Cinco meses depois...
Os gritos de alegria e risos ecoavam pelo salão. O brilho no olhar das garotinhas sentadas num tapete rosa no chão, enquanto admiravam a performance da mulher vestida de palhaça a sua frente, me emocionou profundamente, pois várias dessas meninas, sofreram algum tipo de violência, passaram por maus-tratos no convívio familiar ou eram oriundas de pais viciados em crack.
Poder ver a felicidade estampadas naqueles rostinhos era maravilhoso e eu sabia o quanto isso é importante para Bia. Além do mais, saber que a mulher com quem eu me casei estava proporcionando isso a elas, me fazia admirá-la e amá-la ainda mais.
Desde que voltamos de lua de mel, Beatriz decidiu dedicar um tempinho de suas manhãs, antes de ir para o estúdio, para fazer um trabalho voluntário em um abrigo.
—Amor, faz tempo que venho pensando sobre ajudar algum abrigo que acolha meninas que passaram por situações parecidas com que eu passei ou que por algum motivo foram separadas de suas famílias. Eu queria muito poder levar um pouquinho de alegria à elas... — Bia havia dito, enquanto estávamos deitamos em nossa cama conversando.
Eu não fiquei nem um pouco surpreso com sua atitude em querer ajudar o próximo. Sua generosidade não tinha limites e isso só mostrava a mulher incrível que ela era. Tudo que fiz foi apoiar sua iniciativa e prometi que ajudaria financeiramente e em qualquer coisa que precisasse.
Já faziam quatro meses e meio que Bia havia começado com o trabalho voluntário, eu não pude deixar de perceber o quanto isso fazia bem para ela. Sempre que conversamos sobre como tinha sido seu dia no abrigo, o brilho em seu olhar se intensificava. O seu sorriso se iluminava ao falar com carinho e amor de cada garotinha que conheceu. Eu amava ver a felicidade dela, isso para mim era o que mais importava e me fazia feliz.
Meu olhar estava sobre Beatriz, que fazia a maior bagunça com as meninas, quando uma voz familiar soou ao meu lado, chamando minha atenção. Virei a cabeça e me deparei com Júlia, a diretora do abrigo.
—Ela é fantástica, não é mesmo? — A senhora fala com um sorriso no rosto enquanto observava Bia, depois cruza os braços na altura do peito e me encara.
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Almas Marcadas (Quadrilogia Mulheres Negras - Livro 2)
RomanceBeatriz Silveira, quando menina viu sua vida virar de cabeça para baixo. Após a morte de seus pais ela teve que morar com uma família acolhedora. Foi então, que ela descobriu o quanto o ser humano pode ser terrivelmente cruel. Agora com 24 anos Bia...