28. j'ai passé

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Meu rosto estava úmido e mesmo com meus olhos fechados a claridade excessiva incomodava. Acordei no tapete da minha sala e percebi que Joe lambia minha cara com devoção e Aimée não estava por ali. Tateei ainda sem abrir os olhos para conferir se ela apenas não estava um pouco mais distante, porém nenhum sinal da mulher que me amou da forma mais intensa na noite passada.

Ouço o toque do meu celular tocar ao fundo e entendo que preciso levantar. As minhas roupas não estavam em um espaço visível e certamente foi Aimée quem buscou a coberta grossa que não me deixava totalmente exposta.

Joe continuava sentado esperando qualquer reação da minha parte para servir sua refeição matinal e água fresca, os pelos claros e caramelizados estavam enormes e isso me incomodava. Sempre fazendo uma nota mental para levá-lo até a Pet Shop mais próxima afim de deixar meu cachorro ainda mais bonito do que o habitual.

A porta sinaliza a chegada de alguém e antes de sair correndo para me vestir, vejo minha noiva entrando com duas sacolas nas mãos.

- Até que enfim acordou! - ela diz, os óculos escuros pendurados em sua t-shirt branca denunciava que o frio havia dado uma trégua e o Sol resolveu fazer uma visita. - Fui até a panetteria. Precisava de glúten e um bom croissant. Peguei o seu carro, espero que não se incomode. - balança as chaves.

- Que horas são?

- Quase nove, dorminhoca. - começa a servir a mesa. Caminhava entre a cozinha e a sala de estar diversas vezes carregando geleia, queijo, algo parecido com um salame, suco, café, xícaras, copos e pratos.

- Isso tudo só para nós duas?

- Tradição de família. - dá de ombros. - Tenho fugido demais das minhas origens comendo porcarias pela manhã.

- Oh, não me lembre do pão francês do seu pai.

- Você precisa comer o que ele faz com queijos e especiarias. - fala enquanto anda por toda a sala.

- Não vejo a hora de voltar a comer tão bem.

- Acho que estou bem alimentada por ora. - sorri.

- Você...

- Não está com fome?

Sinto meu estômago protestar.

- Morrendo de fome. Mas meu corpo se recusa a sair daqui.

- Estou esperando você.

- Pode começar sem mim, amor. Preciso realmente de um banho.

- Claire, não me faça ir aí e te pegar pelas pernas para vir tomar café comigo.

Contra a minha vontade levanto em busca de qualquer peça de roupa que pudesse cobrir minha nudez.

- Pode continuar assim, a vista daqui está maravilhosa. - murmura já sentada na mesa, as pernas cruzadas e o cabelo bem maior agora resistindo em cair nos seus olhos.

- A menos que queira voltar para aquele tapete e não sair de lá nos próximos três dias, não repita isso.

Encontro sua camisa dos Lakers e minha calcinha.

- Por que você disse em um tom ameaçador? Como se... fosse ruim?

- É... não seria ruim.

- Na cama da próxima vez, estou realmente destruída por dormir no chão.

- Talvez você tenha perdido o jeito. - provoco, ela já me servia de café e preparava algumas torradas com geleia.

- Não pareceu que perdi o jeito noite passada.

02:09 Onde histórias criam vida. Descubra agora