capítulo 14

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Capítulo 14.

Christopher Uckermann

Depois que som a porta parou eu senti meu corpo queimar só com o olhar de Carla, e não foi no sentido bom. Ela estava praticamente nua ali, isso não ia ser bom. Ontem não tinha sido bom, era a primeira vez que brigaríamos por dois dias seguidos. 

- vou sentar e dar a chance de você me explicar. – ela sentou com toda elegância do mundo cruzando as pernas e juntando as mãos em cima da mesa. – estou ouvindo. 

- bom, eu não sei exatamente sobre o que você quer explicação? – ela fez uma cara incrédula pra mim. 

- para ela ter saído sozinha com um cartão de crédito seu, sobre vocês estarem abraçados, sobre você ter desligado na minha cara. – eram muitos tópicos, então melhor contar do começo. 

- bom, ontem eu a Dulce brigamos. E o que me disse me fez enxergar que talvez eu esteja tentando controlar ela demais. – eu me virei para a pia. – ela se trancou no quarto, e você ligou ouvi um barulho de algo quebrando. Quando entrei no quarto ela estava no chuveiro, ensanguentada e o espelho quebrado. – tentei falar como se aquilo fosse normal. – eu a ajudei com o corte e a pus para dormir. – iria omitir que ela dormiu comigo na cama, abraçada comigo e que senti falta do cheiro dela na cama. – então fiz um café da manhã de desculpas e acertamos alguns pontos sobre nossa convivência. 

- okay, que pontos? – eu não arrisquei me virar. 

- ela me disse que eu a sufoco e percebi que era verdade eu não dei nenhum voto de confiança para ela e resolvi dar mais liberdade pra ela. 

- mais liberdade? - eu não arriscaria me virar. 

- sim, por isso deixei que fosse fazer os exames, dei o cartão e deixei claro que ela poderia escolher onde ficar. – era agora iria soltar a bomba.

- ta certo, não acho uma boa ideia deixar dinheiro com ela. E ela já não escolheu o apartamento. – putz, senti minha boca ficar seca.

- então, eu deixei claro que ela vai ter o apartamento, mas que se ela preferir pode continuar aqui. – a carranca dela ficou pior. 

- amor, você não vê que se você der asa ela vai ficar aqui pra sempre. Não pode cair na conversa dela assim. – Carla às vezes me aborrecia. 

- Carla, eu pedi pra ela ficar. – ela deu uma leve inclinada com a cabeça como se eu tivesse falando em árabe. 

- e quando você decidiu isso? 

- ontem, depois que ela se machucou, o tratamento da ludomania dela só começou não posso esperar que ela não tivesse momentos de raiva, ou que queira se machucar, e se não tiver ninguém junto pode ser pior. 

- contrata uma babá pra ela. – ela foi tão de debochada que quem fechou a cara fui eu. – não me olha assim, eu que deveria estar brava você tomou todas essas decisões sem me consultar. – espera, consultar ela? O que? 

- te consultar? – perguntei descrente. 

- é claro, são coisas importantes que afetam nossa vida e... – eu a interrompi.

- não é sobre nós e sobre a Dulce é a vida dela, o direito de escolha é totalmente dela, não temos que interferir. Eu dei as opções ela vai escolher o melhor para si mesma. 

- você só pode estar de brincadeira comigo? – ela levantou e andando em direção ao meu quarto. – desde quando ela manda em você assim? – ela parou no quarto dela e viu o sangue. – ela deveria limpar a própria sujeira. 

Ela entrou no meu quarto e na hora parou, a merda do perfume de Dulce estava impregnado no cômodo todo, ela andou calmamente até a cama e pegou  uma parte do lençol com sangue. 

- a trouxe para nossa cama! – ela jogou o lençol no chão. 

- eu a coloquei aqui para fazer um curativo, o banheiro dela estava com sangue no chão. – eu não precisava dizer que ela dormiu na minha cama. 

- a coitadinha derruba umas gotinhas de sangue e lorde Christopher empunha sua espada gloriosa para salvá-la. – ela falou toda espalhafatosa.

- Carla eu não estou entendendo você. 

- não? Pois eu explico, você quer ache lindo você chamar a sua ex para morar em seu apartamento, dá seu cartão pra ela, põe ela na nossa cama. Você queria o que? Uma medalha de honra? – eu não estava gostando do jeito dela. 

- eu vou te explicar uma única vez, eu sou marido dela perante a lei em divisão universal de bens, ou seja, essa casa é dela, o cartão é dela e a cama também é dela. Dulce durante todo esse tempo tinha todo direito do mundo de ir ao banco e fazer um empréstimo em meu nome, e não fez. Ela nunca usou o que por direito é dela, eu estou fornecendo um momento de instabilidade pra ela, pois a vida dela não estaria assim se eu fosse menos negligente. – ela me olhou com um olhar de dor como se eu tivesse jogado na cara dela água quente. E não era, era apenas a verdade nua e crua. 

- como você é otário ela te manipula direitinho. – o que? Como assim. – ela chora e você atende, ela ta usando a fragilidade dela para virar sua cabeça.

- da onde você tirou isso Carla? 

- eu não vou discutir com você, limpa esse sangue está me incomodando. – ela falou e me deu as costas indo para sala. Ela conseguiu me tirar do sério.

- se ta te incomodando limpa você. – ela travou o passo, ficou ereta e se virou pra mim. 

- que história é essa, não é sua casa e dela então quem limpa são os donos. 

- pois a mim não incomoda, é aquele ditado os incomodados que se mudem. – ela abriu a boca e nenhum som saiu, consegui calar a boca dela pela primeira vez. 

- ta vendo o que essa mulherzinha ta fazendo conosco, estamos brigando. – ela apontou pra nos.

- não é ela o motivo da briga é sua falta de empatia e compreensão. Não fiz o que você queria e você age como se eu tivesse te traído. 

- isso é traição, você deixou as minhas vontades de lado para atender as delas. – essa mulher estava louca.

- os dela são necessidade os seus caprichos. – ela marchou ate a mim e enfiou a unha em meu peito.

- escuta aqui seu babaca, você vai dar um jeito nessa situação. Ta me ouvindo é melhor fazer o que eu estou dizendo. 

- a minha decisão já foi tomada e não será mudada para te agradar, desculpa. 

- não é possível que você não enxergue o que essa mulher quer. Ela quer tudo que é seu. – oi? 

- da onde você tirou isso, você está focada no dinheiro, isso não me interessa Carla, é direito dela a metade das minhas coisas e se ela quiser o que eu posso fazer? – falei como se fosse obviu.

- ta dizendo que sou interesseira? – meu deus ela vira tudo que eu falo.

- não, pelo amor de Deus, eu estou dizendo que a Dulce também não é, amor. – soltei o ar. – nos estamos brigando atoa, eu quero de verdade que você respeite a minha decisão, nada é permanente. 

- nem nosso amor. – ela se virou e foi embora batendo a porta.

Ela sabia ser insuportável, eu não estava mais entendo ela. Ela fala como se a Dulce simplesmente fosse uma vigarista, como se ela estivesse em meus lençóis à noite. Se ela soubesse que sou eu quem acordo pela falta do cheiro dela, ou que eu queria desesperadamente beijá-la hoje. Isso significa que tem alguma coisa errada no meu relacionamento, talvez eu e Carla precisemos de um tempo para por a cabeça o lugar.

𝘑𝘶𝘯𝘵𝘰𝘴 𝘱𝘦𝘭𝘰 𝘥𝘪𝘷𝘰́𝘳𝘤𝘪𝘰 ↝ Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora