capítulo 13

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Capítulo 13.

Dulce Maria. 

Eu explodi, explodi de verdade com o Christopher eu estou realmente no meu limite de paciência eu tentei ser passiva e compreensiva a respeito dessa total falta de liberdade, acho que até a quantidade de comida ele controla. Eu to cheia disso é como se eu fosse uma inválida. Essa proteção exagerada dele estava me irritando há dias, mas ontem essa pose de marido controlador atingiu meu ultimo neurônio pacífico, joguei todas as minhas verdades na cara dele.

Eu senti o gosto amargo da vitória em minha boca, o mesmo sabor de quando eu ganhava no cassino. Tudo o que eu disse era verdade, eu vi em seu olhar. Ele somente me queria bem para que eu não exija nada. Pois que Carlota fique com tudo, estou nem ai. 

Eu estava acorda há quase uma hora, Christopher tinha a cara enfiada em meu pescoço, estava bom eu amava dormir de conchinha. Nem sei quanto tempo faz que um corpo masculino não encobre o meu, faz tanto tempo que acho sou virgem outra vez. Senti Christopher se mexer sua intimidade roçando em minha bunda. Só podia ser brincadeira, isso não deveria acontecer com uma mulher que está a quase 8 anos sem sexo. 

Levantei meu pulso devagar estava latejando, eu sempre fui muito medrosa com sangue, só que depois da briga eu fui ao banheiro e vi em mim o mesmo olhar da minha mãe, aquele de coitada eu fiquei com tanta raiva que soquei o espelho, logo em seguida parece que eu entrei em choque. Eu acordei com ele dizendo que cuidaria de mim.

Eu queria negar, mas eu precisava de alguém para cuidar de mim, realmente precisava. Por isso aceitei a mão dele, ele cuidou de mim como prometeu. Christopher é uma boa pessoa, e eu não duvido que algumas de suas ações fossem com a boa intenção só que sempre tem uma pitada de se livrar de mim. 

E mesmo que eu entenda que minha situação é péssima que outra pessoa poderia sair correndo, elas me magoavam. Mexi-me um pouco, precisava ir ao banheiro minha bexiga estava me matando, o aperto dele era de aço. Fiz muitas manobras para me soltar, até cair de bunda no chão. Fui ao banheiro e me olhei no espelho, meu colo estava meio avermelhado deveria sangue seco, o hobby tinha uma mancha e eu estava nua. 

Meu cabelo estava arrepiado, estraguei a chapinha do salão. Bufei, usei o banheiro quando voltei ao quarto Christopher estava com a cara amassada na cama, sentado. Parecia sonolento demais.

- senti sua falta na cama. – oi? Ele sentiu minha falta?

- eu precisava ir ao banheiro, desculpa te acordar. – eu suspirei e fui caminhado para fora do cômodo. 

- será que nos podemos conversar, com calma antes de eu ir para o trabalho? – eu travei, seria uma boa ideia? 

- eu não sei to meio abalada ainda ontem eu falei demais e... – ele se levantou e andou rápido até a mim.

- não, na verdade eu quero que você tome um banho, eu vou fazer o café. Eu quero te pedir desculpas, o que você falou me tocou e talvez você tenha total razão. – eu fiquei meio parada, ele queria me pedir desculpas? 

- bom tudo bem. Eu vou aceitar te ouvir. – falei e sai do quarto.

No corredor foi inevitável não sorrir, ele ia fazer o café da minha pra mim. Eu parecia uma boba no banho, nem mesmo a dor insuportável do meu braço tirou meu sorriso, vesti uma calça jeans e uma blusa, nós brigamos ontem e eu nem tive como avisar que vou fazer alguns exames hoje, o de sangue foi feito ontem. 

Sai do quarto e um cheiro maravilhoso aguçou meu paladar, andei devagar, na cozinha o encontrei de costas usando avental, mexendo ovos em uma frigideira, tinha queijo, torradas, café, suco. A mesa estava recheada, me sentei e fiz um barulho para mostrar que o cheiro me agradava. 

- toma o suco, vai abrir seu paladar. – ele falou ainda de costas. 

