Vinte um

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Bip

" Anahí, aqui é Maite. Por que você não me ligou de volta? Ah, e a sua mãe... alguém precisa dar um jeito nela. Será que você poderia lhe telefonar, por favor? Ela deu um jeito de entrar no prédio esta manhã e veio bater na minha porta, procurando por você. Eu fingi que não estava em casa. Ligue para mim. Tchau.

Bip

"Aqui é Dulce. Eu preciso muito falar com você. Ligue para mim"

Para: Anahí Portilla
De: Alfonso Herrera
Assunto: Ian Somerhalder

Ian Somerhalder é solteiro e está morando no Colorado. No arquivo anexo você encontrará vários dos endereços dele, incluindo o mais recente, em Boulder. Se por alguma razão o anexo não abrir, você pode encontra-lo facilmente na internet. Tudo que tem de fazer é digitar

'Cadeia Municipal de Boulder ' no Google, e provavelmente o endereço vai ser o primeiro link da página.

Hmmmm... um presidiário? Eu nunca poderia imaginar que gostasse de criminosos. Você parece ser muito inocente.

Falando sério agora: ele deve ser solto dentro de trinta dias. Se você quiser o endereço de onde ele estará morando quando sair da cadeia, posso pedir para um dos Jimmys entrar em contato com o policial responsável por supervisionar a liberdade condicional de Ian. Avise-me se precisar disso.
- AH.

Quarta-feira, 20 de Abril

Na manhã seguinte, enquanto espero na fila para pagar pela gasolina que coloquei no carro, ainda em Nova Orleans, sinto que meu estômago está embrulhado.

Por dois motivos: o primeiro é que estou tão ansiosa para pegar a estrada s e novo, porque eu odeio, odeio o carro que aluguei, com todas as minhas forças. Ele é uma sucata.

Literalmente.

Parece que foi construído com caixa de papelão, e o segundo, eu não consigo acreditar que o cara com quem transei pela primeira vez está na cadeia. Isso é horrível – ele foi o primeiro amor da minha vida. Foi com ele que tudo começou. É como um sinal divino, como se Deus me dissesse: "Você está condenada desde o início. Eu nem sei porque você ainda tem esperanças".

Ian não foi "o " amor da minha vida, mas ele foi o meu primeiro amor. Assim, eu sempre o guardei em um lugar especial no meu coração.

Nós estudávamos juntos no ensino médio e tivemos um namoro intermitente durante o segundo e o terceiro anos. Eu era louca por ele. Ele parecia um daqueles garotos de colégio interno, bem ao estilo da Sociedade dos poetas mortos. Ele também era meio hippie, mas, de certa forma, vinha de uma família privilegiada de Connecticut.

Por exemplo: os blusões que ele usava podiam estar puídos nos cotovelos, mas eram feitos de casimira. E ele poderia passar um mês inteiro seguindo a turnê da banda Phish, mas faria isso dirigindo um BMW.

Ian era um filhinho de papai, um dos garotos ricos da cidade, mas ele não agia como um deles. Era tranquilo, gentil e quase não era arrogante. Em um belo dia de primavera, algumas semanas antes da formatura, Ian veio até a minha casa. Como minha mãe e Victor estavam fora da cidade, eu lhe ofereci um cerveja e resolvi tomar uma também. Nós dois ficamos sentados na varanda dos fundos da minha casa, bebendo.

Nunca vou me esquecer da sensação que tive naquele dia. Era primavera, então tudo parecia muito vivo do lado de fora, e eu estava prestes a me formar a sair da casa da minha mãe pela primeira vez. E me sentia vivia por dentro.

Ian e eu olhamos um para o outro sem dizer muita coisa naquele dia. Acho que estávamos começando a assimilar o fato de que iríamos para escolas diferentes, e nenhum de nós sabia exatamente o que dizer. Ainda me lembro dele sentado ali, parecendo um pouco maltratado no uniforme azul-marinho da escola. Ele era muito bonito. Uma gravata vermelha estava afrouxada ao redor do pescoço, com aquela cabeleira em tom castanho lhe caindo sobre a testa e as bochechas um pouco avermelhadas.

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