Capítulo 22 - O tiro

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   Jonathan ficou lá jogando vídeogame com seu amor, Larissa. Voltei para casa, fui para a cozinha assim que cheguei, o almoço estava quase pronto, com aquele cheiro bom de alho frito (que eu adoro). Amanda estava preparando o arroz e eu a ajudei arrumando a mesa. Meu pai chegou em casa e foi logo me procurando.

- Filha você está bem? - ele segurou meus ombros arregalando os olhos.

- Sim - assustei.

- O que aconteceu?

   Minha mãe chegou em casa e entrou na cozinha, desentendida, e Amanda me olhou estranho.

- Pai, já passou, não quero mais lembrar.

- Mas você não estão envolvida né?

- Não! - respondi ríspida. - Só quero esquecer que isso! Desculpe, fui grossa.

   Luís me abraçou e em seguida minha mãe, tudo que eu preciso nesse momento é esquecer, não lembrar de mais nada.

- Eu vou subir para meu quarto - falei me desprendendo de Paula.

- O almoço já está servido - disse Amanda colocando o suco de uva na mesa.

- Estou sem fome - saí sem ouvir respostas.

   Entrei no meu quarto, me joguei na cama, e fiquei lá esperando o sono chegar, alguém bateu na porta depois de alguns minutos.

- Pode entrar - falei sem ânimo.

   Meu irmão Stewart entrou e me olhou com aqueles lindos olhos azuis.

- Posso ficar um pouco com você? - questionou Stu.

- Claro, senta aqui - dei umas palmadas na cama ainda deitada.

   Ele veio e, em vez de sentar, Stu se deitou ao meu lado, nós dois ficamos olhando para o teto, sem dizer nenhuma palavra.

- E como vai a Alice? - perguntei mudando de posição.

- Ela vai bem, viajou hoje de madrugada para a Califórnia.

- Que legal - disse tentando parecer alegre.

- Só queria saber como minha mana anda - ele se virou para mim me encarando.

- Bem, só quero conseguir dormir algum dia.

- Me conte mais. Adoro pessoas que falam muito.

- Bom, hoje a noite eu irei numa festa com o Anakim e a Larissa, nova namorada do Jonathan.

- Sério isso? - perguntou Stu sorrindo.

- Uhum, os dois acabaram de se conhecer, eles devem estar jogando vídeogames na casa da mãe do Ani - me lembrei que ela iria embora e fiquei triste de repente.

- Que foi Ally? - Stu fitou meus olhos.

- Nada, só más recordações. Não estou te expulsando, mas eu queria dormir agora, não tive um dos melhores sonhos hoje.

- Já vou então. Ah sim, talvez quando você acordar, nós não vamos estar aqui, vamos comprar os materiais de escola do Jonathan, vamos voltar umas oito horas ou mais tarde okay?

- Tudo bem - Stu deu um beijo em minha testa, se levantou e saiu.

   Não demorou muito para que eu pegasse no sono, estava muito cansada e quebrada por ter dormido uma parte da noite em um tapete e outra na cama. Foi fácil dormir, as sonecas da tarde são as melhores.

   Acordei com muita fome, às seis horas da tarde. Desci até a cozinha, peguei a comida do almoço e coloquei no microondas, comi tudinho e um pouco mais, depois que a cratera na minha barriga foi fechada, subi novamente ao meu quarto para começar a me arrumar para a festa, não tinha nenhuma roupa para a ocasião, resultado : todas as minhas roupas jogadas em cima da cama e eu ainda não havia escolhido a melhor. Tomei um banho bem demorado, lavei o cabelo e depois comecei com a maquiagem, não exagerei muito para não parecer uma bruxa e também não pasei tão pouco para ficar com um luke natural. Passei a quantidade certa, sem muita falsificação de identidade, finalmente consegui a roupa perfeita : uma jaqueta de couro preta, uma blusa meio solta azul, e uma calça preta também, sem contar no salto vermelho vinho.

