Capítulo 20 - Lucy

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      Chorei por ela, nem a conhecia, mas mesmo assim, não deveríamos ver ninguém morrendo, a vida dela desapareceu em seu olhar. Um dos homens ligou para ambulância enquanto o outro chamava a polícia. Um deles veio até mim tirando o corpo dela de cima das minhas pernas. Fiquei em estado de choque, não sabia mais o que fazer. Pouco tempo depois, chegaram os carros da polícia criminal, meu pai estava em um deles, ele olhou para mim e veio tentando não parecer preocupado.

- Filha, o que você estava fazendo aqui? - Luís me fitou.

      Quando fui responder um policial chegou, deve ser o chefe do meu pai, ou o responsável pela investigação. Ele é careca, moreno, bem musculoso, está usando óculos escuros e um terno.

- Você está fora deste caso - o careca disse sério.

       Meu pai olhou para mim, como se estivesse falando para que eu tomasse cuidado com o que iria dizer, ele saiu e foi para longe.

- Quero saber porque meu pai não vai participar desse caso - falei com uma dose de raiva olhando para o policial.

  - Pois você é "filha" dele. Um policial não pode participar de casos que envolvem sua família, pois ele pode burlar as regras. Agora é minha vez de fazer perguntas. O que você estava fazendo antes de encontrar o corpo?

   - Saí de casa, vi uns pingos de sangue me trazendo até aqui. Quando acabou o rastro, olhei para baixo e vi a garota - disse lembrando do rosto dela.

        Ele escreveu cada palavra que eu disse num bloquinho de papel, pensei que todos os policiais desenhavam enquanto ouviam um ponto de vista, mas esse fez o trabalho certo.

  - Já sabem o nome dela? E quem a matou? - perguntei com lágrimas nos olhos.

  - Seu nome é Lucy, quinze anos, a causa da morte foi um tiro de arma de fogo. Você a conhecia?

 - Não. Fui conhecê-la agora.

- Pegou algo da cena do crime? - ele tirou os óculos de sol.

- Não, por que?

- É meu dever perguntar isso - respondeu grosso. - Não saía da cidade.

         Ele saiu com sua postura de policial durão, que me fez sentir ódio, a pessoa vê a outra morta e eles ainda querem ouvir nosso lado da história! Aquilo me deixou irada. Os polícias estavam lá, tirando  milhares de fotos do local do crime e do corpo. Me levantei furiosa, e simplesmente saí daquele local, já haviam me feito perguntas, então fui andando para casa. As imagens da Lucy não saíram da minha cabeça, e nem aquela tatuagem em seu pescoço. Chegando em casa, fui direto para o banheiro do meu quarto para tomar um banho, em seguida, fui no quarto do Jonathan. Entrei sem bater na porta,    ( eu sei eu sou má por não bater) fui até seu computador e coloquei no"google" : triângulo e estrelas.

  - Ei! Oque você está fazendo aqui? - perguntou Jonathan se levantando da cama com seu PSP.

- Não posso explicar agora - respondi digitando o mais rápido possível.

      Os resultados foram: Este símbolo representa um grupo que fazem rituais, eles oferecem o sangue de garotas puras para seu deus. Tremia em cada palavra que lia em minha mente.

- O que é isso Ally? - Jonathan disse com medo.

  - Não olha isso, vai lá pra fora - falei não querendo que ele visse as imagens, para que não ficasse traumatizado ou algo parecido.

        Terminei com as pesquisas. Não vou entrar em detalhes, só sei que me meti em algo que pode ser muito assustador e perigoso. Levantei da cadeira, meio que tremendo, Jonathan entrou no quarto e me fitou. Fechei a porta e ficamos lá dentro. Sentei no chão encostada na parede, começando a chorar.

  - Ei Ally, não chora. O quê foi? - Jonathan se sentou comigo no chão, tirando uma mecha de cabelo do meu rosto.

- Nada - tentei me fazer de forte. - Só, não quero que você se meta nesse caso, tudo que eu te contei tente esquecer tá bom?

        Ele concordou com a cabeça e limpou meu rosto, me olhando preocupado.

- Ally, vou te ajudar. Você não pode me proteger de tudo, estou com você até o final.

- Obrigada maninho - baguncei seu cabelo e Jonathan logo arrumou. - Vamos parar com tristeza - falei me recuperando. - Nem nos falamos muito nos últimos dias, e aí? Me conte novidades. - troquei de assunto.  

 - Aqui é muito legal, os nossos pais são os melhores do mundo. O Stu me ajuda a passar em algumas fases do vídeogame. Estou de olho numa menina que é nossa vizinha, muito bonita - ele falou olhando para a janela.

- Humm. Tá apaixonado? - apertei suas bochechas.

- Ela é irmã do Anakim, da marca de macarrão, ou como você conhece por namorado.

- Marca de macarrão - ri. - A Larissa?

- É esse o nome dela? Que lindo - Jonathan falou apaixonado.

 - E o nome Anakim não é bonito? - disse e dei língua.

- Bem que você poderia chamar ela para a espionagem também - ele deu uma sugestão.

- O Anakim teve a mesma ideia, vou ir chamá-la quer ir junto? - perguntei me levantando.

- Pode ser - ele se ergueu.

       Chegamos a casa do meu Ani, toquei a campanhia, mas ninguém atendia, comecei a ficar impaciente, bati na porta e finalmente a Senhora Cindy a abriu. Ela está com os olhos meios inchados e vermelhos de provavelmente, tanto chorar.

- Está tudo bem? - perguntei preocupada.

- Podem entrar - Ela limpou seu rosto com um lenço. - Estou bem só foi um momento passageiro.

  - Nós podemos voltar uma outra hora - disse indo para trás.

  - Não, podem entrar. Ani a Ally está aqui! - ela gritou para as escadas. - Sentem-se - Cindy apontou para o sofá.

 - Com licença - falei com Jonathan em conjunto.

         Há uma pequena mesinha no centro de madeira, e um tapete no chão vermelho dando luxo ao ambiente. Ani desceu as escadas, seus olhos se encontraram com os meus, ele deu um sorriso como nunca havia dado antes. Chegou bem perto de mim e me beijou na testa.

 - Deixa eu te apresentar o Jonathan, meu irmãozinho - falei e baguncei seu cabelo.

- Duas vezes hoje Ally - Jonathan ajeitou seu mini topete. - Assim meu cabelo não aguenta.

- E aí Jonathan? - falou Anakim.

      Os dois bateram as mãos. Ani foi até sua mãe e deu um abraço bem forte e sussurrou algo em seu ouvido. Ele fez um gesto para que nós fôssemos lá para cima.

                    

    

       

   

     

    

    

    

    

    

    

   

   

   

  

   

É,  sou euOnde histórias criam vida. Descubra agora