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Sem revisão.

Giovana.

Deitei do lado do Iago e fiquei fazendo cafuné até ele pegar no sono. Demorou um pouco mas ele dormiu. Tava tão manhoso que parecia que os remédios não faziam efeito.

__ Tô indo lá resolver esse problema mãe. __ minha mãe tava sentada na sala junto com meu pai.

__ Conversa primeiro, filha. Com calma. __ respirei fundo.

__ Vou tentar não estourar com ele. Mas não garanto nada. __ falei sincera.

A raiva do primeiro momento já tinha passado, já estava mais calma do que quando vi meu filho com a boca inchada e cheia de pontos.

__ Quer que eu vá junto? __ meu pai perguntou e eu neguei.

__ Com Iury eu me resolvo. __ falei tranquila saindo da casa da minha mãe e indo procurar pelo meu ex que não atendia o telefone.

Andei por várias ruas daquele morro e ninguém viu ou sabia do Iury, tava quase desistindo quando o mesmo parou do meu lado de moto.

__ Até que fim, te procurei por todos os lados, parece até que anda se escondendo. __ cruzei os braços e esperei ele descer da moto.

__ Tava fazendo uns corres aí, __ coçou a cabeça e encostou na mureta que tinha ali, ainda bem que o sol já tinha sumido a essa hora __ fala aí, como tá o Iago? __ cruzou os braços.

__ Do mesmo jeito que tu deixou, Iury. Todo arrebentado. __ falei __ O que vocês fizeram com meu filho enquanto tava na tua casa? __ acusei.

__ Tu não tá pensando que eu fiz alguma coisa com o moleque não né, Giovana? __ disso ofendido __ Ele também é meu filho.

__ Eu tô pensando varias coisas, Iury. Tu deixou meu filho lá no portão sem me dar uma explicação, o garoto tava morrendo de dor, não consegue nem falar direito e tu simplesmente sumiu do mapa. Nem a porra do celular atendeu __ aumentei o tom de voz.

__ Tu tá doida, Giovana. Fala baixo. __ Olhou pros lados __ Ele é meu filho, eu nunca ia levantar a mão pra machucar ele. Tu me conhece, porra.

__ Conhecia, Iury. Hoje eu tenho dúvidas sobre o que você se tornou. __ Ele me segurou pelos braços e me encostou na mureta apontando o dedo na minha cara.

__ Eu posso ter vacilado contigo, Giovana. Mas com meu filho não. __ Baixou o dedo e coçou a cabeça, nervoso __ Eu sempre fiz e faço tudo por ele. __ falou magoado __ Eu dei um vacilo e o Iago caiu de cima da cadeira. Eu já me culpei o suficiente em ver meu filho sangrando e levando aqueles pontos. Agora tu me acusar de algo que eu não fiz é demais. Tu sabe a minha índole, porra. Quando foi que tu viu eu fazendo alguma maldade com ele? __ Neguei com a cabeça sem desviar o olhar.

__ Nunca __ disse sincera __ Se tu não quer que eu pense besteira não faz mais isso. __ abaixei a guarda lembrando do antigo Iury, aquele que eu sabia que conhecia.

__ Eu fiquei com medo da tua reação. Mas ela foi bem pior do que eu imaginei __ sorriu sem humor e baixou o olhar __ Não queria assumir pra ti que eu falhei com meu filho também. Sinto muito. __ falou e saiu, subindo na moto e indo embora.

[...]

Sofro vendo Iago pular da cadeira e gritar com o gol do time adversário fazendo igual metade dos torcedores que estão assistindo Fla×Flu.

__ Ah não, ele é a coisa mais linda do mundo. Tô apaixonada nele, Giovana. __ Clara fala pegando meu filho pra si e enchendo ele de beijos. Iago rir todo manhoso.

__ Só ta torcendo pro time errado, amigão. __ Michael disse e Iago olhou pra ele.

__ Aqui é Mengão, doido __ geral riu. Iago vestia a camisa do Fluminense que é meu time do coração. Mas não tinha como discutir que ele é flamenguista igualzinho o pai dele.

__ gatinho esperto __ Clara riu abraçando ele que estava sentado no colo dela.

Primeira vez que trouxe meu filho para conhecer o pessoal da faculdade e ele já ganhou o coração de todos. Pra frente que só esse menino.

A boca dele já estava desinchada da queda que levou na casa do pai dele, mas ainda faltava uns pontos pra cair.

Era domingo e o pessoal se reuniu para um churrasco de confraternização de fim de semestre, os meninos aproveitaram pra assistir o jogo no telão que montaram ali.

Michael trouxe um prato de carne pra nossa mesa e atacamos, a geleira estava cheia de Heineken no gelo, mas eu estava evitando beber por causa do Iago.

De fundo tocava pagode, e eu viajava entre ouvir as músicas e acompanhar o futebol.

Iago sendo a criança mais nova ali, passou de mesa em mesa se dando bem com todo mundo.

No fim do dia, chamei um uber e fui ao mercado antes de voltar pra casa.

Meu celular não parava de tocar.

Quando paguei minhas compras, chamei outro uber e fui pro estacionamento do mercado esperar o carro. Iago já tava agoniado querendo dormir. Brincou muito o dia todo, tava cansadão.

__ Gosta muito de andar de uber por ai né? __  levei um susto com a voz do Eduardo que parou do meu lado.

Ele estava lindo, e pela primeira vez vi ele com o uniforme da polícia. Uma perdição vestido assim. Ele é a perfeição em pessoa com essa roupa. Chorei.

__ Aí Eduardo, que susto. __ Falei apertando as sacolas firmes na mão.

__ Te liguei e não me atendeu mais. Tô achando que tá me evitando. __ falou se abaixando pra falar com Iago. __ Tudo bem, garotão? Todo mundo lá em casa estava falando de você. Fez o maior sucesso com minha família sabia? __ Iago balançou a cabeça que sim e não deu muito assunto.

__  Ele tá cansado, acho que não foi uma boa idéia trazer ele no mercado depois do dia que tivemos. __ Falei procurando meu uber.

Desde o dia da festa da irmã dele estou evitando suas ligações.

__ Cancela aí, te levo em casa. __ Neguei imediatamente.

__ Sem chances. __ respondi olhando as placas dos carros que vinham chegando.

__ Eu te levo, qual é o problema? __ pegou minhas sacolas de compras.

__ O problema __ Respirei forte __ é que eu moro em uma favela, Eduardo. E eu sei bem o que fazem com policiais que aparecem por lá.

Falei sincera e ele me olhou assustado.

[...]

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