Capítulo 06

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Quase madrugada. Dulce ainda sim estava dentro do closet olhando algumas coisas que ainda estava aguardadas de quando podia ser ela mesma. Bem no fundo de uma das postas, tinha uma caixa de MDF do tamanho de uma de sapato, acolheu-a e a admirou, não estava lembrada do que tinha guardado naquela caixa e muito menos se lembrava de tela guardado.

Apreciou o marido entrar pela porta usando apenas uma toalha na cintura e outra ele esfregava sobre os cabelos. Ela ainda estava com a caixa nas mãos, mas com a incerteza de abrir, tinha medo do que poderia estar lá ou de ser algo sem importância. Se levantou e foi até cônjuge que a analisava, colocou a caixa em cima da bancada que tinha por lá e perguntou a ele o que era.

— Deixe essa caixa lá. – rogou de maneira dócil.

Ela negou com a cabeça e colocou as mão sobre a tampa.

— Foi você quem escondeu?

— É apenas umas descobertas do detetive que está cuidado do caso do seu pai, pode não ser muito bom ver isso agora. – retira sua mãos da peça e a acolheu da mesa.

Ela ficou o olhando guarda a caixa enquanto se perguntava o que poderia estar escondendo lá dentro e se deveria mesmo insistir nisso.

Voltou para perto dela e a olhou.

— Era algo dos meus pais, não era? – indaga com o olhar ainda baixo e ele concorda com a cabeça – porque não me disse que tinha descoberto algo? O que você descobriu?

— Não é bom falarmos disso.

— Eu tenho o direito de saber dos meus pais.

— Isso pode te destruir, não é algo muito bom para ser contado agora.

Ela deu um tapa na bancada e alterou a sua voz com ele.

Quando ainda pensavam e se casar, Dulce o fez prometer que nunca esconderia algo dela e que sempre contariam tudo um para o outro. Bem antes da morte de seus pais Dulce sentia como se ele sempre tivesse escondendo algo, pois ele tinha se afastando um pouco e sempre estava em uma ligação quando a ia deixar em casa.

A vendo grita e derramar lágrimas, ele se afastou e respondeu com a voz serena que não poderia mostrar o que tinha lá dentro.

— EU PRECISO SABER – da outro tapa na mesa fazendo-o se assustar com tamanha brutalidade da esposa.

— Dulce, para! – caminha até ela e segura suas mãos – Amor, isso não vai te levar a anda – olhou as mãos dela. Ambas estavam tremendo e cobertas por um vermelho cornalina.

Sabendo que ela desabaria a qualquer momento, acolheu-a em seus braços e permitiu que chorasse desmoderadamente. Cravou as unhas sobre as costas dele e permitiu que toda a sua raiva se transformasse em sensibilidade e chorou com se tivesse voltado no tempo, chorou como se tivesse acabado de ver a morte dos seus pais.

...

Quando chegou em casa, destrancou a porta e ao entrar, se deparou com os pais e a irmã mais nova jogados no chão e o piso coberto por sangue. Sua mãe tinha um buraco na lateral da cabeça, a irmã mais nova cheia de cortes e o pai amarrado em uma cadeira tombada.

— Pequena – a voz de Christopher ecoa pelo lado de fora – acho que minha carteira ficou na sua bol... – as palavras lhe faltaram ao ver a situação da casa e Dulce paralisada sem reação. – Amor... – a sua voz deslizou cautelosamente por seus lábios e ele a puxou para si.

Dulce acabou de desabar sobre ele, sua pernas falharam e quase se deu de encontro com o chão.

Se imaginou se não tivesse insistido para ela ir com ele no medico, poderia ser uma das vitimas. Por um momento idealizou ela no chão junto de sua irmã e sua mãe, era como se tudo estivesse acontecendo e ele deixou algumas lagrimas caírem de seu rosto também, como se ela estivesse ali joga e cheia de sangue, sem nenhuma vida.

Ressurgiu da ilusão após a escutar soluçar e sentir o seu corpo tremer.

— Chora – ele diz – pode chora – beija a sua cabeça – estou aqui.

Ele não sabia o que fazer, não tinha ideia do que falar ou fazer com ela para se sentiu bem. Mas a melhor opção no momento era tira-la de lá, ainda era perigoso.

...

Deitada na cama ainda abraçada ao marido, Dulce tentava se acalmar, mas o soluço vinha, junto a alguns calafrios e respirações mais rápidas, como se estivesse com falta de ar.

Preferiu não falar nada, seria muito bom para ela desabafar um pouco, ainda mais depois de estar sobrecarregada por muito tempo. Era o momento de ficar em silencio, apenas concebendo-a e transmitindo toda a confiança e proteção que ela precisava. Notou que os suspiros foram diminuindo e lhe restou apenas soluços, fitou-a fechar os olhos lentamente e as unhas que eram cravadas em suas costas, logo amoleceram e iniciou caricia no local fazendo-o puxar mais para si, já sabendo que ela adormeceria.

— Por que insiste em mim? – questiona dramaticamente – eu posso te trazer problemas, posso arriscar a sua vida.

Pediu silencio com o som da boca e disse:

— Durma! – com um pouco de posse, mas de modo zen.

Nesses momentos ela ficava muito insegura, com medo dele a deixar, com medo de não ama-la como antes, ama-la somente quando é a Katelyn ou estar com ela apenas por pena. Levantou sua mirada a ele e ambos conversaram apenas pelo encontro das iris.

— Você me ama mesmo? A ponto de arriscar tudo por mim?

Ele não quis responder, preferiu ficar em silencio. Não era necessário responde essa pergunta, ela já sabia que ele a amava, e simplesmente dizer que a ama, não iria a convencer, mas tinha algo que provava tudo.

Lentamente, ele aproximou seu rosto do dela e lhe beijo ternamente. Sabendo que ela estava frágil, não teria ato melhor do que um beijo carinhoso e aconchegante que provasse tudo o que se sucedia em sua cabeça. ao finalizar ele lhe deu um beijo delicado no rosto e outro na testa dizendo:

— Se não te amasse, nunca teria te pedido em casamento e foi nesse dia que prometi te proteger e se for necessário, dar a minha vida – sua voz saiu afônica e cavernosa, no tom que ela tanto amava.

— Não de sua vida por mim, não conseguiria viver sem você.

— Dorme um pouco, pare de pensar no pior.

Ela concorda se aconchega mais a ele, recebeu mais um beijo, fechou os olhos e sentiu-se ser coberta por um cobertor.

Nesses momentos a melhor sensação era ser sentir ele a amando com ela era e não quem ela deveria ser.

A Esposa do Senhor UckermannOnde histórias criam vida. Descubra agora