   Fiz escovinha no cabelo, já estava perfeita, fiquei me admirando no espelho do meu banheiro por um bom tempo para ver se realmente estava bonita para a ocasião. Ora de colocar os brincos, peguei dentro do meu guarda-roupa que estava fora do banheiro e entrei novamente no mesmo deixando a porta aberta para sair o vapor quente.

   Coloquei a caixinha dos brincos em cima do balcão da pia, abri a caixa, peguei uma das argolas pratas e pus na orelha. Quando fui pegar a outra, ela escorregou da minha mão e caiu dentro da pia, pelo menos era grande o suficiente para não entrar no cano, então, consegui pegá-la. Quando ergui a cabeça vi pelo reflexo do espelho alguém atrás de mim, com os cabelos pretos e pele clara, uma garota. Não dava para ver os olhos, pois a franja da menina os cobria, levei um susto.

- Você se acha muito esperta não é? - a jovem questionou.

- Quem é você? - respondi com outra pergunta me virando para a encará-la, aquela voz me era familiar.

- Não me reconhece? - ela levantou a cabeça, era Olivia.

- Você! - um ódio cresceu dentro de mim.

   Olivia andou e parou bem na minha frente. Ela me encarou, minha "querida" irmã estava com o rosto todo pintado com um desenho de uma caveira me fazendo arrepiar. Seus olhos estavam vermelhos, parecendo que estava com uma raiva sem limites.

- Quem é o seu líder!? - perguntei aumentando a voz para parecer confiante.

- Você acha que eu vou entregar assim de bandeja? Ah, Ally tola! - Olivia me deu um tapa na cara e eu revidei com um soco em seu nariz.

   Ela caiu no chão de tão forte que foi o impacto. Corri para fora do banheiro, mas ela me deu um golpe com os pés que me fez cair e bater a cabeça no canto da cama, me recuperei rapidamente me levantando e a encarando.

- Você não vai se livrar dessa! - gritei com todas as minhas forças, na esperança que alguém me ouvisse do lado de fora. Olhei de relance o relógio na minha estante já era oito e quarenta.

- Sua idiota, eu já me livrei ! - sua boca espumou de raiva.

   Olivia me atacou com um chute na barriga me fazendo cair em cima da cama.

- Pelo menos eu caí em um lugar fofo - falei brincando (que hora para se fazer isso).

- Você vai morrer - ela tirou uma arma de dentro da calça, congelei na hora.

- Ah mais não vou mesmo.

   Dei um chute em sua mão o que fez ela jogar para longe a arma. Nós duas nos entreolhamos para ver quem pegava a arma primeiro, tomei a iniciativa e saí correndo e Olivia logo atrás. Ela agarrou minhas pernas me fazendo cair, mas fui me arrastando até a arma que estava perto da porta, contudo, Olivia se levantou e pegou ela primeiro. Dei um soco em sua barriga, mas ela não soltou a arma, puxei seus cabelos, dei tapas em seu rosto e ela me deu umas joelhadas na perna. Finalmente nos nós separamos.

- Adeus Ally.

   Ela puxou o gatilho, Olivia deu um sorriso maléfico, só senti minha barriga ficar quente, olhei para baixo e estava sangrando muito. Caí de joelhos e depois no chão. Ouvi outro barulho de tiro, tentei levantar a cabeça e vi Olivia colocando a mão na perna que sangrava. Olhei para a porta, vi meu pai com uma postura de policial e Ani ao seu lado.

- Ally! Ally! Fica comigo - disse Ani, se debruçando sobre mim.

   Ele presionou minha barriga, chorando, enquanto meu pai ligava para ambulância. Minha boca estava seca, nunca quis tanto um copo d'água na minha vida. Meu pai colocou um travesseiro por baixo da minha cabeça e depois prendeu Olivia com algemas no pé da cama. Ani continuava com as mãos em minha barriga, ele me olhou com desespero mas tentava se mostrar forte.

- Fica comigo, fica comigo! - Ele disse começando a chorar.

- Ani - falei perdendo as forças.

   Meus olhos começaram a se fechar.

- Não! Não! - Ani não sabia mais o que fazer.

É,  sou euOnde histórias criam vida. Descubra agora