3°- CAPÍTULO

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Esta é minha segunda manhã presa no navio pirata. Assim que fugi da sala do Capitão, escondi todo o meu nervosismo e fiz como Dana me instruiu. Namjoon encontrou seu molho de chaves e não suspeitou de nada. Acabei tendo que inventar uma desculpa qualquer para o corte em minha mão, mas Jack estava atenta, e permaneceu me encarando com desconfiança. Quando nossa tarefa acabou e voltamos para o quarto, contei para ela e Dana sobre o que aconteceu. Jack se desesperou tanto por mim que tive que acalmá-la. Dana, que havia ajeitado uma cama improvisada para Duque na última gaveta da cômoda, suspirou com pesar quando contei sobre o que pretendia fazer. O meu plano era enrolar o Capitão até que ancorássemos, e quando isso acontecesse, eu iria fugir com Duque e me esconder.

Ontem, após os nervos se acalmarem em nosso quarto, nós três fomos tomar café. E assim seguiu o dia. Ficamos grande parte dele, trancadas no quarto, apesar de Dana explicar que não somos prisioneiras no navio, e sim, partes da tripulação, e que por isso, tínhamos acesso livre por todo o navio, exceto a cabine do Capitão, a ala dos prisioneiros e o lugar onde o vinho e o rum eram estocados. De qualquer forma, não tive vontade alguma de conhecer o navio, pois, estava preocupada demais pensando em como enrolaria o Capitão com essa história de Atlantis.

As horas pareciam que não passavam nesse navio. Não tinha absolutamente nada para fazer, fora limpar e comer. Durante as refeições foram os únicos momentos em que me reuni com os demais membros da tripulação, reconhecendo um rosto ou outro que também havia sido sequestrado de Marlli, minha cidade. O Capitão, Namjoon ou Inez, não se juntaram a nós para as refeições, e Dana explicou que eles comiam em outro lugar. Até mesmo dentro de um navio pirata haviam leis e hierarquias, que separavam o Capitão e seus homens do resto da tripulação.

Agora, aqui estava eu, sentada no beliche debaixo, do lado de Jack, enquanto encarávamos Duque que dormia em meio a um amontoado de lençóis que serviam como uma cama improvisada.

— Onde eles conseguem essas roupas horríveis? — Pergunto para Jack, sem tirar os olhos da pequena bolinha de pelos que respirava de forma lenta, fazendo seu pequeno corpo se movimentar para cima e para baixo.

— Eles roubam, provavelmente. — É claro que eles faziam isso.

Lembro-me de ter que trocar de roupa quando cheguei nesse quarto, guardando as roupas que usava, no meu espaço do guarda-roupas.

Escuto algumas vozes vindas do outro lado do quarto e, involuntariamente, olho para a porta fechada. Dana que estava com um pé apoiando em sua cama, ajeitando a meia, me encara alarmante. Rapidamente, mas cuidadosa, empurro a gaveta onde Duque dormia, para dentro. Ele não parece ter acordado, e isso era bom. Volto a me sentar do lado de Jack, que me fita atenta.

Em instantes, a porta do nosso quarto é aberta por Inez.

— Você do cabelo de sereia, seu nome é Serena, não é? — A pirata de chapéu, me encara.

— Sim.

— O Capitão quer te ver.

Meu corpo fica tenso sobre a cama. Fecho as mãos em nervosismo, sentindo o pedaço de pano que amarrei em torno do meu machucado.

Dana termina de ajeitar a meia e se vira para Inez.

— O que ele quer com ela?

— Não sei. Só estou seguindo ordens. — Inez faz um gesto de cabeça para que eu a siga.

Enquanto me levanto da cama, Jack segura minha mão, fitando-me com preocupação. Sorrio minimamente para ela, tentando acalmá-la.

Solto o ar de forma pesada pelo nariz, e caminho até à porta, saindo com Inez.

SIRENA DEL ATLANTIS || KTHOnde histórias criam vida. Descubra agora