23° Capítulo

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Quando chegamos no hospital que o filho do Erick estava, eu fiquei horrorizado com o que eu vi. Tinha pessoas em maca no corredor, a sala de espera estava lotada, todos esperando ser atendido por algum médico. Essa era a situação dos hospitais públicos? Cadê os políticos uma hora dessa?

- Seu pai tinha plano de saúde, o que aconteceu para vocês chegarem a esse ponto?

- Longa história!

- Tenho tempo!_ insisti, estava curioso para saber o que aconteceu com ele e o que os levaram para o fundo do poço.

- Nosso pai ficou estranho depois que você foi expulso.

- Só faltou dizer que a culpa é minha agora._ falei atrapalhando ele.

- Vai me deixar continuar?_ perguntou.

- Prossiga!

- Não sabemos exatamente como começou, mas ele sempre jogava. No início deixemos de boa, não sabíamos que ia ter que vender quase tudo para pagar uma dívida para um traficante que ele estava devendo.

- Traficante?_ falei, só de ouvir aquela palavra me dava um fogo. O que foi? Não tenho culpa se tenho um traficante só pra mim e bem fogoso.

- Sim!_ falou ele - Depois disso tudo desandou de vez, ele foi demitido, eu tive que sair da faculdade para tentar ajudar em casa, só quem quer um engenheiro sem diploma? Tive que virar pedreiro. Nessa época, descobri que eu ia ser pai, fiquei muito feliz. Mas a menina não queria a criança, então peguei um dinheiro que eu tinha guardado e paguei pra ela não tirar a criança, foi um inferno. Ela sempre queria mais e mais. E eu sem um centavo no bolso, foi aí que ela tentou fazer um aborto com quase oito meses. Ela não conseguiu terminar, ela passou mal e teve que ser levada para o hospital. Quando eu cheguei no hospital, sua mãe me falou que ela tentou tirar a criança, mas não tinha conseguido. Eu não sabia o que fazer, fiquei horrorizado com a atitude dela. Foi aí que um médico falou que ia ter que fazer o parto do bebê, pois o útero da mãe dele estava com uma hemorragia e disse que talvez não daria para salvar a criança. Meu mundo acabou nesse minuto, mas ele conseguiu salvar o meu filho e a mãe dele. Ele nasceu muito frágil e o médico falou que ele ia ter que passar um tempo na incubadora. Ele passou dois meses no hospital e finalmente recebeu alta, só que ele disse que futuramente ele ia precisar de uma cirurgia, pois o coração dele era muito frágil e não aguentaria a energia de uma criança. Então hoje ele tá aqui com apenas 4 anos e precisando fazer uma cirurgia para ele aguentar pelo menos ter uma infância normal._ falou ele chorando.

- Eu sinto muito._ falei sentindo a sua dor, não deve ser nada fácil ver o filho sofrendo.

- Veio ver o Anderson?_ perguntou uma senhora, acho que ela era enfermeira quando estavamos andando no corredor do quarto do filho do Erick.

- Vim sim, trouxe meu irmão para conhecer o meu filho.

- Oh! Que bom menino, fique à vontade._ falou ela olhando pra mim.

- Obrigado Senhora!_ respondi cordialmente.

- Essa enfermeira eu conheci quando o meu filho estava na incubadora, foi uma época bem difícil, mas consegui superar.

- E a mãe dele? Não se arrependeu não?_ perguntei, estava muito curioso pra saber.

- Ela depois que recebeu alta, sumiu! Foi melhor assim, se ela não tivesse sumido, eu mesmo teria feito isso com ela._ falou ele com uma feição de muito raiva.

- Ah!_ falei simplesmente.

- É aqui que o meu filho tá!_ falou ele entrando em um quarto que tinha pelo menos 10 crianças.

- Qual é o seu?_ perguntei olhando para todos os meninos que tinha na sala. Era apenas 4!

- Ele alí!_ falou apontando para um menino moreno no fundo da sala, ele estava conversando e sorriso para um senhor.

O Traficante E O Ex ProstitutoOnde histórias criam vida. Descubra agora