Twenty-One

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          Estava chegando em casa quando meu celular começou a tocar freneticamente. O peguei no bolso e olhei no visor, era um número desconhecido. Atendi e a pessoa demorou a me responder. Estava quase desligando a ligação quando finalmente ouvi uma voz, a qual demorei a reconhecer.

"Any?"

"Oi Josh, como está?"

"Bem... E você?"

"Também estou."

"Estou surpreso por ter me ligado."

"Diarra me mandou a carta."

"Fui eu quem pedi para ela mandar... Não estava esperando uma resposta."

"Fiquei na dúvida se ligava ou não, se você iria querer falar comigo."

"Não tenho por que não querer. Você era minha melhor amiga, Any." - Ficamos em silêncio.

"É..." - Foi a única coisa que ela disse.

"Bem... Por que ligou?"

"Achei que te devia isto."

"Na verdade, não devia."

"Eu sei, foi um erro, só me fez lembrar das coisas que estava tentando esquecer."

"Eu vou desligar. Tchau, Any."

          Desliguei o celular e o guardei novamente no bolso. Continuei meu trajeto, com lágrimas rolando pelo meu rosto. Cheguei em casa e minha mãe havia acabado de chegar. Fui para perto dela e a abracei com força, a deixando confusa por eu estar chorando. Ficamos em silêncio, somente abraçados por um tempo. Quando nos separamos, ela perguntou o que havia acontecido e eu a contei tudo.

          [...]

          Acordei mais tarde que no dia anterior, tendo somente uma hora para fazer minhas coisas antes de ir para o trabalho. Não vou negar que estava mais desanimado que ontem. Aquela ligação da Any mexeu com a minha cabeça. As palavras dela ficaram martelando o resto do dia e o nervosismo da minha mãe, depois que eu contei a história para ela, não me ajudou em nada. Minha mãe não tem raiva da Any, ela só achou que aquela situação poderia ter sido evitada, já que Any não se desculpou nem deu uma satisfação para tudo o que havia acontecido.

Noah

          Josh chegou mais cedo que ontem, mas não falou quase nada, somente me cumprimentou, o que eu estranhei, pois ontem ele estava super empolgado com o emprego.

          - Josh, está tudo bem? - perguntei assim que me aproximei dele.

          - Sim. - E continuou fazendo sua tarefa, nem olhando na minha cara.

          O horário do trabalho continuou no mesmo clima. Josh estava quieto, só fazia suas obrigações, as vezes com minha ajuda, mesmo ele não pedindo em nenhum momento. Achei que tinha feito alguma coisa pra ele, mas não consegui pensar em nada e toda vez que chegava perto dele para perguntar, ele ia pro outro lado, se afastando. Quando nosso turno terminou, insisti que ele se sentasse pelo menos um pouco em uma mesa pra gente conversar, o que ele cedeu depois de muito eu pedir.

          - Aconteceu alguma coisa? - perguntei a ele.

          - Noah, não faz isso.

          - É que eu fiquei preocupado de ter feito alguma coisa pra você estar assim. Você me evitou o dia inteiro.

          - Não, você não me fez nada.

          - Certeza? Foi muito do nada. - Ele desviou o olhar e percebi que seus olhos se encheram de lágrimas - Desculpa, não queria deixar você triste tocando no assunto.

          - Não precisa se desculpar.

          - Quer conversar sobre isso?

          - Você não sabe nada sobre mim mesmo, né? - Ele me encarou e eu neguei, sentindo um arrepio assim que seu olhar cruzou com o meu. - Há 11 meses, eu e meus dois amigos, Lamar e Any, estávamos numa festa e minha irmã beijou Lamar, que namorava com Any na época. Eles brigaram e sofreram um acidente de carro enquanto voltavam pra casa. Lamar acabou morrendo e Any culpou minha irmã por isso, e depois de um tempo, se mudou e não deu mais notícias. Somente a irmã de Lamar continuou tendo contato com ela. Então sua mãe me disse para escrever cartas com tudo o que eu sentia e eu pedi para Diarra mandar uma delas para Any, sendo que somente ela sabia onde Any estava morando. E ontem Any me ligou.

          - Nossa, Josh, não imaginava... O que ela disse pra você?

          - Só que tinha recebido minha carta. Eu não queria que ela tivesse me respondido, seria mais fácil se ela não tivesse me ligado. - Ele começou a chorar e eu o abracei forte, deixando com que ele deixasse tudo sair, e ele me abraçou de volta.

          Ficamos assim por alguns minutos até que ele se acalmou, me agradecendo logo em seguida. Arrumamos as coisas e fechamos a sorveteria, indo embora cada um para sua casa.

Oie, espero que tenham gostado. Vocês sabem que me adoram. Beijinhos

~Isah

         
         

After The Storm - Josh Beauchamp & Noah UrreaOnde histórias criam vida. Descubra agora