Enfrentando Nick

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Agora estou ensurdecida pelo seu silêncio, cega pelas lágrimas

(You will never be – Julia Sheer)

Conversar com minha mãe foi com uma terapia. Consegui juntar as frases que precisaria usar para convencer Nick a me ouvir. Eu não iria aguentar esperar até segunda para falar com ele. Iria arriscar ser expulsa, e encontrar Kadu, mas era a única oportunidade para falar com Nick.

Tomei um banho, coloquei uma calça jeans, uma blusa rosa frente única. Prendi meu cabelo e fui para a sala onde minha mãe e Rodrigo viam TV. Ela me olhou curiosa quando me viu arrumada.

— Aonde pretende ir?

— Preciso resolver aquele assunto de conversamos hoje de manhã.

— Tem certeza que quer fazer isso hoje?

— Tenho. Não vou conseguir esperar. Não vou demorar, eu prometo.

— Que assunto é esse? – Rodrigo quis saber.

— Assunto de gente adulta – disse minha mãe.

— Desde quando a Nanda é adulta?

— A partir do momento que ela fez dezoito anos.

— Me deixa ir mãe. Não quero correr o risco de pegar ele em casa.

— Vai lá filha, e boa sorte.

Eu iria precisa muito disso. Peguei a moto e desci o morro. O ônibus para o Recreio não demorou muito, e ainda tive a sorte de pegar vazio.

Eu tinha boa memória e ainda me lembrava de como chegar à casa de Nick. Agora era torcer para ele estivesse quando eu tocar a campainha. Repassei todas as minhas falas mentalmente durante todo o percurso.

Desci no ponto próximo ao condomínio e fui andando. Tudo ao meu redor cheirava a dinheiro. Quando cheguei ao portão do condomínio, toquei o interfone e fiquei aguardando alguém responder.

— Pois não? – perguntou uma voz masculina.

— Oi, eu me chamo Nanda, sou amiga do Nick, preciso falar com ele. É muito importante.

— Espere um segundo, vou me informar se você pode entrar.

— Tudo bem, eu aguardo.

Esperei alguns segundos que parecerem uma eternidade. Já estava anoitecendo e eu não queria chegar muito tarde em casa.

— Alô garota?

— Oi.

— Pode entrar.

Toquei a campainha e logo ela foi aberta. Uma senhora de mais ou menos cinquenta anos, branca, alta e magra me recebeu com um sorriso simpático.

— Oi, sou Nanda... – falei lhe dando um sorriso.

— Sim, eu sei – ela me devolveu o sorriso – entre, por favor.

— Obrigada. Eu vim ver Nick, será que ele pode me receber?

— Bem, não o vejo desde que chegou hoje pela manhã. Passou o dia trancado no quarto. Acho que não está no seu melhor dia.

— Ele está doente?

— De ressaca. Acho que ontem a festa foi boa.

— Então acho melhor não incomodá-lo. Eu falo com ele na segunda.

— Acho que a sua presença vai fazer com que ele saia um pouco.

— Não tenho tanta certeza disso. Acho que nem vai abrir a porta.

Tinha Que Ser Você 1Onde histórias criam vida. Descubra agora