FUNDO DO MAR: EL REINO DE ÁRIE

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Nas profundezas do oceano, escondidos em uma cidade submersa, no reino de Árie, os moradores áqueos estavam vivendo um grande momento de perturbação. A poucas horas, cerca de cinco tubarões cinzentos vindos de algum lugar perto do Atlântico, nadaram por dias e noites até encontrarem um dos sete reinos dos sete mares.

A seguinte mensagem foi entregue para o povo do Pacífico Sul: a princesa estava viva e navegava pelos mares a bordo de um navio pirata.

Há muitos e muitos anos atrás, quando dois irmãos brigaram pelo reino, como vingança, o mais novo lançou um feitiço em uma de suas sobrinhas, a condenando a uma vida humana, sem o direito de se lembrar do seu verdadeiro lar. Contudo, apesar de acertar a princesa errada, o sofrimento de Árie seria o mesmo, e era exatamente isso que Jimin desejava. Ele faria seu irmão afligir-se tanto com a dor da perda, que, no momento em que estivesse arruinado, completamente abatido e desolado, Jimin o mataria da forma mais suja e desonesta possível.

E ele conseguiu, fugindo logo em seguida, se tornando um exilado dos mares, sabendo que se voltasse, seria caçado até à sua morte. E esse é o motivo pelo qual Jimin se abrigou na terra, ganhando o direito de viver entre os seres terrestres após ser ajudado pela bruxa do pântano. Porém, em terra, seus poderes são restritos e mais fracos, por isso, ele queria se tornar tão forte ao ponto de retornar para o mar e escravizar todos, assim, assumindo de uma vez o comando não só do Pacífico Sul, como, de todos os outros mares.

Para aqueles que permaneceram por anos, angustiados não só pela perda do rei, mas, também, com a suposta perda de uma das princesas, essa notícia assombrosa era como encontrar o mais precioso dos tesouros.

Uma criatura áquea, da espécie das sereias e tritões, não pode ficar em terra firme por mais de uma hora - em forma humana, por isso, nunca foi possível ir longe demais para procurar pela princesa.

Após a morte de Árie, o reino do Pacífico Sul passou a ser regido pelas duas filhas mais velhas e pelos conselheiros, embora esse não fosse o correto, por isso, encontrar a princesa mais nova não era apenas algo sentimental, e sim, um dever para com os habitantes áqueos. Quando as três filhas estivessem juntas, a mais forte deveria ser aquela que lideraria um dos sete mares, logo, a princesa mais nova precisava retornar ao mar para que isso fosse feito.

Nos corredores revestidos de ouro do palácio, todos corriam de um lado para o outro, convocando criaturas marinhas e soldados áqueos para irem atrás daquela que foi exilada. Uma reunião entre os reis e rainhas dos sete mares, estava prestes a ser requisitada, enquanto uma busca pelo oceano se aproximava mais rápido que os sentidos dos tubarões cinzentos ao reconhecerem o cheiro do sangue real da princesa.

— Será que ela está mesmo bem? — Uiara pergunta mais para si mesma, enquanto apertava entre as mãos fechadas, um delicado colar de ouro.

Sua cauda roxa com detalhes verde-água, balançava em movimentos automáticos, mesmo que ela estivesse parada. E os cabelos loiros-ondulados efeitos por uma coroa de pedras preciosas, estavam como se se esvoaçando no vente, mas era apenas o efeito do mar.

— Você escutou a mensagem dos tubarões, ela parecia bem, apenas um ferimento na perna. — Maressa abraça sua irmã, de lado, aproximando sua cauda rosada da dela, tentando acalmá-la.

A única peça de roupa que usavam, na parte superior de seus troncos, lembrava muito um bustiê feito por milhares de pedras coloridas que brilhavam mais que suas caudas deslumbrantes.

— O que me preocupa mesmo é saber que ela está em um navio pirata. — Os olhos azuis-escuros de Uiara, encaram a irmã com angústia. — Nossa irmã deve ter passado por tanto, Maressa. Aposto que nem se lembra dos seus poderes, você sabe que quando foi exilada ela ainda estava treinando e aprendendo a lidar com eles.

Maressa suspira, fazendo o barulho ecoar pelo som calma da água ao redor delas.

— Não se esqueça que ela é uma de nós, uma filha de Árie, rei de um dos sete mares. Tenho certeza que ela ficará bem até a encontrarmos de novo. — Maressa encosta os fios curtos e loiros de sua cabeça, contra os de sua irmã. — De qualquer forma, você sabe que Królios está com ela. Ele é o seu guardião e a protegerá.

Mesmo com a recordação do sirénio, a criatura aquática protetora de sua irmã desde o nascimento, Uiara não consegue acalmar seu coração, pois, ela sabia que no dia em que seu tio exilou sua irmã, era para ser ela em seu lugar, mas, a pequena princesa, sempre destemida e inconsequente, acabou se jogando na frente - juntamente com Królios que tentou impedi-la, assim, ganhando a maldição.

Uiara expira pesadamente e separa as mãos que pareciam rezar, fitando o pequeno colar redondo, antes de, com cuidado, o abrir e revelar o desenho de uma criança alegre e sorridente, um presente de seu pai para sua irmã mais nova. O último vestígio de Serena, a princesa perdida do reino de Árie.

 O último vestígio de Serena, a princesa perdida do reino de Árie

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