Não hesitei e peguei um copo, parecia um mistura cítrica tinha framboesa, laranja os outros sabores não consegui identificar, era delicioso e realmente abria o paladar, fiz um som de satisfação quando ele se virou tinha um prato com ovos e bacon que parecia uma carinha feliz, o seu era uma carinho triste não aguentei e gargalhei. 

- espero que goste, fiz um café típico americano só pra você. – dei uma garfada no prato e aquela mistura gordurosa foi bem recebida. 

Comemos em silêncio eu sentia seus olhares em mim, seu ressentimento era palpável quando terminei minha última xícara de café eu me senti pronta para conversar, coloquei os pratos na pia e quando eu ia lavar ele me pegou pela mão e me fez sentar, esse gesto fez meu pobre coração se acelerar como de uma adolescente. 

- eu quero que ouça Dulce. – assenti. – eu sei que tudo que estou fazendo pode parecer uma intenção de se livrar de você, mas não é eu juro. Eu também sei que estou te sufocando acreditando que alguma hora ou outra vai jogar. Eu também sei que o passado nunca vai poder ser apagado, mas eu realmente quero me redimir com você e da maneira certa. – ele respirou fundo. – por isso Dulce, por querer fazer o certo que eu te digo que não é o momento ideal para você morar sozinha. – eu franzi o cenho. – eu sei o que eu disse, o que a Carla disse, mas olha eu vou alugar aquele que você gostou e você pode ir pra lá quando quiser, você tem total liberdade para fazer com ele o que bem entender é seu. 

Eu o abracei com tanta força que sentia meu coração no mesmo ritmo do dele, ele tinha me entendido ele me daria confiança e autonomia, e um apartamento, eu estava tão contente que fui dar um beijo na bochecha dele e sem querer virou um selinho, e nos ficamos nos olhando. Meu coração estava falhando, ele se aproximou, ia me beijar. Eu sentia, fechei os olhos, o barulho da porta batendo nos assustou. 

Dei um pulo, era Carla. Sorte ela ter entrado de costas, eu vi Christopher passar de vermelho, roxo até o branco. Ela se virou e o casaco deu uma leve abertura mostrando que ela estava apenas de lingerie, ela sorriu cínica pra mim. Eu tenho uma vontade bater nessa sonsa. Meu celular começou a apitar de forma escandalosa mostrando que eu iria me atrasar para meus exames. 

-merda. – resmunguei.

- algum problema Dulce? – ele me perguntou.

- não, eu só tenho que fazer uns exames que o médico pediu, to atrasada. – eu ia saindo demoraria um pouco a pé. 

- nós te levamos. – eu olhei pra ele, e o papo de liberdade? – desculpa, aqui. – ele tirou um cartão de crédito da carteira, a noiva abriu a boca. – use-o te mando a senha por mensagem. – ele se aproximou devagar e sussurrou. – corre, aqui vai desmoronar.

A cara da Carlinha era impagável, ela estava furiosa com ele. Só pra garantir dei um beijo na bochecha dele outra vez. Ela achou que só ela sabia provocar? Cheguei próxima dela e me lembrei do que ela me disse no almoço.

- Carla lembra quando disse que adoraria decorar a minha casa? – ela assentiu ainda com o olhar preso em Christopher. – então, eu tenho duas entrevistas de emprego amanhã se eu conseguir algum adoraria que você desse uma ajeitada no apê. - coloquei o cartão em minha carteira, e me virei pronta pra sair. – tchau casal vinte. Tenham um bom dia!

Sai sorrindo por mais que o Christopher mexesse comigo ele era comprometido, muito mal comprometido, mas era. Será que ele não percebia que o relacionamento deles era desigual, a palavra dela tinha peso a dele não. Eu já percebi isso, ela escolhe o restaurante; escolhe o que ele vai comer; o vinho que vai tomar; onde vai sentar. Ele acredita que isso seja devoção, isso pra mim é manter as rédeas curtas, ela o controla direitinho. 

𝘑𝘶𝘯𝘵𝘰𝘴 𝘱𝘦𝘭𝘰 𝘥𝘪𝘷𝘰́𝘳𝘤𝘪𝘰 ↝ Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora