Capítulo 27

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10 DE FEVEREIRO...

O mês passou voando, fomos a uma consulta e o bebê está ótimo. A Natalie está com 17 semanas, 4 meses e uma semana para ser mais exata. Contamos para nossa família a poucos dias e contamos pra Clara e a baixinha ficou super feliz de ganhar um irmãozinho e ela jura que é um menino, que vai ser irmão mais novo dela e do André. A gente deu muita risada. O André tá enorme já, e a cada dia mais folgado. Hoje é o primeiro dia de volta as aulas, eu fui levar a Clara, a Natalie tinha um paciente as 13 horas em ponto e não poderia atrasar. A deixei na escola e de lá fui a uma floricultura e fui ao cemitério, hoje seria o aniversario da Marina, ela faria oito anos. Quando cheguei lá, meu ex sogro estava lá com a esposa. Me aproximei coloquei as flores e eles ficaram me olhando esperando que eu os cumprimentassem, mas eu não disse nada. Os dois saíram, eu conversei com a minha filha um pouco, chorei e logo sai de lá. Quando cheguei no carro me chamaram.

Leone: Priscilla. – eu não respondi. – A gente pode conversar?

Eu: Não. Não podemos. Não tenho nada pra conversar com vocês.

Leone: Por favor... Sabemos que não podemos pedir nada a você, mas a Luíza, ela tá sofrendo muito naquele lugar. As queimaduras dela precisam de cuidados e lá ela não pode cuidar, por favor. – eu ri irônica.

Eu: Ela está sofrendo? Eu acho pouco qualquer coisa que ela esteja sentindo naquele lugar. Ela matou meus filhos, ela paralisou minha filha, ela me deixou incapaz de sequer pegar minha filha no colo por meses. Quer mesmo falar de sofrimento comigo Leone? Quer mesmo? O que ela está sentindo no corpo dela, não é nem metade do que ela deveria sentir por tudo que ela fez. Ela não matou só meus filhos, quase destruiu minha carreira e quase deixou minha filha pra sempre numa cadeira de rodas não, ela matou outra pessoa em outro carro. E essa outra pessoa tinha filhos, estava voltando do trabalho, tinha uma esposa e que eu ajudei depois do acidente mesmo sem a menor obrigação de fazer isso, mas eles estavam desesperados, porque ele era o único que sustentava a casa. E quanto a ficar onde ela está, ela merecia coisa muito pior, ela está até bem. Ela merecia estar morta.

Raquel: Como pode ser assim? Você é mãe. Ia querer ver sua filha sofrendo como estamos vendo nossa filha sofrer? Só queremos que ela vá pra um hospital psiquiátrico que pertence a justiça. Ela continuará presa, só terá os cuidados que ela precisa.

Eu: Eu vi minha filha sofrer, e ela não tinha nem 3 anos quando o sofrimento dela começou. A sua filha está sofrendo, porque merece, porque procurou por isso. Ela só está pagando pelo mal que fez. Hospital psiquiátrico? Hospital psiquiátrico? Ela não é nada louca. Está querendo mesmo justificar a crueldade e o mal caratismo da sua filha como loucura? NUNCA. – entrei no carro e fui pra empresa. Cheguei lá furiosa. Logo a Rafaela chegou.

Rafa: Priscilla, preciso que assine esse contrato aqui pra ontem, você foi embora ontem sem assinar e preciso que o motoboy entregue daqui a pouco no escritório... – parou de falar – O que houve?

Eu: O que houve o que?

Rafa: Está vermelha, com as veias do pescoço saltando como se você fosse explodir. O que aconteceu?

Eu: Hoje seria aniversario da Marina... – contei tudo a ela.

Rafa: Que audácia dos dois de te pedir intervenção. Ainda mais coloca-la como uma pessoa psicótica pra ter cuidados privilegiados. Coragem né, porque noção passou longe ali.

