Capítulo 2 - A família

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     Depois de fazer uma promessa, que eu não sabia ao certo se iria cumprir, pois isso não depende de mim, me despedi de Jonathan. Já era noite, estava morta de sono. Fui caminhando e pensando em como seria ter uma família de verdade, iriam gostar de mim?

   Acabei chegando no meu quarto, fui para o banheiro, peguei minhas roupas para tomar um banho. Senti a água cair no meu rosto, a minha vontade era de não sair mais daquele conforto, fiquei lá durante uma hora, mas alguém começou a bater na porta. Saí do box, me enrolei na toalha e abri a porta, era minha professora Elenice. E ela, muito educada, perguntou :

- Ally você está bem?

- Estou, só estava pensando na vida - respondi com um sorriso fraco.

- Acho que você não pensou na conta de água que a Senhora Malawi irá pagar.

    Nós duas rimos só que minha professora do nada ficou triste.

- Eu só queria avisar que eu estou indo embora daqui - anunciou ela.

- Como assim? - perguntei desacreditada.

- Recebi uma oferta de emprego em outra escola.

- Você não pode me deixar aqui! - exclamei e abracei-a fortemente. Comecei a chorar.

     Senti que Elenice estava segurando ao máximo as lágrimas, para não chorar e não mostrar o quanto eu significava para ela. Eu não aguentei ser forte, minhas lágrimas foram mais fortes do que eu. Chorei como uma criança, ela me abraçava mais forte e passava as mãos em meus cabelos, me sentia protegida quando estava perto dela, uma mãe realmente.

- Quero que você continue sendo essa menina que ama a vida, nunca desista dela! Cuide bem do Jonathan. Adeus.

- Não me deixe! - falei limpando meu rosto.

- Eu tenho que ir - ela beijou minha testa, limpou suas lágrimas e eu a abracei por uma última vez. - Adeus Ally minha querida - ela se soltou de mim e foi embora.

    Senti raiva, dor, desolação, tudo junto. Coloquei um pijama e me deitei na cama, fiquei perdida em meus pensamentos, porque a vida é tão ruim? Só ganhamos dela amargura, e sofrimento. Com toda essa reflexão eu acabei dormindo.

   Acordei com alguém batendo na porta, parecia que iria a derrubar, me levantei rapidamente da cama e atendi a porta, era Malawi, ela foi entrando enfurecida batendo os pés no chão com todas as forças.

- Aonde está sua cabeça!? Já são 8:00 horas! A família está te esperando na minha sala! Ainda está de pijama!? Vamos logo! Se arruma!

    Ela fechou a porta com força fazendo todo meu quarto balançar, não perdi tempo e fui ao meu guarda - roupa, peguei a primeira blusa e calça que achei na minha frente e a coloquei. Prendi meu cabelo com um coque desajustado e fui correndo para sua sala. Chegando perto de lá, eu fiquei muito preocupada e nervosa, quem seriam as pessoas por trás da porta? Iriam me aceitar do jeito que sou?

Abri a porta bem lentamente, quando o fiz, vi um casal que aparentavam ser bem legais e um filho que parecia ser um pouco mais velho que eu. A mulher que eu não conhecia se levantou da cadeira e me abraçou.

- Muito prazer. Como esperei por esse dia.

     Falou a mulher gentil, ela possui os cabelos longos escuros, e os olhos cor de mel, já o seu marido tem os cabelos pretos e os olhos verdes, é bem alto e musculoso. O seu filho é grande, forte, tem os cabelos castanho escuro que nem a mãe, e os olhos azuis mais lindo que eu já tinha visto.

- E aí maninha! - disse o filho erguendo as mãos para que eu batesse.

- Espera aí gente! Não quero faltar com respeito, mas eu só vou ser adotada se meu amigo Jonathan vier comigo. - falei seriamente.

    A senhora Malawi começou a rir e falar com desdém.

- Quem é você para poder escolher alguma coisa?

- Quem é a Senhora para tratar uma moça assim? - indagou o homem se levantando irritado, queria bater palmas pela sua ação, a Senhora Malawi abaixou a cabeça constrangida.

- Perdão nem falei nossos nomes, sou Paula, esse é meu marido Luís e meu filho Stewart, eu tenho outra filha chamada Olivia mas ela não pode vir.

- Prazer, me chamo Ally - disse sem jeito.

- Que nome lindo - comentou Paula.

- Agora, voltando ao assunto do seu amigo, podemos adotar os dois, somos bem ricos! - disse Luís ajeitando o cabelo, os colocando para trás.

- Sério? Obrigada Senhor, não vai se arrepender! - o abracei fortemente, mas ele não correspondeu.

- Só, não me chame de Senhor, me sinto velho. Me chame de pai.

- Tudo bem, pai - dei um sorriso.

- Agora as últimas questões, de papelada, está tudo certo para adotar a menina e o menino? - Luís olhou para Malawi e a mesma o olhou assustada.

- Vai adotar os dois mesmo? - Malawi questionou sem acreditar.

- Sim, algum problema? - Luís indagou.

- Nada. Vou chamar o pestinha, quer dizer...o Jonathan.

- Isso faça isso mesmo - meu novo pai falou seriamente.

     Elas nos deixou a sós, eles ficaram falando que moravam em um bairro riquíssimo, que eu e Jonathan iremos estudar na melhor escola, a cada palavra que eles me falavam eu fiquei imaginando em como seria viver com eles, afinal, passei minha vida inteira nesse orfanato e na mesma escola, mas, agora teria que mudar radicalmente, estou bem confusa. Mas logo chegou a Malawi, estragando o momento de felicidade.

- Aqui está o garoto - ela o empurrou de leve para frente.

É,  sou euOnde histórias criam vida. Descubra agora