Seis

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Meu apartamento fica no quarto andar de um prédio em Noho, uma área na região do East Village. Enquanto eu subo (ou rastejo?) os três lances de escadas, tento fazer o mínimo de barulho possível. Não quero que Maite saiba que já cheguei em casa. Eu ainda não decidi se vou contar a ela a respeito do que aconteceu com Axel.

Quando eu chego ao andar onde fica o meu apartamento, estou com a impressão de ter escalado o monte Everest, e desabo ao chão. Fico ali deitada por recuperando o repentinamente, apartamento vizinho se abre com violência, assustando-me bastante.

Antes que eu consiga me levantar, já passaram dos 50 anos, três deles vestindo uniformes da polícia de Nova York, saem do apartamento.

Quando eles me veem, eles sorriem.

- Acho que Alfonso não foi o único a se meter em encrencas na noite passada - diz um deles.

Enquanto me esforço para me levantar, meu vizinho Alfonso aparece um momento, fôlego, quando, a porta do na soleira da porta, vestindo apenas uma cueca boxer preta e uma camiseta branca de tecido fino.

Passando os dedos pelos cabelos escuros, curtos e desgrenhados, ele abre um sorriso malandro quando percebe que estou ali.

- Ah, não ligue para ele - diz Alfonso, com seu forte e melodioso sotaque irlandês.

- Ele está brincando.

Eu sorrio e os cumprimento. Não conheço Alfonso muito bem. Tudo o que sei é que ele se mudou para cá há alguns meses, vindo de Dublin, e que ele é lindo. Ele tem olhos grandes e verdes, como os de um cachorrinho recém-nascido, com um brilho maroto no olhar que faz as mulheres se derreterem e os maridos se preocuparem.

Ele tem uma aparência um pouco desleixada, meio parecido com Johnny Depp quando era mais novo. Eu imagino que temos mais ou menos a mesma idade.

- Anahí, este é o meu pai - diz ele, apontando para o homem que está ao seu lado. Aquele que não está usando uniforme de policial. É incrível como eu não canso de admirar sotaques estrangeiros.

Coisas pequenas como essas sempre me alegram quando estou de ressaca.

Em vez de me cumprimentar, o pai de Alfonso se vira em direção a ele e lhe dá um tapa no ombro.

- Jesus Cristo, não seja deselegante, garoto! Vá vestir suas calças antes de conversar com esta moça, sim ?

Ele também fala com um sotaque irlandês típico.

- Ah, não precisa ficar bravo - diz Alfonso, olhando para seus trajes. - Não estou nu, pelo amor de Deus.

Ele olha para mim.

– Anahí, isto que estou vestindo lhe incomoda?

Incomodar? A cueca boxer que ele está usando é a melhor coisa que vi nos últimos dois dias.

– Não, está tudo bem – eu digo, tentando não olhar fixamente.

Alfonso olha para seu pai e sorri.

– Viu como não tem nada de errado?

O pai de Alfonso balança a cabeça, e depois vem até onde eu estou e pega na minha mão. - Armando Herrera – diz ele, apresentando-se. – E você é Anahí?

- Sou – eu digo assentindo.

Armando sorri e apresenta seus amigos.

– Anahí, estes são os meus amigos, e todos eles se chamam Armando também – começando com o que está à esquerda, ele vai apresentando um por um. – Este é Armando Callahan, este é Armando Murphy, e este é Armando O'Shaughnessy. Armandos, digam "oi" para Anahí.

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