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Sem revisão

Ele ficou num silêncio que me assustou enquanto meu coração estava pra sair pela boca. Minhas mãos suavam e meus pés não paravam firmes no chão.

__ Ela tem 15 anos, Giovana. __ Falou como se eu não soubesse.

__ Eu sei. __ minha voz saiu mais baixa que o normal.

__ É aquele cara que tava lá com ela? Ele é o pai? __ apenas concordei com a cabeça. Ele precisava digerir uma coisa de cada vez, eu não pretendia contar que aquele cara era o meu ex marido. __ O que ela disse, além disso? __ perguntou e eu tentei lembrar da conversa com a Duda.

__ Ela tá meio perdida, não sabe como vai ser, o que fazer. Eu sei o que ela tá sentindo porque eu passei pelo mesmo. __ Me aproximei. __ Eu pedi pra ela conversar com ele sobre o que fazer, e os dois ficaram de conversar com a sua mãe hoje ainda.

Mais silêncio. Ele balançou a cabeça de novo e baixou colocando a mão no rosto.

__ Puta que pariu! __ levantou rapidamente. __ ela só tem 15 anos como deu esse vacilo, merda.

__ Eduardo, aconteceu. Agora ela vai precisar de você.

__ Precisar de mim? __ riu sem humor __ Ela vai precisar do pai do filho dela, de mim, não. Eu tentei conversar, tentei ser o irmão mais velho, mas a Eduarda sempre se achou a independente. Todo mundo tentou proteger ela de tudo e deu nisso agora.

Falou com raiva, mas eu sabia que ele só estava chateado. Acho que ninguém espera que um parente engravide nessa idade.

__ Onde você vai? __ perguntei quando ele saiu pegando a camisa e as chaves do carro que estavam pela casa.

__ Vou na minha mãe. __ lembrei do Iury.

__ É melhor não. __ Eu tinha que fazer ele desistir de ir até lá. __ É melhor você se acalmar.__ Entrei em sua frente.

__ Eu só preciso falar com ela. __ seus olhos estavam brilhando, lágrimas, ele queria chorar. __ O que vai ser dela agora?

__ Não tem mais nada que vocês possam fazer, Eduardo. Agora é mostrar os caminhos e ela trilha o que achar melhor. Ela vai precisar amadurecer. __ Espalmei as mãos nos seus peitos o empurrando pra que ele voltasse pro sofá. __ Foi ela quem buscou isso, é ela quem tem que segurar essa, você e sua mãe serão apenas um auxílio.

Ele sentou jogando a cabeça no sofá e deixando lágrimas grossas caírem pelo seu rosto.

__ 15 anos, ela não sabe fazer nada sozinha e já arrumou um filho? Porra, cara. Ela é uma menina ainda. __ deixei ele chorar e fiquei ao seu lado tentando o aconselhar da melhor maneira. Era complicado esse momento e cada um reagia de uma maneira diferente nessa situação.

[...]

Acordei sentindo o peso do mundo em cima de mim, minhas costas doíam, meu corpo doía, minha mente doía. Sem exageros.

Acabei apagando durante a conversa com Eduardo sobre a gravidez da Eduarda, mas não estava tão tarde, ainda era por volta das 10 e 30 da noite, assim mostrava o relógio de parede da sala dele.

__ Eduardo __ chamei levantando da cama dele, provavelmente ele tinha me colocado lá depois de ter dormido.

__ Edu __ chamei na cozinha, mas assim como no banheiro e no resto da casa, o cômodo estava vazio. Peguei o celular e disquei o número dele. O celular tocou mas estava dentro de casa.

Um calafrio tomou meu corpo.

__ Iury __ Onde você está? Perguntei mentalmente quando o celular desse foi direto pra caixa postal.

Eu só conseguia imaginar um lugar aonde Eduardo possa ter ido. E eu mal sabia o endereço correto.

Chamei um uber e coloquei o endereço aproximado que eu tinha em mente. Só fui na mãe do Eduardo uma vez e era noite. Tinha pouca noção de onde ficava.

Quase 10 minutos depois desci no endereço e tive que caminhar por um bom tempo, buscando na memória qual era a casa correta.

Eram aquelas casas que pareciam ser todas iguais, tirando um detalhe ou outro. Depois de quase 10 minutos andando, estava quase desistindo, quando um barulho chamou minha atenção, parecia aqueles barulhos de bombinha estourando, seguido de gritos apavorados. Segui os gritos e não demorei a encontrar de onde vinham.

Era lá. A Mãe do Edu chorava com a Duda em seus braços.

O Iury apontava uma arma na direção do Edu e esse apontava outra arma na direção do Iury.

Eles estavam loucos. Só podia ser isso.

__ Eduardo __  chamei sua atenção, __ O que diabos estão fazendo!? __ exclamei assustada.

Todos me olharam, mas logo a atenção dos dois armados voltaram um pro outro.

__ Abaixem essas armas pelo amor de Deus. __  pedi, mas eu sabia pelo olhar de ódio dos dois, que seria um pedido em vão.

__  Iury __ chamei por aquele que eu conhecia melhor e a mais tempo. __ abaixa isso, por favor __ Eu nem percebi, mas igual mãe e filha, eu também estava chorando de pavor.

__ Sem chance, Giovana. Esse verme atirou na minha perna, porra. __ foi só aí que eu notei a perna do Iury sangrando.

__ Meu deus! __ coloquei a mão na boca. __ Você tá maluco? __ gritei com Eduardo, me aproximando dele. __ Você vai matar ele agora? Vai resolver alguma coisa fazer isso? Pensa Eduardo, a merda tá feita. Olha como tá tua mãe e tua irmã...__ fiquei ao seu lado, seu olhar não vacilava nem um segundo.

Eu só sabia que se o Eduardo baixasse a guarda, o Iury não atiraria, mas se fosse o contrário, ia acontecer um homicídio na nossa frente.

__ Amor, por favor, baixa isso..__ pedi tocando seu braço, quando não tive nenhuma reação dele.

__ Esse bosta não vai tocar na minha irmã nunca mais, Giovana. __ Falou antes de firma a arma ainda mais na sua mão.

__ Você não pode fazer isso, ele é o pai do meu filho, Eduardo, Iury é o pai do Iago.. __ Falei num ato de desespero quando vi seu dedo apertar o gatilho. Ouvi um barulho alto ser disparado e uma ardência no corpo que não soube identificar de onde vinha.

[...]

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