Mundo cinza

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- Eu preciso voltar?- Penélope olhou a mãe.

- Por que você não voltaria?- A mulher abaixou o jornal lentamente enquanto tomava um gole de seu café.

- O ano letivo já está acabando...- Olhou a hora, teria que melhorar seu jogo se quisesse ficar em casa- Não estou me sentindo bem- Ela poderia aquecer a testa com o secador e fingir uma febre.

- Você está ótima- A mãe nem abaixou o jornal para falar dessa vez- Vá arrumar suas coisas, nós saímos em 10 minutos- Checou o relógio e terminou seu café.

- Mas mãe!- Bufou e subiu as escadas, ótimo.

 A verdade é que desde a fatídica noite a jovem Park mal havia dormido, sua cabeça pesava de tantos pensamentos e seu foco estava perdido, era como se tentasse se convencer de que havia feito o certo, de que não havia tomado uma decisão precipitada da qual se arrependeria amargamente.

 Josie.

 A filha do diretor estava constantemente na cabeça da morena de olhos verdes.

 Merda.

 Quem sabe no fundo só queria se convencer de que não estava apaixonada, mas depois dos últimos 3 dias, sabia que estava. A festa teria sido boa se tivesse feito algo além de ficar triste, o beijo de Lisa ainda era bom mas não chegava aos pés do da jovem Saltzman, sua cama era boa mas era bem melhor quando a gêmea estava nela.

 Vivia em um mundo colorido e quando Josie se foi, levou consigo a cor. Penélope estava vivendo em um mundo cinza.

- Está tudo bem?- A mãe entrou no carro, sinalizando os seguranças.

- Sim...- Não.

- Você está... Diferente- Tomou cuidado com as palavras que usava, costumava ser tão próxima da filha- É saudade do seu pai?- Uma risada fraca, impossível.

- Quando ele volta?- Fugiu do assunto assim como fugia quando era citado qualquer coisa sobre suas relações amorosas.

- Semana que vem- Percebeu como ela fugiu do assunto e resolveu dar o espaço- Eu até de deixaria faltar essa semana- Penélope sorriu.

- Mas...- Deu uma risada, as vezes a relação entre ela e a mãe voltava a ser o que era. As vezes.

- Mas no começo do mês que vem nós vamos viajar, então você não pode ter tantas faltas- A morena dos olhos verdes continuou sorrindo e olhou pela janela, já havia machucado Josie o suficiente, não queria ficar rodando pelo colégio, não quando lá era o refúgio da gêmea.

 Os carros não demoraram para chegar no colégio, entraram pelo grande portão e Penélope teve um déjà vu, comum, era como se toda semana quando voltava, tudo reiniciava, até o medo do primeiro dia. Eram 3 dias de libertinagem e farra, depois, voltar a se acostumar com a prisão de madeira.

- Tchau, mãe- A jovem Park sorriu para a janela do carro, só queria seu quarto.

- Tchau filha, se cuida!- O vidro preto subiu e os 3 sedãs saíram pelo portão.

 Ela estava sozinha.

 Sabrina e Melissa aproximaram-se, Penélope sorriu, desde o pequeno discurso de Jed sentia que estava amaldiçoada ou algo tipo, era relaxante não enfrentar a solidão. As meninas conversaram até o quarto da morena dos olhos verdes e ficaram lá por um tempo, avisaram a jovem Park da convocação do diretor e de como não sabiam sobre o que era.

 Imaginavam que fosse sobre o baile, mas era difícil de ter certeza. Melissa teve que se retirar pois algum vampiro tinha mandado mensagem e em meios a provocações ela saiu, deixando Penélope e Brina sozinhas. Apesar do clima leve a hora de ir para o salão chegou e elas foram até o lugar ainda conversando sobre coisas fúteis, Penélope até estranhou a devoção de Sabrina.

Amigas, apenas - Posie -Onde histórias criam vida. Descubra agora