Epílogo

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Meu primeiro, meu último, meu tudo. Tudo bem, Alfonso talvez não seja o meu primeiro, mas ele é o meu tudo. Eu acho.

Eu espero. Porque, afinal, ele está certo. A gente nunca sabe com certeza.

Ah, o que estou dizendo? Eu sei. Eu tenho certeza de que sei.

Duas semanas depois, eu acordo na casa de Alfonso quando nossos dois telefones tocam ao mesmo tempo. (Sim, eu fiz com que ele esperasse duas semanas. O que você acha que eu sou? Uma mulher qualquer?) Ultimamente, parece que o mundo inteiro está nos ligando perguntando sobre meu novo emprego na Vintage Vogue, sobre a minha opinião a respeito de Elisabeth Sterling ter sido declarada inocente, buscando informações sobre o novo papel de Alfonso, ou para comentar nossa foto e história que foram publicadas na primeira página do New York Post, na segunda-feira, após o casamento de Dulce.

Sim, eu apareço de lingerie e camiseta na foto, ela foi tirada de modo que eu apareça de lado, então não ficou tão ruim quanto se eu tivesse sido fotografada por trás. Estou com meus braços e pernas ao redor do corpo dele enquanto ele me segura, e estamos nos beijando.

Ao lado da nossa foto há um artigo sobre encontrar o amor nos lugares mais inusitados, como o artigo que eu li há vários meses que dizia como encontrar o amor na linha F do metrô. É engraçado o jeito como as coisas acontecem.

Embora o celular que esta tocando seja o de Alfonso, eu atendo. Não tenho que me preocupar com esse tipo de coisa quando estou com ele.

- Ah... oi - diz uma voz masculina que eu não conheço. - Eu gostaria de falar com Alfonso. Ou com uma garota chamada Anahí.

- Pois não... . aqui é Anahí falando.

- Oi, meu nome é Daniel Uckermann. Isso é meio esquisito, mas eu recebi uma mensagem que pedia para ligar para você, já faz algum tempo. Desculpe por demorar tanto para retornar a ligação, mas eu estava viajando a negócios.

- Daniel Uckermann? - eu me endireito na cama.

- Isso - diz ele.

- Aquele Daniel Uckermann? Que as pessoas apelidaram de Nukes?

- Sou eu mesmo
.
Oh, meu Deus. Nukes. Muitos Coco Locos na cabeça.

- Você se lembra de mim? - eu pergunto. - Cabo San Lucas? Nas férias de 1997?

- Ah... sim... sim! Eu me lembro sim.

Anahí, a garota da...

- ... cama elástica - dizemos nós dois ao mesmo tempo, e caímos na risada.

- Sim, sou eu mesma.

- E então? Do que você precisa?

- Bem, é engraçado, mas acho que não preciso de mais nada.

E então, rapidamente e sem me prender a muitos detalhes, eu conto toda a história a Nukes. Quando eu termino, ele não diz nada.

- Oi? Tem alguém aí?

- Oi... ainda estou aqui - diz ele. - Estou somente um pouco abalado e confuso.

Confuso? Confuso por quê?

- Confuso porque... bem, Anahí, eu sei que nós dois bebemos muito naquela noite em que ficamos juntos, mas acho que você acabou indo um pouco mais além do que eu. A realidade é que... nós não chegamos a transar.

Não chegamos a transar? Como assim?

- Quase aconteceu - explica Nukes. - Você não lembra? A cama elástica era instável demais.  Para falar a verdade, nós nem conseguimos tirar a roupa.

- Tem certeza?

- Absoluta.

Lentamente eu começo a me lembrar daquela noite. Meu Deus, Nukes tem razão. Ele estava usando uma sunga bem justa, e isso foi tudo.

- Quer dizer que eu e você não fizemos sexo?

- Não.

Meu Deus... isso significa que Alfonso é... eu não acredito! Depois de tudo que eu passei.

- Nukes, eu preciso ir agora - eu digo a ele. - Obrigada por ligar, obrigada mesmo! Tudo de bom para você.

Quando eu desligo o telefone, um sorriso se forma em meu rosto. Eu não acredito. Não acredito que, depois de tudo o que aconteceu, agora quando eu finalmente percebi que números não têm a menor importância...

Eu olho para Alfonso , que ainda está dormindo ao meu lado. Inclinando-me sobre ele, eu o beijo sobre os olhos, e depois no nariz, e depois nos lábios. Ele abre os olhos e olha para mim. Quando ele estende os braços e me puxa para perto dele, eu me aconchego junto ao meu número 20.

Não que o número tenha alguma importância, agora. Eu espero que ele fique comigo para sempre, mas, mesmo que isso não aconteça, mesmo que ele deixe de me amar amanhã, eu sei que fiz a coisa certa. Este momento, o aqui e o agora, é melhor do que tentar me encaixar em uma média que alguém criou.

Ainda acho que a imagem de uma mulher de 70 anos que já transou com 78 homens é um pouco inquietante. Mesmo assim, se algum dia eu chegar a esse ponto, eu espero já ter parado de contar com quantos homens fiquei.

E agora, eu tenho um anúncio para fazer.

Que rufem os tambores, por favor! (Os tambores rufam.)

Meu nome é Anahí Portilla. Tenho 30 anos, sou solteira... e sou fácil!

(Aplausos ensurdecedores.)

Obrigada!

Muito obrigada.

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