Onze

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Número 15: o CHM2
Nome verdadeiro: Channing Matthew
Relacionamento totalmente baseado em sexo, sem envolvimento emocional. Obcecado por seu cão.

Bip

"Anahí, aqui é a sua mãe quem fala. Quer dizer então que a própria Elisabeth a enviou em uma viagem especial e confidencial? Que maravilha! Divirta-se na sua viagem, querida, e não se esqueça: beba bastante água e use hidratante. Viajar de avião resseca muito a pele e você não pode se dar ao luxo de que isso aconteça. Eu percebi que as linhas de expressão ao redor dos seus olhos estão ficando mais aparentes.
Divirta-se!"

Bip

"Oi, aqui é Dulce. Recebi sua mensagem. Estou morrendo de inveja por causa da sua viagem. A mamãe está me deixando louca. Ligue para mim."

O CHM2
Quarta-Feira, 6 de Abril
Depois de colocar um cheque de 150 dólares por baixo da porta de Alfonso, eu saio cedo na manhã seguinte. Filadélfia é uma boa idade para começar minha busca, porque fica perto de Nova York e eu sou uma péssima motorista.

Não tenho problemas para dirigir na cidade (todas aquelas paradas e retomadas são reconfortantes), mas eu realmente não gosto de fazê-lo em estrada. Além de ter medo de dirigir em alta velocidade, eu acabo ficando meio paranoica quando as coisas ficam calmas demais, como quando estou na mesma velocidade de todos os outros motoristas.

Eu começo a ouvir barulhos estranhos - zumbidos, rangidos e chiados - que não estão realmente ali, e eu fico imaginando que um dos pneus está prestes a se desprender ou que o motor vai explodir. Por causa desse medo, eu sou cautelosa quando dirijo, talvez um pouco cautelosa demais. Eu sou o tipo de motorista que todo mundo odeia quando está na estrada, aquela que dirige a 60 km/h quando todo mundo está andando a 90, com as mãos segurando o volante pela parte de cima.

Eu sou um desastre.

Como eu não quero que o simples fato de não saber dirigir direito me impeça de botar o pé na estrada, eu acabo me convencendo de que um pouco de prática é tudo de que preciso. Até que me sinta mais confortável e para fazer com que a minha mente pare de se preocupar com qualquer besteira, e também para encobrir os zumbidos, rangidos e chiados, eu ligo meu iPod na playlist com músicas do ano 2000, pois foi naquele ano que conheci a razão pela qual estou viajando para a Filadélfia.

À medida que os sons do N'Sync começam a encher meus ouvidos, eu digo "Baby, bye, bye" a Nova York e começo a me lembrar do número 15 da minha lista, Channing Matthew.
Eu não sei se namorar é a palavra certa para descrever o relacionamento que tive com ela não foi nada do tipo "uma noite e nada mais", mas ele também não foi um namorado, por assim dizer.

Na verdade, ele nunca chegou a me levar para jantar. O eu posso dizer? Às vezes acontece de ficarmos com um cara desses. Eu tinha 25 anos naquela época, e a minha vida social era bem movimentada. Todo fim de semana eu saía com minhas amigas para alguma balada no clube de Manhattan mais movimentado naquele momento, e nossos corpos suados dançavam até o raiar do dia. E nós sempre dávamos de cara com Channing e seus amigos, não importava em que lugar da cidade estivéssemos.

O motivo de termos reparado neles, inicialmente, foi porque eles eram caras grandalhões, gente que não parecia se encaixar com o resto do ambiente. Perceba: quando um lugar em Manhattan é considerado quente, não é qualquer pessoa que pode entrar no recinto e tomar uma bebida. Para conseguir entrar, você tem de conhecer alguém que coloque o seu nome em uma lista, ou precisa ter uma ótima aparência, boa o bastante para impressionar o porteiro. E é mais fácil falar do que fazer algo assim, porque os porteiros desses lugares geralmente são uns estúpidos, especialmente no trato com rapazes.

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