"Oops!"
Eu rapidamente cubro a minha boca com a mão, mas é tarde demais. Todas as pessoas na sala já se viraram para olhar para mim, incluindo a funcionária do departamento de recursos humanos, incluindo Axel. Voltando a olhar para baixo, eu rapidamente leio o resto do documento (o TDAH faz com que seja difícil ler alguma coisa do começo ao fim em sua totalidade).
Pelo que eu consigo perceber, em razão de uma queda nos lucros, a empresa está passando por uma reestruturação, e vai cortar 25% dos seus funcionários.
"Oh. Meu. Deus."
Eu volto a levantar os olhos.
- Estamos sendo demitidos? Vocês estão de brincadeira? - eu pergunto.
Axel me lança um olhar cheio de pena e pesar.
- Preferimos dizer que estão sendo dispensados.
- É mesmo? Bem, eu prefiro dizer que isso é um monte de bobagens!
Axel balança a cabeça.
- Anahí, eu entendo a sua frustração. Mas, por favor, modere a sua linguagem - diz ele. Ele então se vira para encarar o grupo - Olhem, eu sei que essa notícia pode ser um choque para a maioria de vocês, mas não há nada que pudesse ter sido feito para impedir que isso acontecesse. Estas dispensas foram inevitáveis. Não é culpa de vocês.
Não, não é minha culpa; e também não tem nada a ver com a minha multitarefa, como eu suspeitei por alguns momentos quando li "Rescisão de contrato de emprego".
Por uma fração de segundo eu imaginei que alguém poderia estar monitorando meu computador, lendo as mensagens que eu enviava no WhatsApp. Eu imaginei que talvez houvesse uma câmera escondida no meu escritório, atrás da minha mesa, vigiando-me enquanto eu lia a Glamour, vigiando-me enquanto eu pintava as minhas unhas. Mas não. Nada daquilo estava acontecendo, porque aquilo não era minha culpa.
Eu olho ao redor da sala. Como ninguém mais está se manifestando, eu aponto a mim mesma como porta- voz do grupo.
- E o que vocês esperam que nós façamos agora?
Alguns colegas de trabalho concordam com um meneio de cabeça quando eu falo. Sinto-me orgulhosa por ser a líder deles.
- Bem, eu tenho certeza de que todos vocês querem sair correndo daqui, ligar para suas famílias e amigos, e contar a eles o que está acontecendo - diz Axel. - Mas eu não preciso lembrá-los de que todos aqui nesta sala assinaram um acordo de confidencialidade quando toda essa confusão começou. Por favor, evitem comentar sobre o assunto com qualquer pessoa, especialmente com a mídia. A última coisa que eu quero é que os detalhes desta reunião apareçam em algum jornal e...
- Com licença - eu interrompo. - Eu não estava perguntando sobre como devemos falar sobre isso para nossas famílias e para os jornais. O que eu quero saber é: o que vamos fazer agora? Por exemplo, quando será o nosso último dia de trabalho?
- Hoje é o último dia para vocês - diz Axel, em voz baixa.
Hoje? Estou tão chocada que nem consigo reagir.
- Olhem, eu sei que é algo difícil de entender para todo mundo aqui. Mas, por favor, saibam que essa não foi uma decisão fácil É algo que estamos considerando há algumas semanas. A empresa está com pouco dinheiro; essas dispensas foram inevitáveis.
Inevitáveis? Minha cabeça começa a girar, e a raiva me causa tonturas. Há algumas semanas, quando começaram a circular os rumores de que haveria algumas demissões, Axel as negou veementemente, dizendo que nada daquilo era verdade. E agora, repentinamente, nos dizem que elas eram inevitáveis?
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Qual seu número?
FanfictionNova York, início da Primavera. Anahí Portilla lia seu jornal favorito quando fica horrorizada ao ler, que as mulheres têm em média 10,5 parceiros sexuais ao longo da vida. Acreditando que o número é baixo demais, ela puxa da memória todos os homens...