capítulo 4

1K 87 14
                                    

Após se separarem do abraço, Christopher segurou o rosto de Dulce e a olhou de pertinho, a mesma sorriu. 

Os dois nunca tiveram um relacionamento exatamente, mas eram como bons amantes se beijavam, dormiam juntos as vezes, saiam juntos. 

- Você tá legal? - ele perguntou preocupado.

- Estou, você estava me procurando? É o divórcio? Desculpa eu deveria ter te procura anos atrás, mas a situação não ajudava e.. - ele a calou.

- Tá tudo bem! É o divórcio, mas depois falamos disso. Vamos para nosso hotel tomar um café e conversar com calma. Okay.

Christopher ainda não sabia o que fazer com ela, estava na cara que Dulce precisava de dinheiro, do mesmo jeito que precisava se tratar daquele vício. 

- Quer trocar de roupa Dulce? - Maite perguntou, pois a amiga estava de uniforme. 

- Eu não tenho outra roupa. - Dulce falou de cabeça baixa, fazendo Maite soltar um resmungo. 

Christopher fechou os olhos e pegou novamente seu talão de cheque. Assinou e entregou em branco para a morena 

- Leva ela pra comprar algumas roupas básicas em alguma loja por perto. Eu e Poncho vamos para o hotel. - ele saiu andando nem lembrando de pegar o carro na cafeteria. 

- Ele tá bravo? - Dulce falou baixo.

- Não Dul, ele só tá assustado. Me leva em uma loja? 

As meninas saíram para comprar algumas coisinhas, enquanto Alfonso ficou olhando Christopher ir, logo ele se daria conta que deixou o carro e voltaria. Então o moreno se sentou, Paco que estava por perto resolveu falar. 

- Eu conheço ela a quase dois anos, quer minha humilde opinião? - ele falou se sentando ao lado.

- Diga cara, ele tá meio perdido. 

- Ela precisa sair dessa cidade, Dulce tem um vício. Tira ela de Vegas e põe alguma coisa para ocupar aquela cabecinha, ela é inteligente. Tudo que mais precisa são de pessoas ao seu redor, ela está a muito tempo sozinha e perdida. - ele se levantou. - Eu tenho que trabalhar, não deixa seu amigo fazer merda. 

Christopher voltou pouco tempo depois com o carro e ele e Alfonso foram para o hotel, se sentaram em uma mesa. O telefone de Christopher tocou era Carla, ele tinha dito que voltavam em dois dias e já tinha se passado uma semana. 

Ligação on: 

"Amor, onde é que você está?"

"Ainda estou em Vegas, hoje que eu achei a Dulce" 

"Já assinaram o divórcio?" 

"Então querida, acontece que ela está em uma situação delicada, então isso pode demorar alguns dias"

"Que situação delicada, ela está doente?"

"Doente não, mas endividada."

"Espera, tá me dizendo que você está pagando as coisas dessa mulher?"

"Eu preciso, quando descobriram que era marido dela já vieram me cobrar e eu não posso deixá-la…"

"Tá me dizendo que você tem um casamento pra pagar e tá gastando com sua ex-mulher."

"Não fala assim Carla" 

"O caralho, olha eu acho bom você estar em dois dias aqui em casa. Manda essa mulher a merda ou eu vou mandar" 

Ela desligou e Christopher fechou os olhos, Carla não conhecia Dulce e ficou muito brava. Alfonso rolou os olhos a noiva dele nunca foi cheia de empatia. 

–  Então, o que você vai fazer? - Alfonso perguntou.

- Eu não sei, não sei, a Carla quer me matar e eu tenho certeza que não vai ser só 10 mil todas essas dívidas. - O homem fechou os olhos e caiu com a cabeça na mesa.

-Ucker, você não pode deixá-la. Não agora eu sei que você quer o divórcio, entretanto a Dulce não tem ninguém. Ninguém cara.- o outro só negou com a cabeça e choramingou. 

Dulce e Maite apareceram na entrada do restaurante, ela vestia uma calça jeans e uma blusa de manga comprida preta, com um batom nos lábios, os cabelos foram penteados. Maite deu uma arrumada nela, e podia jurar que a mulher estava até mais corada. 

