Cap. 05

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— A gente tem que ir, agora!

Me levanto de imediato e vou atrás das minhas chaves e carteira.

— O que aconteceu?

— As meninas precisam da gente, Clara foi agredida por homofóbicos e Maia está desesperada. Já faz um tempo das mensagens, estou com medo do que pode ter acontecido com elas. O celular tava no silencioso.

Vi Fernanda pegar o celular no bolso e permanecer uns segundos olhando para o mesmo.

— Que droga! Tinha descarregado.

Minha namorada, agora noiva, não hesitou em me acompanhar e ajudar. Depois de encontrar o que estava procurando, Fernanda foi trancando a casa e em um pulo estávamos dentro do carro. Minhas mãos suavam e tremiam na mesma intensidade. Eu não conseguia esconder o quanto eu estava preocupado com toda essa situação.

— É culpa minha, Nanda. É culpa minha!

— Não, amor, não é.

— Se eu não tivesse deixado o celular no silencioso provavelmente essa hora eu já teria as levado para casa e estaríamos cuidando da Clara. Faz um tempo desde a primeira mensagem de socorro da Maia.

Mesmo sabendo que nada iria me confortar tão cedo, ela apenas deslizou suas mãos no meu braço, até chegar na minha mão, assim ela entrelaçou as duas como demonstração de afeto e segurança. Aquilo de alguma maneira me deixou mais calmo, a tremedeira já tinha passado um pouco.

— Essa é a rua, né? — Questiono antes de entrar em uma esquina, já que eu havia falado para ela o endereço.

— Sim, e os números estão aumentando, então deve ser lá para o final da rua.

A rua estava lotada, a maioria do pessoal era da tal festa. Era impossível notar a presença de algum rosto conhecido em meio a tantos.

Tentei ligar para ela mas não deu em nada. Avistei, lá no final da rua, duas garotas juntas, no chão.

— Fernanda, acho que são elas, vamos lá!

Começamos a correr na direção delas e felizmente eram as nossas meninas, se não eu nem sei onde enfiaria a minha cara. Maia parecia finalmente aliviada. Em seu colo, o corpo todo espremido. Apoiei minha mão no rosto de Clara, afastando seus cabelos do mesmo, ela estava desacordada, mas ao checar sua pulsação eu sabia que ela estava respirando.

— O que vamos falar para os nossos tios? — Maia parecia apavorada, e era de se estar mesmo, a Clara parecia que estava morta, os machucados foram feios e a maioria se tornou feridas abertas. Tinha sangue escorrendo por suas narinas, boca...

— Eu não sei, mas por ora é melhor nos preocuparmos com o estado dela.

Tentei analisar algum osso quebrado perante ao que vi nesses anos todos de bombeiro, mas é óbvio que ao meu ver eu não consegui encontrar nenhum. Poderia ter sido algo mais interno, e para isso só um médico para examinar e dar um melhor diagnóstico.

— Me ajudem aqui, a porta do carro — peço enquanto carrego minha prima nos braços. Sei que não é o jeito certo de transportar alguém nesse estado, no entanto, se não levarmos ela para um hospital agora não vamos conseguir ajuda tão cedo.

Fernanda foi ágil, abriu a porta traseira direita e então eu deitei a garota de dezessete anos, desmaiada, nos bancos. Maia parecia discar o número de alguém, mas com a pressa todo mundo já entrou no carro e eu percorri o caminho do hospital mais próximo.

Luciana, né? Então, Lu, meu irmão chegou e estamos indo para o hospital mais próximo. Onde você está? Ok, estaremos na sala de espera.

Para Sempre Desde SempreOnde histórias criam vida. Descubra agora