C A P Í T U L O 20

377 62 34
                                    

💜 MARIA REBECCA 💜

Será que Deus realmente se importa com seus filhos?

Se realmente Ele se importasse, eu não estaria passando por isso.

Meu coração está tão quebrado que parece um biscoito jogado no chão e rachado, ou até mesmo como uma flor toda despedaçada.

Não adianta, não vou voltar atrás. Não nasci para ser forte. Sinto muito, Deus, mas a partir de agora, desisto de tudo.

Cansei de perder as pessoas ao meu redor. Cansei de fingir ser forte. Cansei, não quero mais perder ninguém.

Mas que culpa tenho eu? Se nasci azarada, não tenho sorte em nada na vida.

Sonhos? Eles não existem, é apenas ilusão. Tudo que vivo é um tremendo pesadelo.

Ah, mãe, se você pudesse voltar. Ou se pelo menos eu pudesse voltar no tempo e dizer "eu te amo" a cada segundo e cada minuto que me restava. Ah, mãe, eu te amo tanto e sempre te amarei. Não me deixes, por favor. Volte, eu não suportarei toda essa dor. Se você pudesse me ouvir, mas agora só resta carne, a matéria do ser humano.

Ah, se eu pudesse trocar de lugar e ir no seu lugar, mãe, volta por favor, por favor.

Se as outras pessoas soubessem a dor de perder uma mãe, um irmão e uma avó. Se as pessoas soubessem, mas elas não sabem, e muitas não valorizam o tempo que resta. Eu poderia ter sido uma filha melhor, mas não fui. Perdão, mãe, por tudo. Eu te amo tanto.

Eu faria de tudo para tê-la de volta, mas não posso.

Estava tudo pronto, meu avô, tio Erick e alguns familiares na sala de casa, havia choro e tristeza.

Tudo o que sinto é como se uma adaga estivesse cravada sobre meu peito e mesmo que a tirassem, a dor não iria sarar.

Logo alguns se levantam e o carro funerário chega. Meu coração salta e meus olhos se enchem de lágrimas automaticamente. Eu sinto vontade de gritar, mas não consigo.

Logo vejo o caixão e o corpo entrarem pela sala. Eu choro por não aceitar a perda.

Logo os agentes funerários retiram a tampa do caixão, revelando o corpo da mulher esperançosa, "minha mãe".

Não sei se grito, choro, me mato, me agarro ao corpo.

Mas de que adiantaria? Não há mais espírito ali, só carne. As lágrimas continuam a escorrer pelo meu rosto e não sei como controlá-las.

É o corpo da minha mãe que está bem à minha frente, tudo se repete novamente.

Lembro-me como hoje do dia em que o corpo do meu irmão entrava pela porta e o choro e o desespero tomavam conta.

Enquanto choro, sem forças para me levantar e ir até o corpo que se encontra na sala.

Merry desmaia e eu não tenho o que fazer. Eu poderia ir até lá e ajudar meu irmão a levá-la até o quarto enquanto a enfermeira a atende, mas não consigo.

Sinto como se tudo estivesse em câmera lenta, em tons escuros, sem cor, sem graça, sem alegria.

E onde está Deus nesses momentos?

Ele não está, ele não se importa.

Quando finalmente as lágrimas acabam, tomo todas as forças que restam e me levanto, dirigindo-me até o corpo. Toco na pele gelada e pálida, realmente, ela não é mais minha mãe.

As lágrimas rolam mais uma vez, como se fosse a primeira vez que eu estivesse chorando.

Oh Deus, tenha misericórdia de mim.

𝗤𝘂𝗮𝗻𝗱𝗼 𝗧𝗲 𝗘𝗻𝗰𝗼𝗻𝘁𝗿𝗲𝗶.Onde histórias criam vida. Descubra agora