C A P Í T U L O 1

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"Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as coisas que tendes; porque Ele tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei." (Hebreus 13:5)

M A R I A  R E B E C C A

Acordei sentindo algo pesado sobre mim, mas não era de se estranhar; já conhecia muito bem esse truque. Isso tudo para me acordar, com certeza é ele.

— Saia de cima de mim, sua baleia! — Empurrei meu irmão sem piedade, enquanto só ouvia o barulho de seu peso indo ao chão.

— Aí! Mal-educada, só estava te acordando, não precisa quase me matar não, oras... — resmungou cruzando os braços, manhoso como sempre.

— E quem foi que te pediu para me acordar? — Indaguei, enquanto minha mente ainda estava entrando em modo de funcionamento. — Odeio que me acordem, sabe disso muito bem. — Cocei os olhos e o mais velho se levantou, massageando os locais doloridos da queda.

— A nossa mãe mandou te acordar. — Deu ênfase no "nossa".

— Entendi... Agora vaza, que agora vou tomar um banho, que estou precisando mais do que tudo. — Empurrei-o até fora do quarto, segurando-me para não bater a porta em sua cara.

— De nada, maninha, educação mandou lembrança! — Bateu continência.

— Bobão! — resmunguei.

Tomei um banho para tentar relaxar a mente; logo após, vesti um vestido simples e, como de costume, optei por deixar meus cabelos medianos presos em um rabo de cavalo bem amarrado ao topo da cabeça. Respirei fundo descendo ao andar de baixo, onde todos estavam tomando seu café da manhã.

— Bom dia, família! Exceto você, cavalo bruto. — Apontei com desdém em direção ao meu irmão mais velho, Múrillo.

— Bom dia! — Todos responderam em tons diferentes, uns com sono, outros mais animados.

— Nunca te fiz nada, credo! — Múrillo fez birra, cruzando os braços como uma criança quando negam doce.

— Fez sim, aliás você é um péssimo irmão. — Dei-lhe um beijo na bochecha. — Convém admitir que somos um pouco bipolares.

— Agora sim, senta aí ou irei comer o seu café da manhã também. — Revirei os olhos com seu comentário insatisfatório.

Estava tudo indo tranquilo, mas minha mente não. Merry continuava em seu quarto, conversando com sua colega de classe pelo Skype. Mamãe cozinhava, só não sabia o que, e papai estava trabalhando como de costume. Encontrava-se meu irmão e eu, sentados no sofá da sala, com a televisão ligada, assistindo desenhos animados, porque sinceramente, é uma das melhores coisas que fazemos no tempo livre.

— Meus amores?! — Nossa mãe chamou, chegando na sala.

— Senhora? — Múrillo perguntou, ao mesmo tempo que eu prestava atenção no que nossa mãe iria falar.

— Eu preciso que vocês dois levem essa torta para os novos vizinhos e os convidem para jantar aqui esta noite, certo? — Sabíamos que ela nos pediria algo, só não estávamos sabendo dos novos vizinhos.

— Tudo bem, — concordou o responsável do meu irmão. — Ótimo — exclamou depois de termos pegado o bolo e saído pela porta de trás da casa.

— Ande logo, seu bobão, não temos tanto tempo assim, preciso descansar. — Escorei-me em seu ombro.

— Não seja tão folgada, aqui, leva você o bolo. — Retirou meu braço de seu ombro, entregando-me a torta.

Caminhamos pelo quintal de casa até a lateral da casa, que antes não tinha ninguém que pudesse a ocupar além de uma senhora que havia se mudado há quase três anos.

𝗤𝘂𝗮𝗻𝗱𝗼 𝗧𝗲 𝗘𝗻𝗰𝗼𝗻𝘁𝗿𝗲𝗶.Onde histórias criam vida. Descubra agora