Trinta e Dois

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Depois de voltarmos para o Waldorf para pegar a Vespa, Alfonso nos leva de volta para o apartamento. Atendendo ao meu pedido, ele não dirige a mais de 25 quilômetros por hora, porque Eva está prensada entre nós dois em sua bolsa e eu não acho que seja seguro.

Quando chegamos em casa, nós dois estamos despenteados e com as roupas desalinhadas. A umidade está alta demais para o mês de maio, e o ar parece estar ficando mais denso.

Eu acho que pode começar a chover mais tarde.

Depois de trocar de roupa e vestir um jeans e uma camiseta, eu vou até o apartamento de Alfonso. Não estamos com nossos aparelhos de ar condicionado ligados, mas o apartamento dele parece ser um pouco mais fresco que o meu. Durante o restante da tarde, nós dois aproveitamos a companhia um do outro e fazemos coisas bobas.

Desenhamos caricaturas um do ouro, assistimos ao episódio de Law & Order em que ele apareceu (ele tinha apenas uma fala e executou com perfeição), e disputamos para ver quem consegue olhar nos olhos do outro mais tempo sem rir para compensar todas aquelas conversas telefônicas (e ele sempre ganha, porque eu sempre caio na risada).

Depois de telefonar para os Armando's para ver se eles conseguem dar um jeito nas cinco multas que eu ganhei em Los Angeles (eles conseguem, e elas somem do sistema. Oba!) nós dois observamos Eva enquanto ela explorava o apartamento de Alfonso.

É incrível o jeito como ela descobre o perímetro de um quarto lambendo a poeira do chão, igualzinho a um Roomba. Um daqueles
aspiradores de pó robóticos que limpa o chão enquanto se fica sentado observando. Estou falando sério jogue fora suas vassouras, doe seu aspirador de pó para outra pessoa e dispense a empregada. Tudo o que uma pessoa precisa para manter uma casa limpa é ter um yorkshire.

Quando a noite cai, o ar fica mais denso e, embora o apartamento de Alfonso seja abafado, é bom ouvir o zunzum de Nova York, o trânsito, as pessoas, em vez do barulho de um ar- condicionado. Nós telefonamos para um restaurante coreano para pedir o jantar, e depois comermos, deitamos no sofá no escuro – cada um em uma ponta – dividimos uma garrafa de vinho e contamos histórias.

Eu falo a Alfonso sobre a clínica de reabilitação, os gêmeos, as diferenças entre fantoches e muppets, e ele fala mais sobre Dublin, sobre a carreira de ator e sobre a sua família.

- Não, não, não - eu digo, enquanto ele tenta me contar aquelas histórias. - Eu quero saber mais sobre suas ex- namoradas. Eu quero ouvir os detalhes sórdidos.

- Nããããããão - diz Alfonso, rindo. – De maneira alguma, eu me recuso a falar sobre isso.

– Tudo bem, então. Que tal me falar sobre as suas namoradas atuais?

– Não tenho nenhuma namorada atualmente.

Eu reviro os olhos.

– Ah, não tente me enganar. O seu celular está tocando sem parar desde que saímos da Saks.

Quando eu digo isso, a luz do celular dele se acende, indicando uma chamada. Sorrindo, nós dois tentamos pegar o aparelho ao mesmo tempo, e a minha mão é a que chega lá primeiro. Enquanto examino as ligações que ele recebeu recentemente, eu leio os nomes em voz alta.

– Britney, Lacy, Mark, Amy, Chrissy, Alisson – eu digo, antes de colocar o telefone de novo sobre a mesa de centro. – Cinco mulheres nas últimas horas!

– Eu não estou namorando nenhuma delas – diz ele, se defendendo.

– E elas sabem disso?

– É claro que sabem! Olhe, não sou nenhum anjo, mas também não sou nenhum canalha. Eu não durmo com várias mulheres ao mesmo tempo e nunca tratei uma mulher com nada menos do que respeito.

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