente saltou do balde como se tivesse ganhado vida. — Ela passa a mão pelo rosto, tirando o excesso de água.

Isso é completamente estranho.

— Acho que já estamos enlouquecendo nesse navio. — Suspiro alto e pego na alça de um dos baldes, agarrando dois esfregões e os arrastando para perto da primeira porta.

Juntando o resto, Jack vem atrás de mim. E assim que abro a porta, me deparo com uma gloriosa bagunça de roupas e lençóis espalhados por toda parte.

— Nem a cama elas arrumaram. — Resmungo enquanto coloco um dos baldes para dentro do quarto.

— Acho que arrumar uma cama é a última das suas preocupações em um navio pirata. — Jack suspira também, entrando no quarto.

***

Me jogo no chão, ao lado de Jack, me sentando.

— Nunca pensei que poderia me sentir mais cansada do que ontem. — Dobro as pernas, trazendo os joelhos para perto do tronco, enquanto checo a atadura na minha panturrilha. Ela estava um pouco manchada de sangue e corte ardia. Eu realmente não vejo a hora desse machucado se curar.

— Pense pelo lado positivo, ao menos, não estava cheirando a urina de pirata. — Jack estica um dos braços e usa o outro para alongá-lo, ao mesmo tempo que, faz uma careta de dor.

Rio baixo e sem humor.

— Eu daria tudo pra estar trabalhando na padaria dos meus pais agora. Pelo menos lá as companhias eram agradáveis, ao invés, de te jogarem de um navio ou de atirarem em você.

— Se um dia conseguirmos mesmo fugir desse navio, me arrume um emprego na padaria dos seus pais. — Ela fala de forma sôfrega e cansada

Apenas assinto, antes de ficarmos em silêncio por alguns minutos.

SIRENA DEL ATLANTIS || KTHOnde histórias criam vida. Descubra agora