- Oi meninos. - as duas se sentaram.- Dulce pode o que quiser é por minha conta. 

- Não precisa eu tô sem fome. Eu tomei café no cassino. - ela estava toda ereta na cadeira. - Então Chris, onde eu tenho que assinar. 

-o que? 

- O divórcio. Eu vou assinar o que você quiser. - ela falou e sorriu.

Christopher ouvia duas vozes na sua cabeça. A primeira dizia para alugar um quarto no hotel pra ela e ajudá-la. A outra dizia para entregar o papel onde ela abdicava de tudo. Ele choramingou, merda o que ele faria? 

- Olha, vamos conversar Dulce. Se você quiser outro advogado eu entendo. - Alfonso falou.

- Confio em você Poncho. 

- Vocês se casaram em comunhão universal de bens. E o divórcio inclui a partilha meio a meio de bens e…- Dulce o interrompeu.

– Não precisa, não quero nada. Onde eu assino? 

Christopher choramingou outra vez, ela estava ali o deixando livre de tudo ele recebeu uma cotovelada de Maite, a morena arregalou os olhos mostrando que ele tinha que dizer alguma coisa. 

- Olha eu preciso pensar Dulce, eu não quero te deixar desamparada, mas sua situação tá uma merda. Eu não quero me enfiar nisso mais do que já estou, então Maite aluga um quarto pra ela e me deixem em paz hoje. - ele se levantou e saiu. 

Dulce abaixou a cabeça ela não queria que ele pensasse nela como um problema. 

– Não fica assim Dulce, ele precisa respirar. Foi um susto para nós te encontrar assim. - Alfonso falou segurando a mão da amiga. 

– É verdade, queremos que fique bem. - Maite se levantou. - Poncho, eu vou alugar um quarto pra ela, bem que você podia buscar as coisas pessoais dela né? 

– Verdade, vamos Dulce? - a mulher se levantou ela tinha algumas coisas no cassino que iria precisar.

Os dois saíram e pegaram o caminho de volta. Ela não queria incomodar ninguém, mesmo desesperada como estava, Alfonso percebeu o olhar perdido dela.

– Dulce, eu quero que saiba que nunca mais vai estar sozinha, se o Christopher não fizer nada eu vou fazer. Pode ficar tranquila pra essa situação você nunca mais volta. 

– Obrigada Poncho. - ela limpou as bochechas molhada de lágrimas - Como está a any? - o moreno fez uma careta. 

– Bem, ela tem dois filhos. Se divorciou tem pouco tempo. Eu não falo mais com ela, nós brigamos e nos afastamos. 

– Que chato, sempre achei vocês um belo casal. - o moreno mostrou o dedo para a amiga a fazendo gargalhar.

Chegando no cassino Dulce o levou até os armários dos funcionários onde deixava alguns documentos e sua bolsa. Ela deu a falta de uma foto de seus pais, merda ela deve ter esquecido em seu "quarto". 

– Poncho eu esqueci uma coisa no lugar onde eu durmo, pode me esperar na recepção. - ela falou entregando as coisas para o homem. 

– Não vai precisar de ajuda pra pegar? 

– Não, é só uma foto dos meus pais. - ela saiu por uma porta que dava à área externa. Alfonso curioso resolveu segui-la. 

Quando viu ela entrando num cômodo em reforma, estava coberto de poeira, tinha um cheiro horrível de tinta, a olhou abaixada pegando a foto. Quase deixou cair tudo quando percebeu que era ali onde Dulce dormia. No chão um colchão velho, fino, sujo e rasgado. Aquela mulher tinha que sair dessa cidade.  Quando estavam para ir embora o dono do cassino apareceu bloqueando a saída. 

– Sinto muito Dulce, mas você não vai embora me devendo. 

𝘑𝘶𝘯𝘵𝘰𝘴 𝘱𝘦𝘭𝘰 𝘥𝘪𝘷𝘰́𝘳𝘤𝘪𝘰 ↝ Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora