2 semanas, 4 dias, 8 horas

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 Nós lidamos de forma diferente a cada obstáculo que enfrentamos em nossas vida, é parte do processo, isso inclui todas as surpresas e as decepções que aparecem no percurso, o fato é, temos que lidar com elas, de um jeito ou de outro. O medo de ficar preso no passado e viver dele é o que mantêm as cabeças erguidas e seguindo pelo tortuoso caminho.

 Apesar de acharmos comum comparar e igualar, suportamos pesos diferentes, a vida é assim. Josie olhou o teto, branco, sua luminária tinha 10 parafusos e estava suja, precisava fazer uma limpeza naquele lugar, virou de lado e pensou em ligar o abajur, poderia tentar ler alguma coisa.

 A quem queria enganar? Já tinha tentado isso antes, não dava certo. Desistiu da ideia pois poderia acordar sua irmã, não queria isso, a última coisa que precisava era de Lizzie falando e fazendo perguntas. A jovem Saltzman bufou cansada, por que ela não poderia simplesmente dormir? Fechar os olhos, como uma pessoa normal, e dormir? Estava disposta a contar ovelhinhas para que adormecesse, era tudo o que precisava.

 Ou talvez não, tinha medo de sonhar, talvez, inconscientemente estava se mantendo acordada, nossa mente é poderosa. Alcançou seu celular sabendo que esse era sempre o erro, estava desregulando todo o seu horário, e para que?

 2:14

 Faziam 2 semanas, 4 dias, 8 horas e alguns minutos que não tocava Penélope.

 Términos não são fáceis, essa é a verdade, primeiro você se acostuma a ter uma pessoa sempre por perto, depois começa a desenvolver os chamados sentimentos por essa pessoa e tudo fica ainda mais confuso, quem entende os próprios sentimentos? Josie sabia que seu coração seria partido no minuto que viu a morena de olhos verdes, mas isso não a impediu de continuar, até não sobrar nada. Talvez no fundo fosse um pouco masoquista.

 A menina encarou o livro em sua cabeceira, Jane Eyre. Os adolescentes vivem tanto de suas imagens que acabam esquecendo o conteúdo, sarcástico, porque no minuto que saírem do ensino médio a urgência por ser diferente tornar-se tão grande e angustiante que chegam a questionar suas escolhas e gostos, apenas pela autenticidade. Não se excluía nessa jogada de mestre do mundo, era confuso. Se as pessoas prestassem mais atenção no que Penélope lia saberiam que ela não é nem metade do que dizem.

 Penélope.

 Lizzie chamou a irmã que saia do carro, elas estavam encrencadas. Quando se tem quase 14 anos é bem parecido com isso, a verdade é que Lizzie queria retribuir os ovos jogados na escola e Josie foi na onda, ela as vezes se perdia no caos da irmã. Foram pegas e sentenciadas a fazer trabalho voluntário, bom, "Voluntário", Alaric tinha alguns contatos então a coisa não ficou tão feia.

 Ele conversou com as filhas a respeito da importância de serem normais lá, de se misturarem e fingirem demência quando questionadas sobre a escola, ele não podia se dar ao luxo de ter esse escândalo vazado. MG carinhosamente se voluntariou para acompanhar as gêmeas mas o diretor sabia que no fundo o menino sentia algo pelas meninas, só não sabia se era por Josie ou por Lizzie.

- Não acredito que você nos colocou nessa!- Josie encarou a entrada do colégio, era diferente, estava tão acostumada com o internato que estar lá fora era extasiante.

- Eles não deveriam ter nos encontrado!- Lizzie esbravejou- Se você não tivesse sido tão lenta...- Deu de ombros e escutou um sinal, eles tinham que entrar e encontrar o diretor.

- Isso pode ser divertido!- MG deu um largo sorriso fazendo as meninas sorrir e as puxou para dentro do colégio.

 Os três caminharam nervosos pelos corredores, estavam em terreno inimigo, e o pior, não tinham a mínima ideia de como chegar aonde precisavam chegar.

Amigas, apenas - Posie -Onde histórias criam vida. Descubra agora