10. le toucher

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A respiração descompassada, o clima quente e a brisa fria se misturando como se fossem compatíveis e feitos um para o outro. Mais um toque, mais um beijo e dois passos para estar em seus braços novamente. Lembrar do que aconteceu há duas semanas tem sido meu maior martírio. Talvez por ser a primeira e única vez que alguém me teve tão intimamente e por não saber se isso é algo positivo ou não. A linha temporal que ronda meus pensamentos diverge do atual estado de espírito que me encontro.

Giovana solicitou seu pedido de demissão que concedi dois dias depois. Não houve muito assunto após isso e esbarrar com ela duas ou três vezes pelas ruas de San Borat sem que ela venha até mim com seu majestoso sorriso, é meu flagelo. Estar sem minha melhor amiga fez meu humor oscilar nesses quatorze dias como se nada fizesse muito sentido depois que tive o prazer de tê-la em minha vida.

- Sai, sai cachorro idiota! - ouço a voz de Henry que esteve fielmente presente todos esses dias em casa. Nós jantamos juntos, nós bebemos um bom vinho e assistimos filmes que lembrava nossos tempos de namoro.

- Ele não é idiota, Henry. - abro meus olhos para deparar-me com Joe esparramado pelo lado da cama de Henry. - Joe...

O cachorro me encara e dado por vencido desce da cama.

- Joe ainda vai roubar você de mim.

- Ele deveria.

- Talvez... - me abraça, cobrindo nossos corpos com a manta antes jogada em meus pés. - Estou tão nervoso.

- Nervoso? Mas você se preparou a vida toda para este momento.

- Sim, mas... bem, é tenso da mesma forma.

- Imagino. Há quanto tempo você e Mark brigam por isso?

- Há vinte e sete anos.

- É o seu momento agora.

- Você acha?

- Sim, seu pai sempre teve um favorito.

- Não quero vencer por favoritismo. Sou competente, os números da empresa só crescem comigo no comando. Sou o melhor.

- É justo de qualquer forma.

- Ainda bem que estará lá comigo. Talvez eu não consiga se não estiver presente.

- Claro que conseguiria.

- Você já escolheu sua roupa?

- Raven escolheu e me mandou.

- Tem conversado bastante com ela ultimamente.

- Preciso de companhia quando você não está.

- Por isso o cachorro está aqui.

- Não, Joe está aqui porque você bateu meu carro enquanto brigávamos.

Henry me encara, uma carranca formada.

- Você não aceita os fatos. - digo.

- Achei que fosse passado.

- Não é porque passou que irei esquecer.

- Mas deveria.

- Henry, você surtou porque dancei uma música com seu primo Terry. E Terry é gay!

A mata que cercava a rodovia sumia diante de meus olhos e os vidros embaçados pela calorosa discussão que Henry e eu tivemos minutos antes de ser arrastada para fora da festa de seus pais denunciavam sua exaltação.

- Você não deveria ter dançado com ele! Qual é a porra da sua intenção? Me humilhar?

- Henry, por que seria humilhante dançar uma música com seu primo?

02:09 Onde histórias criam vida. Descubra agora