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Sem revisão.

Tinha sido o pior erro da minha vida entrar na frente de uma arma.

Mas foi puro impulso. Não era como se eu me sentisse uma super heroína e quisesse defender uma vítima indefesa. Era só uma mãe que pensava mais num filho do que em qualquer outra coisa.

__ o que você fez? __ vi dor passar pelos olhos dele antes de sentir a minha dor sucumbir meu corpo.

[...]

Ouvia vozes, pessoas que tentavam falar comigo mas eu não conseguia responder.

Tentava me mexer e não sabia se estava conseguindo, era como se eu tivesse numa outra dimensão, sabia que tinha gente ao meu redor, mas não sabia quem eram.

De repente eu apagava, depois  acordava e ouvia vozes de novo e apagava outra vez.

O que tinha acontecido?

Ainda estava meio sonolenta e grogue quando ouvi o aparelhinho chato com um bip contínuo no meu ouvido.

Abri os olhos e me deparei com o teto branco, mexi a cabeça lentamente para o lado e vi uma pessoa deitada, não a reconheci, virei a cabeça da mesma forma pro lado oposto e tinha outra pessoa que também não sabia quem era, e os bips não paravam.

Boca seca, não conseguia mexer meu corpo, mais aos poucos tentava mover minha perna.

__ Acordou, bela adormecida __ uma voz falou brincalhona.

Olhei para o homem que colocou o rosto na minha frente, touca na cabeça e uma roupa verde.

Estava num hospital?

__ Está se sentindo bem? __ Ele olhava meu monitor e anotava alguma coisa.

__ Sim? __ Foi o som mais baixo que já havia saído da minha boca.

__ Vamos te mandar pro quarto, você passou por uma cirurgia para retirada de uma bala que estava alojada no seu quadril, foi por pouco viu? __ Explicou e eu voltei ao momento que tentei de alguma forma impedir que acontecesse uma tragédia.

__ Que dia é hoje? __ perguntei e o enfermeiro ou médico me olhou desviando sua atenção do meu monitor.

__ Não faz mais de 6 horas que a senhorita deu entrada na sala de emergência viu? Te atenderam rápido. Estávamos esperando o efeito da anestesia passar pra te mandar para um leito. Tá amanhecendo ainda. __ concordei com a cabeça, me sentindo fraca pra tentar falar alguma coisa.

Logo mais dois homens entraram na sala, o aparelho preso no meu braço foi solto e o bip do meu monitor parou de apitar.

Os dois homens saíram empurrando a maca que eu estava até outro lugar e me substituíram da maca dura para uma mais confortável.

__ Filha? __ uma voz conhecida.

__ Oi mãe __ meus olhos encheram de lágrimas.

__ Que susto me deu, Giovana. Que bom que você está bem, minha filha.

__ Cadê o Iago? __ Foi só dele que lembrei agora.

__ Tá com Iury. Eu vim correndo assim que o Iury bateu lá em casa. Mas ele não podia ficar né? __ deu de ombros.

Fiquei internada por cinco longos dias, meus braços estavam todos roxo de tanto que furaram pra colocar acesso, tomei antibiótico por cima de antibiótico, quase não sentia dor, os médicos me exigiram repouso absoluto, eu só levantava pra ir no banheiro e caminhar por alguns minutos.

Esses dias evitei a todo custo falar sobre o que aconteceu aquele dia.

Na hora de ir para casa, estava esperando minha mãe vir me buscar, ou até mesmo meu pai. Mas quando olhei pra porta da enfermaria quem estava lá era o Eduardo.

__ Oi __ eu não sei o que senti, mas meu coração não deu aqueles saltos de sempre. __ posso falar com você?

__ Eu já estou de alta, Eduardo. Vou já pra casa. Tô cansada. __ Ele baixou a cabeça.

__ Eu sei, __ levantou o olhar __ Você tá bem? Tá sentindo alguma coisa?

__ Tô bem, mas __ respirei fundo __ eu estou aqui há 5 dias, você poderia ter vindo saber disso antes. __ era isso, eu estava magoada o suficiente pra não querer a presença dele agora.

No fim das contas, ele era o culpado por eu estar aqui né?

__ Eu precisei resolver umas coisas antes, Giovana. Mas se eu pudesse, estaria aqui com você o tempo todo. __ neguei com a cabeça.

Graças a Deus, a enfermaria estava vazia, eu fui a última a ter alta essa semana.

__ Resolvendo umas coisas? Eu tô aqui por sua culpa, e você deu preferência pra outras coisas ao invés de estar comigo? __ Falei alto __ Eu levei um tiro, passei por cirurgia e tô sem ver meu filho a dias, Edu. E Você não ligou e nem mandou uma mensagem pra perguntar por mim. __  Falei magoada e triste com a atitude dele. __ Mas também o que eu esperava né? Você só tem alguma atitude quando tá com uma arma na mão. Você só consegue resolver seus problemas armado, ameaçando as pessoas. __ acusei e vi seus olhos brilhando.

__ Eu fiquei detido todos esses dias. __ Se defendeu __ E foi você que entrou na frente de uma arma pra defender um cara que eu nem sabia que era teu ex. __ O que ele queria dizer?

__ Eu não queria defender ninguém, eu só não queria que você fizesse uma besteira. E olha onde eu tô? __ Ele riu sem humor nenhum, seus olhos cheios de lágrimas acumuladas.

__ Não foi eu quem atirou em você. __ garantiu __ Mas isso não tem importância nenhuma agora. Eu só queria saber se você estava bem e vim assim que fui liberado pelos meus superiores. __ respirou fundo. __ Eu não sei o que deu em você naquele dia, mas deu pra perceber o quanto aquele cara era importante pra você. __ tentei negar mas ele foi mais rápido. __ Eu só quero que você seja feliz, Giovana. Independente de qualquer coisa, eu quero que você fique bem. E que me perdoe por não ter sido o suficiente pra ti.

E assim ele saiu.

Fiquei sem entender, mas aquilo tinha sido um fim?

[...]

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