A ameaça de Diogo

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Não sei por onde minha mente tem andado, mas sei aonde quer chegar

(Make it to me – Sam Smith)

Fizemos todo o caminho da faculdade em total silêncio, mais eu não deixava de sentir o clima tenso dentro do carro. Simone mexia em seu celular, dava para ouvir o barulho dela trocando mensagens com alguém.

Kadu deu uma olhada rápida pra mim e depois fixou seu olhar na pista, enquanto apertava o volante tão forte que seus dedos estavam pálidos.

Olhei discreta para o meu corpo tentando identificar o que ele tinha visto. Meu vestido estava levantado mais da metade e tenho certeza que quando saísse do carro, Kadu teria uma bela visão da minha bunda. Levantei um pouco do acento e puxei o vestido para baixo

Quando chegamos ao pátio do campus, eu praticamente saltei do carro.

— Obrigada pela carona Kadu.

— Espera Nanda...

— Já está mais do que na hora da cinderela voltar para a vida que ela conhece – soltou Simone.

— Cala a maldita boca Simone! – Kadu gritou.

— Ninguém me manda calar a minha boca seu babaca...

Deixei os dois tendo a DR da noite e segui para o prédio. Arranquei as sandálias dos meus pés, e segui direto para o elevador enquanto procurava meu telefone na bolsa.

Apertei o botão e fiquei aguardando. Ouvi o barulho do portão se abrindo, imaginei que fosse Simone. Uma mão forte me puxou e me empurrou para a parede ao lado me apertando com força.

— Eu te avisei para manter sua boca fechada, sua favelada intrometida.

Assustei-me mais pelo jeito como fui surpreendida, do que pelo tom da voz de Diogo. Ele ainda estava com a roupa que tinha ido ao karaokê. Seu hálito estava um pouco carregado de cerveja.

— É melhor você me soltar.

— Vai fazer o quê? Gritar? Eu não te aconselharia a fazer isso.

— Você não me assusta. Então pare de rosnar como um cão com raiva.

— Se acha tão cheia de si. Acha que me conhece o suficiente para me enfrentar? Você não sabe um terço do quanto eu posso ser perigoso garota, então para o seu próprio bem, quando lhe pedir para ficar calada, fique.

Diogo intensificou o aperto e mesmo eu começando a sentir realmente medo, não deixei transparecer.

— Vai fazer o quê, me bater aqui dentro? Você não seria tão idiota... Ou seria?

— Quem brinca com fogo acaba se queimando.

— É uma ameaça Diogo?

— Já vi que você não é o único que não consegue manter as mãos longe da Nanda.

A voz de Kadu quebrou o momento tenso que estava rondando eu e Diogo. Senti seu aperto sob meu braço ficar mais leve até me sentir livre do seu toque. Diogo mudou sua fisionomia e virou para encarar Kadu.

— Eu só estava perguntando pela Ivy. Elas estavam juntas quando eu saí.

— Aposto que ela já deve estar dormindo a essa altura.

— Vou subir então. Boa noite Nanda.

Diogo fez um rápido aceno e seguiu para seu prédio.

— Ele te machucou? – Kadu perguntou se aproximando e pegando meu braço.

— Eu estou bem – ou pelo menos falei que estava.

— Não parece que está. Ele apertou com força o seu braço.

Tinha Que Ser Você 1Onde histórias criam vida. Descubra agora