RECOMEÇAR

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Sem revisão.

Giovana.

__ Mãe __ Falei nervosa __ Eu pedi pra você não deixar ele levar, poxa.

Sentei no sofá da casa da minha mãe com ela me olhando sem graça. Meu pai chegou resmungando algumas coisas e como eu não dei moral ele foi pro canto dele de novo.

__ Aí que raiva, agora ele não atende. __ Bufei soltando o celular do lado.

__ Sinceramente, Giovana. Não tenho como segurar ele aqui não. Ainda mais quando o pai aparece aí querendo levar. Iago fica doido. __ se explicou.

Passei a mão no rosto e depois cocei a cabeça.

__ Eu avisei que vinha buscar ele cedo hoje, planejei várias coisas pra fazer com Iago. A senhora devia ter mandando uma mensagem na hora que Iury aparecesse aqui. Eu já conversei com ele, minha palavra é uma só. Eu disse não. Não é pra sair com Iago daqui na hora que bem entender.__  falei levantando e andando pela sala.

__ Tem que esclarecer isso aí com ele, filha. Ele é pai. Eu não passo por cima dele não. E outra, é só Iago ver ele que já quer ir embora. Ele sente falta do pai também. Ainda mais agora que tu ta longe sempre. __ As palavras da minha mãe saem sem nenhum julgamento, mas me atingem em cheio como golpes certeiros na cara.

__ Eu tô buscando o melhor pra mim, mãe. Não queria ta longe do meu filho não. Eu só não podia viver mais as custas do Iury. Se eu pudesse ficar o dia todo com meu filho eu passava, eu passei 4 anos cuidando dele sem folga enquanto Iury tava fora e nunca reclamei. Mas poxa, as coisas são diferentes agora. __ Suspirei voltando a me sentar.

__  Eu sei minha filha, não tô julgando. Eu entendo. Me desculpa. Eu deveria levar em consideração o que você falou sobre não deixar o Iago ir. Sinto muito. __ sentou ao meu lado me abraçando. Fiquei o resto da manhã com ela, sendo paparicada. De tarde fui até a boca atrás do Iury, não encontrava ele em lugar algum.

Fui bater na boca que ele trabalhava. Além de escutar um monte de piadinha escrota de macho, dei de cara com Dentinho.

__ E ai, Loirinha. __ passou os braços pelos meus ombros como se tivéssemos a maior intimidade __ Faz tempão que não te vejo, ta maior gostosa em. __ revirei os olhos me afastando.

__ Sabe do teu amigo? Tô atrás dele e não acho __ falei sem emoção nenhuma. Dentinho era o maior babaca.

__ Tá querendo remember é? __ riu como se tivesse contado a piada do ano.

__ Ele pegou o Iago lá em casa sem permissão. Agora não atende nem o telefone. __ falei séria e preocupada com meu filho. Tava angustiada não sabia onde ele tinha se enfiado com meu pequeno e ficava pior só de não saber o paradeiro dos dois.

__ Ahh __ falou como se tivesse lembrado de algo. __ Ele foi pra um sítio aí, pensei que era contigo, vi ele andando com o menor aí __ coçou a cabeça. __ vacilo. Tu nem sabia então?

Neguei sentindo uma ardência.

__ Onde é esse sítio? O que ele foi fazer lá? __ perguntei com a voz carregada.

__ Ele só pediu uma folga dizendo que ia pro tal sítio, como tava com menor achei que tu ia, mas deve ser que é a novinha. Pensei que cês iam voltar até. __ Novinha? Que novinha? Do que esse lesado ta falando?

__ Só quero saber do meu filho, Iury tá aproveitando que eu tô trabalhando pra fazer tudo que eu disse que não queria que fizesse. __ falei pensativa.

__ Oh te entendo. __ Dentinho falou numa postura mais seria.

__ Tu também tem filhos, tô ligada que mandou todos pra longe daqui porque não queria que os meninos ficassem vendo tu nessa vida né? __ Ele balançou a cabeça.

__ Isso aqui nem é vida, Giovana. __ falou.

__ Iury não ta pensando do mesmo jeito que tu. Ele tem aproveitado minha ausência pra trazer o Iago pra se misturar com isso tudo. Esses dias fiquei sabendo que até na boca trouxe meu filho. Falei com ele, Mas entrou num ouvido e saiu no outro. __ Dentinho só concordou e depois disse que ia dar um papo no amigo pra ver com era o proceder. Voltei pra casa desolada. Não sabia o que fazer então só chorei até dormir.

O pior sentimento pra uma mãe é não saber onde e como está seu filho.

[...]

Domingo acabei cedendo aos pedidos do Eduardo e fui até o apartamento dele. Conversamos sobre nossos dias e sobre meu problema com Iury. Logo notei sua cara de preocupado mesmo ele tentando não demostrar.

__ Aconteceu alguma coisa? __ perguntei sem conseguir segurar a língua.

__ Sim. Problemas lá na mãe.

__ Sério? __ Ele concordou e falou sobre a Eduarda, irmã mais nova, ter supostamente fugido de casa.

__  A mãe acordou de madrugada e ela já não tava mais lá. Por mim eu acionava a guarnição mas a mãe disse que ela só levou umas duas mudas de roupa e biquíni. Ela acha que a Duda volta. __ deu de ombros.

__ Dizem que é coisa de adolescente, né? Eu nunca fugi de casa. Mas vacilei com Iury e fiquei grávida aos dezessete e meus pais faltaram declarar a terceira guerra mundial. __ Disse lembrando.

__ Também nunca fiz nada que desse dor de cabeça para meus pais. Mas a Duda apronta com a mamãe desde os 12. Mata aula, grita com a mãe, sai sem avisar, volta de madrugada, com 13 levou namoradinho pra dentro de casa quando não tinha ninguém. A mãe falta pirar procurando por ela.

__ Nossa, eu não imaginava que ela fizesse essas coisas, aquele dia ela me pareceu ser um doce.

__ Ela é, quando ela não ta fazendo as merdas dela. __ virou olhando pra mim. __ Eu tento ajudar, mas não sei o que fazer. E minha mãe prefere carregar sozinha esse problema do que buscar ajuda.

Seu semblante estava tão cansado só de falar nesse assunto. Dava pra ver que aquilo o angustiava muito.

[...]