4. plus vous satisfait

64 5 37
                                        

Fiquei desconfortável em todo o caminho para casa e antes de chegar na garagem do meu prédio tive de lidar com os comentários de Giovana que não deixava eu ficar mais de três segundos sem ficar vermelha de vergonha. Quando parei na portaria do prédio em que ela mora e divide com mais duas meninas, tive de ouvir:

- As vezes te falta coragem, sabia? Você sabe o quanto pode chegar longe, só se esforça para se convencer do contrário. Não sei porquê. - coloca as alças de sua mochila nos ombros, abrindo a porta. - Mas uma hora você vai entender. - sai do carro, se apoiando na janela pelo lado de fora. - Até amanhã, chefe.

Preciso dizer que nada do que Gio disse ficou na minha cabeça. Mas seria mentira. Tudo o que ela disse é verdade. Principalmente a parte de que fico o tempo todo tentando me convencer que sou incapaz. Talvez seja verdade, talvez não. É algo a se pensar.

De qualquer forma, não é como se as coisas mudassem a partir do momento que as minhas atitudes também mudassem. Por isso não respondi Gio, por isso não dei atenção à Aimée, por isso pedi para Thomas não comentar sobre o ocorrido ontem.

Sei que Henry está em casa porque seu carro está estacionado ao lado da vaga reservada para mim.

Antes de descer e soltar a respiração verifiquei meu cabelo, minhas marcas de expressão e meus dentes. Não queria estar feia para uma reconciliação.

Já sabia como isso funcionava e não seria a primeira vez que digo estar tudo bem depois de tudo.

Destranco a porta da minha casa lentamente, devagar o suficiente para ficar tensa e preparar minha melhor expressão surpresa com o que quer que esteja atrás daquela porta.

Girar a maçaneta nunca foi tão difícil. Estava cansada, atordoada, assustada e pressionada demais para fingir qualquer coisa. Mas precisava.

Precisava mostrar para Henry que posso ser o melhor para ele se ele permitir isso.

Henry estava sentado no sofá, os antebraços descansando sobre suas coxas, os dedos cruzados e a gravata jogada ao seu lado no sofá.

- Você demorou. - ele é o primeiro a falar e honestamente, preferi que fosse.

- O dia foi cheio. - deixo minhas chaves no criado, tirando minha bolsa lateral e deixando sobre o sofá.

Poderia falar que estava com Gio, mas isso seria o pontapé inicial para uma nova briga.

- Senta. - ele pede. Sua voz calma me faz lembrar do início do nosso relacionamento.

Permaneço de pé.

Ele suspira.

- Me desculpa. - finalmente as palavras saem de sua boca acelerando o processo.

- Está tudo bem. - ameaço sorrir, mas paro quando vejo o que estou fazendo.

- Você está muito chateada?

- Não é muito legal agredir as pessoas sem qualquer motivo, Henry.

- Espera, eu tive um motivo.

- Ah, você teve? - cruzo os braços esperando algo convincente.

- Sim, ele estava dando em cima de você.

- Thomas quase não falou comigo aquela noite, você está maluco.

- De todos os apartamentos ele precisava vir até aqui para pedir seu chuveiro emprestado?

02:09 Onde histórias criam vida. Descubra agora