Eu: Rafaela, pensa bem. Aquela mulher acabou com a minha vida, eu teria mesmo que me sensibilizar com as queimaduras que ela mesmo causou nela depois de dopar, sequestrar meus filhos, me arrastar com o carro e atropelar minha filha, matar meus dois filhos? Ela tá dando é muita sorte de estar viva porque se dependesse de mim eu teria matado com as minhas próprias mãos... Querer agora se passar por louca pra ficar confortável? Olha só se a mãe dela tivesse me pedido pra intervir pra ela ter um tratamento das queimaduras dela até que ela pudesse estar recuperada eu teria essa humanidade embora ela não mereça nem um copo d'água, mas querer que ela se passe por louca pra ficar no conforto? Jamais. – falei nervosa.

Rafa: Ela vai pagar por tudo isso, já está pagando. Você tem que se acalmar. Vai pra casa, toma um banho relaxa, a Natalie está grávida, se ela ver você assim vai ficar preocupada e não é bom pra ela e nem para o bebê.

Eu: Eu vou trabalhar, preciso ocupar minha mente... – assinei os papéis e ela saiu da minha sala. Eu trabalhei o dia todo até a hora de buscar a Clara na escola super elétrica e empolgada com os novos coleguinhas da escola, com a professora nova. Dei banho nela, dei um lanche e ela foi cuidar do gato. Eu tomei um banho lavei meu cabelo, coloquei uma roupa confortável. No meu closet eu guardava uma caixa com fotos e alguns pertences dos meus filhos. Peguei o álbum de bebê da Marina e fiquei vendo tudo com cuidado. Como eu sentia falta dela, foi impossível conter a emoção. Logo guardei tudo e me deitei, estava morrendo de dor de cabeça. A Natalie chegou foi tomar banho e cuidar do almoço. Ela não falou nada achou que eu estivesse dormindo e eu permaneci de olhos fechados. Não queria falar nada com ninguém só queria ficar em silêncio. Logo ela veio me chamar pra jantar.

Nat: Amor, vamos jantar... – sussurrou.

Eu: Não quero comer, só preciso descansar, estou com dor de cabeça.

Nat: O que foi hein? Porque tá assim?

Eu: Nada amor, só não estou me sentindo muito bem e estou sem fome, fica tranquila, pode ir comer com a Clara. Coloca ela na cama pra mim por favor?

Nat: Tudo bem eu coloco. Quer um remédio?

Eu: Não precisa eu já tomei obrigada. – ela saiu e eu acabei adormecendo. Quando acordei de novo olhei a hora e eram 2 da manhã. A Nat tava dormindo, eu levantei fui ao banheiro depois fui ver a Clara que dormia pesado, a cobri direito e fui até a cozinha. Tinha um Hot Pocket na geladeira então esquentei e peguei o suco e fiz um lanche. Andei um pouco pelo jardim depois escovei os dentes e deitei de novo. De manhã tomei um bom banho quando sai a Nat tava entrando no banheiro.

Nat: Bom dia amor.

Eu: Bom dia.

Nat: Tá melhor?

Eu: To sim – sorri de leve e a beijei.

Nat: Eu to com sono – resmungou – Mas tenho paciente.

Eu: Amor, você ia atender só a tarde, tira as manhãs pra você. Assim pode dormir, descansar, fazer Yoga.

Nat: Eu preciso remanejar uns pacientes pra fazer isso – no banho. Eu me troquei fui ver a Clara que ainda dormia. Logo tomei café com a Natalie e ela foi trabalhar. A Clara acordou tomou café, fiz a lição e casa com ela e ela foi brincar um pouco antes de tomar banho pra ir para escola. A semana se passou tranquila, até a Natalie me ligar na sexta feira no fim da tarde assim que sai da escola da Clara...

NATIESE: AMOR E SUPERAÇÃO (TRAUMAS, REENCONTROS E RECOMEÇO)Onde histórias criam vida. Descubra agora