Capítulo 8

990 73 14
                                    


Chamei Natalie para entrar e ela disse que tinha que ir pra casa.

Eu: Não... Não vai não – a puxei pra mais perto de mim – Fica aqui comigo? – toquei seu rosto. Nossa respiração se chocou e ela se aproximou ainda mais e nossos lábios se tocaram. O beijo dela, era o sabor que eu me lembrava só que agora estava muito melhor. Paramos quando faltou ar.

Nat: Preciso ir – olhou dentro dos meus olhos e foi para o carro dela logo indo embora. Um dos meus seguranças estava na porta, grandalhão a toa porque vai ser debochado assim lá na China.

Eu: E essa cara Tony?

Tony: Que cara dona Priscilla?

Eu: De chocado e de debochado também.

Tony: Nada... Eu to normal, tudo bem com a senhora?

Eu: Sim tudo ótimo...

Tony: Ah que bom... – fez som anasalado de riso.

Eu: Porra Tony ta de deboche comigo? – dei um soco no braço dele e comecei a rir e ele caiu na risada.

Tony: A senhora sabe que tomou um toco né?

Eu: Seu idiota... Boa noite Tony já deu sua hora vai embora... – entrei rindo e gritei – VOU LIGAR PRA SHIRLEY PRA SABER SE ELA NUNCA DEU TOCO EM VOCÊ TAMBÉM, PALHAÇO... – entrei rindo e falando sozinha – Que palhaçada cara – ri. Aquela filha da puta me deu um toco real. Entrei no quarto da Clara e a Ester tava dando banho nela. Abri a mochila para arrumar para o dia seguinte e peguei a agenda dela que tinha uma anotação da professora dizendo que era o primeiro dia dela e que ela foi muito bem, que chorou um pouco, mas logo ficou bem e estava interagindo com as outras crianças e tinha uma folha colada com o nome dos pais e das crianças da salinha dela e o numero de telefone e abaixo um espaço para colocar meus contatos caso eu quisesse compartilhar números, então coloquei meu celular e o telefone de casa. Logo eu fui tomar um banho também, ela não quis jantar por causa do sorvete, mas quis mamadeira e ficou falando da escola. Pediu pra dormir comigo também e eu deixei. Acordei de madrugada assustada com um pesadelo daquele dia horrível olhei pra Clara que acordou resmungando e logo me abraçou e dormiu novamente. De manhã tomamos café e eu acompanhei a fisioterapia dela, e ela estava a cada dia melhor nos passos e a Débora já quer começar a coloca-la no andador... aquilo era um susto pra mim e eu ia precisar conversar muito sobre isso com a Vivian. Ela tem sido ótima, ela já sabe de tudo que aconteceu e tem me ajudado bastante. Estou tentando me abrir pra Natalie, ela tem sido um grande suporte pra mim e meu Deus, ela me faz sentir todas as coisas mais incríveis do mundo, como quando era adolescente. Logo foi minha sessão. Eu não sentia mais dores embora a cirurgia seja recente e meus movimentos melhoraram muito. Eu tinha 80% da mobilidade, já cortava carnes, frutas e legumes com a faca, já conseguia ajudar mais minha filha e isso era ótimo. E o progresso com a escolinha? Vejamos...

Eu: Tony, pode dirigir pra mim? A Ester não está muito bem, preciso levar a Clarinha na escola.

Tony: Claro dona Priscilla – eu coloquei a Clara no carro e entrei e ele veio em seguida. Chegamos na escola, e ele com a mochilinha dela parecia mais uma pochete pra ele de tão grande que ele era. Eu empurrei a cadeira e entramos na escola. Quando me abaixei pra falar com ela e explicar todo o processo ela nem me deixou falar.

Clara: Pode ir mamãe, tchau – me beijou e me abraçou – Vem me buscar depois tá? Tchau titi Tony...

Tony: Tchau – falou meio atônito.

Juliana: Oi Clarinha...

Clara: Oi tia Ju... – falou contente.

Eu: Tá... Tá bom... – me levantei em estado de choque.

Juliana: É a mochilinha dela?

Tony: Sim.

Juliana: Pode me dar então. – sorriu.

Tony: Mas, ela não vai chorar? – a professora riu olhou pra dentro da sala a vendo interagir com as outras crianças e olhou pra ele de novo.

Juliana: Bom... Ela parece ótima, mas qualquer coisa ligamos pra mamãe. – ele teve que arrancar a mochila da mão dele. E saímos da escola e entramos no carro. Eu comecei a chorar.

Eu: Ela... Ela cagou pra mim você viu? – eu tava em estado de choque.

Tony: Eu tava preparado para os gritos e ter que talvez pegá-la e sair correndo da professora pra ela não obriga-la a ficar. E ela só deu tchau titi Tony e foi. - Quando me dei conta estávamos os dois chorando feito duas menininhas no carro. Quando foi que ela cresceu assim que eu não percebi? Tony era um brutamontes de quase 2 metros e fortão, ele não tava preparado para a missão de deixar a Clarinha na escola. Chegamos os dois aos prantos em casa e a Maria teve que dar água para os dois, a coisa mais ridícula do mundo e não contente com o circo, a Ester fez vídeo e mandou pra Natalie que apareceu lá em casa a noite dando gargalhada da minha cara.

Nat: Eu não consigo parar de ver o vídeo... Sabe que vocês dois podem virar um meme se isso cair na internet né? – ria.

Eu: Você nem é maluca de postar isso – ri. Mas foi isso mesmo, ela foi e nem ligou pra mim, fiquei com cara de boba lá.

Nat: Eu disse que ela ia amar a escola que ela ia adaptar rápido, só não pensei que seria tão rápido – ria.

Eu: Nem eu – ri também. – Toma um vinho comigo? – tínhamos acabado de jantar.

Nat: Tomo – sorriu. Escolhi alguns vinhos e levei pra ela ver qual preferia. Ela abriu e eu peguei as taças.

Eu: Não esperava por isso... Ela tá crescendo – sorri boba... - A minha insegurança com a Clara é que ela nunca teve contato com outras crianças que não fossem os irmãos dela. A condição dela também me causa essa insegurança e a Clara – suspirei – Ela é a minha família, ela é tudo que eu tenho agora.

Nat: Porque nunca fala sobre eles e sobre o que aconteceu?

Eu: É difícil – eu precisava confiar nela, mas eu tinha um medo tão grande de abrir aquele assunto que eu não sabia explicar.

Nat: Tudo bem – sorriu e beijou minha mão. – Quando você quiser se abrir, saiba que eu estou aqui, estou com você – colocou a mão no meu rosto e me beijou. Ficamos nessa troca de carinhos no sofá, quando vimos já era bem tarde. Chovia muito. – Nossa, já é tarde preciso ir.

Eu: Dorme aqui essa noite? Só me abraça e fica comigo? – a puxei e beijei. Foi um beijo com muito carinho. Ela não disse nada, apenas a levei para o meu quarto, emprestei uma roupa pra ela e ela deitou na minha cama. Eu fui ver a Clara e voltei me troquei e deitei com ela. Ficamos trocando beijos, nada além disso. Ela me abraçou ficando de conchinha comigo. Ela fazia carinho no meu cabelo e logo pegamos no sono...

NATIESE: AMOR E SUPERAÇÃO (TRAUMAS, REENCONTROS E RECOMEÇO)Onde histórias criam vida. Descubra agora