Catástrofe 11

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Boa leitura






- ... Então, no ano de 1948, a Península Coreana foi dividida no que conhecemos hoje como República Popular Democrática da Coréia e República da Coréia, as Coreias do Norte e do Sul. - O homem continua a falar, segurando o livro de história em uma das mãos enquanto usa para escrever a data citada na lousa. - A Guerra das Coreias durou o período de três anos, desde 1950 até 1953, onde ambas contavam com dois aliados cada: A Coréia do Norte tinha a ajuda da China e da antiga União Soviética, enquanto a Coréia do Sul tinha aliança com os Estados Unidos e o Reino Unido ... - Ele continua a dizer, não parando de anotar as informações.

É segunda de manhã, primeira aula, História Nacional, e meu caderno está começando a ficar repleto de anotações e mais anotações. Em minha frente, Taehyung parece concentrado também, mas não na matéria que Sr. Choi insiste em ensinar. Não preciso fazer muito esforço para ver meu melhor amigo com o celular em mãos, debaixo da mesa, digitando rápido.

Sábado acabei não conversando com ele sobre o que eu queria, porque ele estava completamente bêbado e fora de si, só sabia rir e tropeçar nele mesmo. Meu pai não pareceu se importar com isso quando foi nos buscar, depois de eu ter mandado algumas várias mensagens implorando para que fosse até lá. Deixamos o Kim em sua casa e todo o caminho até a minha foi repleto de perguntas como "você gostou?" e "Conversou com mais alguém, filho?", mas me limitei a dar detalhes sobre a noite.

O domingo se arrastou entediante enquanto eu repassava todas as cenas daquele dia e deixava que várias perguntas se formassem. Claro, nenhuma contendo uma resposta que realmente me agradasse. Taehyung realmente gosta de garotos? Se sim, por que nunca me contou? E Jeon? Por que, ao mesmo tempo que sinto que é uma boa aceitar sua aproximação, parece que é a maior merda que estou fazendo?!

- Porra, que confuso... - Era para sair algo baixo, mas ergo a cabeça rápido quando percebo que minha voz saiu mais alta do que realmente era para acontecer.

- Algum problema, Park Jimin? - Sr. Choi pergunta, aqueles óculos pendurados na ponta do nariz e seus olhos intimidantes direcionados a mim. Acho que se ele tivesse o poder do Ciclope, eu já teria virado carvão.

- N-Não. Nada. - Minha voz sai falha e sinto meu sangue gelar ao perceber que todos estão me olhando.

Talvez estejam pensando que sou estranho? Estão rindo? Não sei, minha coragem para olhar ao redor vai para a puta que pariu, então apenas mordo o lábio enquanto abaixo a cabeça, sentindo todo meu rosto esquentar como o inferno e minha barriga revirar.

Timidez filha da puta. Ansiedade mais filha da puta ainda!

- Não tolerarei mais linguajares assim, Park. Deixarei passar desta vez, mas espero que não se repita. - Concordo com a cabeça, não tendo uma única gota de coragem para olhá-lo.

Nervoso com a situação, minha única reação é ficar parado, pedindo silenciosamente para que o Universo tenha piedade da minha pobre alma e me deixe, ao menos uma maldita vez, sem passar por algo constrangedor. Mas como já era de se esperar, ele me odeia. Essa certeza é concretizada quando vejo um papel ser jogado em minha mesa, em cima do meu caderno e tampando parte de minhas anotações. Ergo a sobrancelha, será que era o Universo me mandando um pedido de desculpas formal por todas as vezes que me fez tomar no cu?

Pego o papel, reparando que ele está devidamente dobrado. Abro-o, ainda estranhando aquilo, é claro. "Quer passar o intervalo comigo de novo, Jimin-ssi?" é o que está escrito. Ergo a cabeça e olho para o menino ao meu lado, que obviamente já está me encarando com aquele olhos enormes e o aquele sorriso imbecil que me da vontade de socá-lo. Ele desvia o olhar para a folha ainda em minhas mãos, talvez perguntando silenciosamente algo como "e então? vai ou não?".

Suspiro, olhando mais uma vez para sua caligrafia. A resposta é fácil em minha cabeça: não sei. É isso. Não sei! Sinto que posso tentar mais, que eu quero tentar mais! Mas talvez ver Hoseok e Taehyung no mesmo lugar não seja algo que eu queira no momento. Porém, olhando mais uma vez para meu melhor amigo, repenso sobre tudo. E com um os cinco segundos de coragem que percorrem meu corpo inteiro, virou meu rosto mais uma vez para Jeon Jungkook, concordando com a cabeça e tendo a visão do garoto sorrir mais.

E seja o que o Universo quiser.

[...]

Eu acho que quando nasci, ou talvez quando estava prestes a chegar ao mundo, o Universo disse: "Eu vou foder com a vida desse garoto até ele pedir arrego", porque, de novo, não existe outra explicação para o tanto que eu tomo no cu.

O intervalo chegou, mas minha coragem se foi toda para os quintos dos infernos. Mas não irei dar o pé agora, eu não sou arregão... Quer dizer, depende. Por exemplo, a cena de agora me dá vontade de ser arregão. Como sempre, o lugar está barulhento graças às esquipes de vôlei, basquete e futebol, que por alguma razão decidiram simplesmente que sentariam juntas e fariam a maior gritaria. Mas continuo na mesa do fundo com os outros garotos, que parecem realmente não ligar para o barulho infernal.

Entretanto, esse não é o único motivo para me sentir desconfortável aqui. Taehyung está sentado ao meu lado. Em sua frente, Hoseok come tranquilamente enquanto conversa com meu melhor amigo animadamente, sempre sorrindo. Yoongi e Namjoon hyung, assim como eu, encaram os dois descaradamente, só esperando uma brecha para fazer perguntas e mais perguntas. Em minha frente está Jungkook, mas não presto atenção nele, então não sei dizer se está encarando os outros dois também ou apenas fazendo outra coisa.

- Vocês dois vão ficar nessa putaria até quando, hem? - É Yoongi hyung quem pergunta, claro, sem filtro algum. Namjoon hyung lhe da um tapa no braço. - Vai bater na mãe, porra!

- Do que está falando? - Hoseok pergunta.

- Eu estou fal- - Antes que possa concluir, Yoongi hyung tem a boca tampada pela mão de Namjoon, este que sorri logo em seguida para nós.

- Ele ainda está alcoolizado de sábado, não liguem para nada do que ele fal- QUE NOJO, PORRA! - Gritou enquanto tirava a mão da boca alheia - Virou cachorro? Tá me lambendo.

- Você não pareceu se importar com a minha baba quando eu estava te beij- - E, mais uma vez, teve a boca tampada. Mas desta vez por uma colher repleta de arroz.

Gente, que situação constrangedora. Eu não sei se devo rir, porque foi realmente engraçado, ou se devo ficar em choque por toda essa cena. Volto meu olhar para Taehyung, vendo-o encarar Hoseok com olhos arregalados e depois virar o rosto para mim, ainda com a expressão assustada, como se lembrasse de algo.

- Eita porra! - É o que pronuncia, voltando a encarar o jogador em sua frente, sem falar mais nada. Mais rápido do que pude calcular, sinto o banco em que estou sentado quase virar com a brutalidade que Tae se levanta do mesmo, chamando Hoseok hyung e saindo de lá logo em seguida, tendo o outro correndo atrás de si enquanto o chama.

Isso aí, o Universo está fodendo todo mundo hoje.

Meu Ensino Médio "Nada" Clichê [EM PAUSA]Onde histórias criam vida. Descubra agora