White decisions

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A garota era alguém com boas intenções, a culpa não era dela por ter más decisões.

...
POV TAEHYUNG

Era a quinta vez seguida que o nome Dawon aparecia no visor do meu celular. Eu não aguentava mais aquilo.

— O que quer? — Atendi logo de uma vez.

"Olá para você também, Taehyung"

— O que você quer? — Repito.

"Eu sei que fui um babaca com você esses dias, queria me desculpar por isso" — Como aquele cara ainda tinha coragem de me ligar?

— Ok, já se desculpou, tenha um bom dia. — Antes que desligasse, ouvi um "espera" do mesmo. — O que é agora?

"Para me desculpar gostaria de sair com vocês novamente, será por minha conta, os outros concordaram".

— Para onde?

"68 bar, te encontro lá as onze e meia, Taehyung" — O mesmo diz e desliga em seguida.

Não era apenas a garota que tinha más decisões.

Ainda eram dez horas, então apenas fiz cereal e comi enquanto assistia algum anime que passava na TV. De repente me pego pensando em Sarah e nosso beijo na cozinha. Ela insistia ser má quando eu sabia que não era. Eu faria de tudo para que ela não se afundasse ainda mais, mesmo não sabendo sobre seu passado, eu tinha a ideia que havia sido doloroso. Eu sentia a necessidade de salvá-la e mostrar para ela que as coisas não eram assim tão ruins. Queria poder dá-la algum tipo de esperança e conforto.

Deixo o pote em cima da pia e vou até o armário, horrorizado por não ter nenhuma roupa para esses momentos, apenas casacos e moletons. No mesmo instante pego minha carteira e saio procurando algumas lojas masculinas.

Ao encontrar uma com preços mais em conta, procuro algo que me agrade. Compro uma camisa preta florida e um blazer, também preto. Também compro sapatos sociais e uma calça nova, pois sabia que o lugar era chique e queria passar uma boa impressão. Nunca havia ido para esse tipo de bar, mas eu sabia de algumas histórias que rolavam por lá, então tinha mais ou menos uma ideia de como era o ambiente.

Volto para casa e arrumo as coisas. Já eram onze e vinte então resolvi começar a me arrumar. Aproveito para acrescentar anéis e alguns colares que gostava. Só por hoje gostaria de ser algo que talvez eu nunca tivesse sido.

 Só por hoje gostaria de ser algo que talvez eu nunca tivesse sido

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...
POV SARAH

Me encaro pelo fino espelho, não estava mal mas poderia estar melhor. Eu vestia um vestido bordô justo que realçava minhas curvas, com uma fenda na perna direita, calço meus sapatos cor de prata que continham pequenos saltos finos. Solto meu cabelo, fazendo com que caísse sobre meus ombros. Ok, eu estava gostosa.

De maquiagem, fiz meu matinal delineado de gatinho, nos lábios passei um batom vermelho matte. Não queria ser muito destacada, apenas queria estar elegante. Coloquei alguns acessórios que julguei sendo ideais para a roupa que vestia. Coloquei meu perfume preferido, peguei minha bolsa com meu celular, mas antes que pudesse abrir a janela, para minha surpresa, a porta foi aberta.

Me praguejei no mesmo instante por não tê-la trancado, vendo meu padrasto me olhar de cima a baixo com fúria.

— Onde pensa que vai com essa roupa, sua vagabunda?

Senti meu estômago se revirar e fiquei em silêncio. O homem, vendo que não o responderia tão cedo, avançou até mim e deferiu um soco em meu rosto, fazendo com que me desiquilibrasse e caísse batendo o braço na mesa, logo vendo o mesmo sangrar. Ele se abaixa na minha altura e começa a dar tapas em meu rosto, sinto um corte se abrir em minha boca. Ao tentar me levantar, o homem me joga contra o espelho, fazendo com que o mesmo rachasse e eu sentisse minha pele ser cortada em alguns pontos específicos. Antes que mais algo fosse feito, empurro o mesmo com toda a minha força restante, fazendo com que ele batesse a cabeça no chão e me desse tempo para fugir o mais rápido possível dali.

No caminho, coloco um curativo na bochecha que sangrava e agradeço por já ter adicionado uma muda de roupa à minha bolsa. Talvez eu não voltasse para casa naquela noite.

Vejo os faróis iluminando as ruas escuras e faço o mesmo trajeto de sempre, só que dessa vez cambaleando por conta das dores que me atingiam. Paro na banca e compro mais cigarros e alguns chicletes de menta. O vendedor me olha preocupado, talvez pelos meus machucados que sangravam. Saio dali e acendo o cigarro como de custume.

Sinto meus pulmões queimarem enquanto observo os faróis coloridos brilhando na rua. Tusso sangue por conta dos socos deferidos em meu estômago e acabo por rir sozinha lembrando da fala de Taehyung.

"você não é quem parece ser"

Nem eu mesma sei quem sou, como poderia ele saber?

Ouço assobios da parte de um grupo de caras que estavam bebendo e fumando em uma praça que havia no caminho. Apenas mostro meu dedo do meio e vejo os mesmos irritados. Apresso os passos para que não fosse seguida por algum deles. Me senti mal por aquela praça. Havia alguns balanços e brinquedos de cores desbotadas por causa das chuvas intensas. Eu me sentia igual aquele balanço. Desbotada. Minhas cores foram mortas com o tempo, e isso era a única coisa pelo qual eu me culpava.

Uma garoa aparece repentina e resolvo chamar um táxi, para que não chegasse lá toda encharcada, também não iria querer chegar arrasada logo no primeiro dia de trabalho, se é que eu fosse mesmo trabalhar ali. Indico o caminho ao motorista e o mesmo segue pelas ruas molhadas. Me perguntava como seria ser feliz e poder ter uma vida normal e aconchegante, algumas lágrimas surgiram e começaram a escorrer pelo meu rosto, mas limpei-as antes que borrassem minha maquiagem.

O trajeto demorou quase meia hora por causa do trânsito que surgiu em conjunto da chuva. Pago pela viagem e saio do carro, vendo o enorme bar em minha frente. Haviam algumas pessoas bêbadas na entrada e muitos carros estacionados, demonstrando que estaria lotado, afinal era sábado.

Aquela seria uma longa noite.

Entro pela porta de vidro e sinto o ambiente que conseguia me fazer mal e bem ao mesmo tempo. Algumas pessoas me olhavam estranho, mas não me importei, já sabia o porque daqueles olhares. Me dirijo ao balcão e vejo Jeongguk com algumas, talvez muitas, garrafas de vodka. O mesmo percebe minha aproximação e sorri ao me ver.

— Você veio! — Diz feliz com a voz mole pela bebida.

— Sim vim trabalhar. — O mesmo nega com a cabeça dando risada e eu o encaro estranhando, mas não surpresa.

— Hoje você veio para se divertir.

Sabia que aquele idiota iria aprontar alguma.

One Last Time | KTH Onde histórias criam vida. Descubra agora