Capítulo 1 - A promessa

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     Meu nome é Ally, tenho 15 anos. Sou uma menina loira dos olhos azuis. A maioria das pessoas acham que eu sou burra só pela cor do meu cabelo (vocês não sabem quantas piadas de mal gosto sobre loiras eu já ouvi na vida), mas a verdade é que sou a maior nerd da turma.

     Minha história para muitos é bem dramática, mas já me acustumei com os olhares tristes quando conto um pouco sobre minha vida. Meus pais morreram quando eu tinha apenas três anos. Eles me deixaram com minha irmã Fernanda, que é dois anos mas velha que eu; nós duas fomos para um orfanato, pois meus pais não têm família, - é eu sei, trágico - então eu e ela aprendemos a sobreviver.

     As pessoas que foram mais importantes na minha vida foram: minha professora Elenice e Jonathan. Elenice, se tornou uma mãe para mim. Já meu amigo Jonathan é como um irmão, ele tem apenas 12 anos, mas sabe muito mais do que eu, é baixinho e fofinho, ele está no orfanato desde criança, seus pais (ao contrário dos meus), são usuários de drogas, o Jonathan foi encontrado vagando pelas ruas sem rumo.

    Minha irmã foi adotada, nós fomos separadas esse ano. Os adultos não querem adotar os adolescente (nem sei como ela conseguiu), mas sim bebês ou crianças. Fico feliz por ela ter encontrado um lar, uma família que a ame, mas por outro lado, eu sinto muito sua falta, nunca nos separamos por nada nesse mundo e, agora, ela se foi.

    Fiquei tão deprimida por Fernanda ter ido embora, que agora só fico deitada naquele pau que chamam de cama, Jonathan tentou por várias vezes me fazer sair daquele quarto cheio de mofo para brincar, mas não tenho nem ânimo para se meche quem dera sair correndo atrás dele no pique-pega.

     Ele foi meu único amigo naquele orfanato, o resto só sabiam me olhar com cara feia, acho que eles viviam com fome porque por favor né? Passo o dia inteiro no quarto com meus únicos companheiros, os livros, posso viver várias aventuras sem sair do lugar, criar mundos sem se mover, isso é demais.

     Lá estava eu lendo meu livro do senhor dos anéis, na maior tranquilidade quando Jonathan entrou no meu quarto de uma vez só me dando o maior susto.

- Não sabe bater? - perguntei voltando a ler meu livro.

- Sei sim - respondeu ele meio magoado pelo tratamento. - Vamos, saí dessa cama! Você não vai viver assim por muito tempo.

- Ótimo, é o que eu quero mesmo.

- Ei, bata na boca! Não vou permitir que você fique nem mais por um segundo nessa cama! - Jonathan falou com firmeza.

- Aé? Espere pra ver - voltei a minha leitora, o ignorando.

    Ele veio até mim, tirou o livro da minha mão e saiu correndo o mais rápido possível.

- Volta aqui! - me levantei da cama e fui correndo que nem o "flash" atrás dele, que droga! Ele conseguiu.

    Comecei a alcançar o Jonathan, ele pedia para eu parar, suas pernas são curtas e as minhas longas, então, obviamente, eu sou bem mais veloz. Não parei nem por um segundo e finalmente consegui pegá-lo, ele implorou por clemência.

- Ah não! Você conseguiu me tirar, feliz? - questionei ofegante.

- Muito!

    Nós dois rimos.

     Fomos parar bem no jardim da chefona Malawi, a mulher mais mal humorada do mundo, era só olhar para ela que nós já perdíamos a vontade de sorrir.

- O que vocês estão fazendo aqui!? - indagou Malawi, puxando nossas orelhas para cima.

- Perdão, não queríamos estar aqui! - respondeu Jonathan fazendo uma cara de dor.

- Vamos, vamos! Saíam daqui seus pestinhas. Ah sim, Ally, uma família vai vir aqui amanhã as 8:00 horas para ver você e, talvez, te adotar, se é que isso é mesmo possível. Esteja apresentável amanhã mocinha!

- Sim senhora! - disse com raiva.

- Agora vão embora daqui!

      Não perdemos tempo e saímos correndo dali, que ódio que eu tenho dessa mulher! Sempre me fazendo perder as esperanças de encontrar uma família. Chegamos nos dormitórios.

- Urfa! Essa foi por pouco - Jonathan falou ofegante.

- É... - falei ajeitando meus óculos de leitura. - Agora vou voltar aos meus aposentos.

- Ah não Ally! Sério, aproveita o tempo, vai que você amanhã vai ser adotada e irá me deixar aqui.

   Uma lágrima escorreu pelo seu rosto, aquela cena partiu meu coração, ele é como se fosse um irmão para mim.

- Ei, não chora. Só vou ser adotada se for junto com você okay? - limpei se rosto.

- Promete? - ele olhou para mim como o gato de botas do Shrek.

- Sim, prometo - disse esperançosa dando-lhe um abraço apertado.

É,  sou euOnde histórias criam vida. Descubra agora