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22. de t'embrasser

A estrada em minha frente parecia nunca ter fim. Meu pai estava ao meu lado com um suéter qualquer e calça de moletom. Ter acordado Paul para voltar até San Borat fez com que ele se enchesse de dúvidas e uma interrogação gigante se instalasse no topo de sua cabeça. Julie não atendia o celular e provavelmente estava dormindo àquela hora. Liguei para Thomas, mas seu celular aparentemente estava descarregado. Tudo estava me deixando uma pilha de nervos. Quando meu pai se deparou comigo devidamente vestida tentando arrancar com o carro, se desesperou e tentou me acalmar. Confusão e desespero tomaram conta de tudo em mim e nada a mais de dois palmos do meu rosto era enxergado com nitidez.

- Claire, você vai dizer o que está acontecendo ou não? Está a ponto de ter uma síncope. Confia em mim, filha. Me diz o que houve.

- É muito complicado, pai. Muito mesmo.

- Então tenta me explicar. - diz, enquanto dirige o meu carro em direção à divisa de Fucks.

- Aimée foi presa. Armaram para ela.

- Presa?! Como assim, Claire? Essa mulher é perigosa, minha filha?

- Não, pai. - uma lágrima culpada escorre pelo meu rosto.

- Não quero você se envolvendo com uma criminosa, Claire! Meu Deus, vamos voltar para casa, filha.

- Pai, não. Nós precisamos ir até San Borat. Preciso saber como ela está e tirar ela de lá o mais rápido possível.

- Claire, se essa mulher não é boa pessoa não tem que se relacionar com ela! Você tem uma carreira, tem sua vida e sua casa. Não pode colocar tudo isso a perder por...

- Pai, Aimée é meio-irmã de Henry. - fecho os olhos para não enxergar o semblante assustado do meu pai.

- Tudo bem, eu preciso de uma explicação plausível e sólida para isso. - para o carro no acostamento. - Ou não consigo me mover mais um metro, Claire Helouise Parker Lessing. - me chama pelo nome completo, com o sobrenome da minha mãe.

- Pai, nós precisamos ir.

- Não antes de me explicar que confusão é essa que a sua vida está se tornando. Pelo visto eu não sei nem metade e do jeito que está, apenas eu não sabia de nada.

- Ok, você precisa se acalmar agora.

- Não é algo fácil. Sabe que não é fácil o que está me pedindo. - sua expressão amedrontada me cortou o coração e decidi contar tudo do início ao fim.

Sobre como o meu casamento foi decepcionante desde o primeiro dia e como me sentia ao estar casada com Henry até Aimée aparecer e as coisas mudarem drasticamente. Entrei na parte em que sabia das traições de Henry e de todas as vezes que ele me agredia verbalmente para depois me oferecer um presente qualquer afim de fazer as pazes. Expus a situação de Aimée com a Grandest e seu objetivo final que era tomar posse de tudo aquilo. Meu pai estava indescritível quando terminei o meu monólogo. O nervosismo que tudo aquilo abordava me assustava. Estávamos perdendo tempo demais e Aimée estava sendo acusada por algo que não fez.

- Sua mãe já sabia de tudo isso?

- Sim, pai. Julie também sabia. As duas viviam tentando me fazer acordar do pesadelo que era estar imersa naquele relacionamento com Henry. Só que... precisei infelizmente ver com meus próprios olhos ou que Aimée me mostrasse a realidade. Ela realmente fez com que mudasse os meus princípios do dia para a noite.

- E ela é filha de William e Alex?

- Não. - Paul massageia as têmporas. - William abusou de uma funcionária quando já era casado. Aimée é filha de William com Irna.