Casa nova, vida nova

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Não vou me importar se estiver fora do tom, eu me encontro nessa melodia.

(Bird set free — Sia)

Ouço o despertador tocar em algum lugar e resolvo ignorar, enquanto meu irmão dorme profundamente na cama de cima. Uma leve garoa cai lá fora, prometendo um dia frio.

Dez minutos depois o despertador volta a tocar e sei que não posso mais me prolongar. Arrasto-me para o banheiro, e com o primeiro jato gelado tremo desde o dedo mindinho até o último fio de cabelo da cabeça.

Perco um tempo valioso tentando lavar a minha juba de leão. Duvido que Beyoncé tenha esse trabalho todo. Quando volto para o quarto, meu irmão está sentado em minha cama, ainda sonolento, olhando para minhas malas.

— Não é muito cedo para estar acordado?

— Não estou preparado para ficar sem você.

— Olha o lado bom, o quarto será só seu — falo me aproximando e puxando-o para um abraço.

— Você vai morar lá para sempre — fala choroso.

— Claro que não. Virei todos os fins de semana. Nem terá tempo de sentir saudades.

— Você promete?

— Prometo.

— Consegui falar com o Jorge. Ele vai te levar até a faculdade — minha mãe fala enquanto entra no quarto.

— Posso ir também?

— Não. Você vai se arrumar e ir para a escola, mocinho.

— Mas mãe...

— Sobre o que conversamos?

— Mas...

— Não. Já para o banho. Nanda, o café já está pronto.

— Já estou indo mãe. Vou só vestir a roupa.

Escolhi calça jeans escura, blusa branca com abertura na frente, composta de cinco botões, com mangas que vão até o cotovelo, sapatilhas pretas e um casaco.

— Colocou tudo na mala? — minha mãe pergunta enquanto tomamos café.

— Se esqueci de algo, eu pego no sábado. Rodrigo, eu não quero ouvir minha mãe reclamando sobre seu comportamento quando eu ligar, ok?

Rodrigo concorda com um aceno.

— Filha, não poderei te acompanhar, tenho uma faxina hoje e não posso me atrasar.

— Relaxa mãe. Quando eu chegar e organizar minhas coisas, ligo para a senhora.

Minha mãe me ajuda com uma das malas e eu levo a outra.

— Ligue-me assim que puder.

— Pode deixar mãe.

Dou-lhe um beijo carinhoso e um abraço apertado em meu irmão antes de entrar no carro.

Quando chegamos ao Braz Cunha, o lugar está um caos, carros disputando uma vaga para estacionar e alunos arrastando as malas pelo campus. Jorge abre o porta-malas e eu ajudo a colocar as malas no chão.

— Ei, você chegou! — Belinda caminha ao meu encontro.

— Faz tempo que chegou?

— Alguns minutos.

Ivy apareceu ao meu lado.

— Supus que precisaria — ela fala me entregando um papel.

— Obrigada, eu acho. Esse é Jorge, um amigo da família. Essas são Belinda e Ivy.

Tinha Que Ser Você 1Onde histórias criam vida. Descubra agora