Chega a noite e começo a elaborar o meu plano. Preciso de três coisas para que a minha ideia funcione. A primeira é que, não posso simplesmente ser internada em uma clínica de reabilitação com um cachorro: assim, preciso encontrar um lugar onde posso deixar Eva.
A segunda é que eu detestaria ter o meu pedido de internação recusado simplesmente por não ser viciada em drogas; portanto, preciso dar um jeito de consumir algumas drogas, caso eles façam algum exame de sangue ou coisa parecida. E, a terceira é que preciso encontrar uma história triste sobre como alguém caiu no mundo das drogas, uma história sobre como alguém caiu no mundo das drogas, uma história que eu possa dizer que é minha. Os especialistas que comandam aquele lugar vão fazer perguntas quando eu chegar lá, e eu vou precisar saber como responder.
Sim, sei que estou começando a ficar louca, mas estou ficando sem homens, ficando sem opções.
Preciso fazer com que as coisas deem certo com o Loiro Gostosão! Eu preciso!
Em relação a Eva, depois de pesquisar um pouco, encontro uma clínica veterinária respeitável, e marco uma consulta para que ela seja castrada. O garoto da pet shop em Filadélfia recomendou que eu fizesse isso antes que ela completasse sete meses de idade, caso contrário, ia entrar no cio e suas tetas iam inchar.
A recepcionista da clínica me diz que eles hospedam cães por até duas noites após uma castração, e eu imagino que isso deve me dar tempo suficiente para entrar e sair da clínica de reabilitação.
Tudo o que preciso fazer enquanto estiver lá é conversar com Loiro Gostosão.
Agora, as drogas... embora a ideia de entorpecer a dor da rejeição com um punhado de bonecas não pareça ser tão ruim, eu preciso ser capaz de pensar de maneira clara para conseguir fazer o que quero.
Certa vez eu assisti a um especial da MTV que disse que, se você comer uma boa quantidade de sementes de papoula antes de passar por um teste para detecção de uso de drogas, é possível ter um resultado positivo para opioides. Sabendo disso, eu relutantemente engulo não apenas uma, mas seis rosquinhas recheadas com sementes de papoula. Eu digo "relutantemente" porque não costumo comer rosquinhas. Não desde que meu ginecologista disse que o meu colo do útero se parece com uma rosquinha.
Finalmente, a história é triste. O que são opioides? Qual é a sensação quando alguém toma um opioide? Para dizer a verdade, eu não fazia a menor ideia...até ler uma edição especial da revista Star dedicada a celebridades e seus vícios. Sim, se a verdadeira história das drogas de Hollywood fosse publicada, teria que ser na Star.
Depois de reler aquela edição uma dúzia de vezes, eu me sinto bem confiante a respeito das minhas drogas. Assim, eu fecho a revista e, pouco tempo depois, estou dormindo.
Na manhã seguinte, depois de deixar Eva na clínica veterinária, em meio a muitas lágrimas( eu me sinto mal por ter que me afastar dela), novamente pego a longa estrada que leva a Lily Pond.
Como aquele lugar é bem melhor do que os hotéis em que fiquei hospedada até o momento (o Ritz não conta, pois não cheguei a passar a noite ali), eu até me sinto um pouco animada por estar aqui. Depois de estacionar o carro, vou até a recepção e dou uma olhada rápida para ver se Jensen está por ali. Se ele estiver, meu plano é esperar para me internar na clínica até que ele esteja em seu horário de almoço.
Sem ver aquele sinal dele, entro e vou até o balcão. No lugar de Jensen está sentada uma mulher negra enorme. O crachá dela traz o nome " Lucille". Quando eu me aproximo, ela olha para mim e sorri.
- Posso ajudá-la?
- Pode sim. Eu gostaria de me internar.
- Você veio sozinha? – pergunta ela, olhando por trás de mim.
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Qual seu número?
FanfictieNova York, início da Primavera. Anahí Portilla lia seu jornal favorito quando fica horrorizada ao ler, que as mulheres têm em média 10,5 parceiros sexuais ao longo da vida. Acreditando que o número é baixo demais, ela puxa da memória todos os homens...