12. de sens

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Os dias seguintes foram os mais insuportáveis que pude ser capaz de viver. Henry chegava todos os dias, de manhã e bêbado em casa derrubando qualquer coisa que seja, colocando a culpa de tudo sobre mim e tentando fazer com que me sinta pior do que tenho estado.

O convite da formatura de Gio havia acabado de chegar e ele jogou pela janela. Todo o meu desespero se transformou em medo. Medo do homem que convivo há mais de três anos da minha vida.

Além de tudo isso, há mais uma coisa:

Aimée Valon.

As vezes penso que as forças superiores me odeiam tanto para mandarem essa mulher para tão perto de mim com o único e exclusivo objetivo de me enlouquecer. Não durmo bem faz noites e quando consigo, de alguma forma ela adivinha para fazer com que acorde novamente.

Carol, Catherine, Carla, Carmen, Camila, Clarice, Charlotte...

Esses foram apenas alguns dos nomes que ouvi durante todos esses dias.

E que ela fazia questão que ouvisse.

Fiz uma denúncia para o síndico do condomínio reclamando do barulho, mas nada foi realmente resolvido. Ainda ouvia sua voz e seus suspiros todas as noites, com várias mulheres diferentes. Esbarrei com uma ou duas saindo pela manhã enquanto ia para o trabalho.

Joe estava esparramado no sofá quando fui até a cozinha para pegar meu copo térmico e começar mais um dia de trabalho.

Repus sua ração, água e segui para o pátio torcendo para nao esbarrar em nenhuma desconhecida no caminho.

Ao invés disso, uma Aimée de bermudas largas e um top escuro, claramente mais magra posava na portaria do prédio se despedindo da mulher número mil e um.

Estagnei e não consegui me mover.

Admirar tão de perto toda a sua beleza me fazia tremer um pouco. Desci os poucos degraus e segui para o estacionamento aberto, onde estava meu carro.

Passei pelas duas mulheres, Aimée descalça e acariciando os ombros da mulher de cabelos castanhos escuros cortados na altura do pescoço.

- Bom dia, vizinha. - ela diz, um sorriso em seus lábios.

- Bom dia. - a mulher ao seu lado diz.

- Bom dia. - respondo, passando pelas duas.

- Ah, Claire! - Aimée caminha até mim. - Uma carta em seu nome foi enviada por engano para o meu apartamento, se importa de passar lá mais tarde para pegar?

- Coloque debaixo da minha porta. - dou as costas, mas meus braços estão presos em volta de suas mãos.

- Você poderia ir buscar.

- E você colocar debaixo da minha porta.

- O que foi?

- O que foi?!

- Você está brava. - seu sorriso se amplia mais. - Está brava porque entrou mais uma no Game of Thrones da família Graham e o trono não é mais do seu amado esposo?

- Como você é estúpida! Sabia o tempo todo que Henry era meu marido.

- Já disse uma vez e volto a repetir, Claire... você não é boa em disfarçar.

- Você não vale um centavo, Aimée.

- E você gosta disso. - enrola uma mecha do meu cabelo solto em seu indicador. - Você não parece ter dormido bem.

- Acredite, nunca dormi tão bem em toda a minha vida.

- Não parece verdade, Claire. Está com a aparência cansada.

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